Tetsu no Chikara: Saigo no Kibō

Chapter 98: Capítulo 98: Uma pessoa do passado retornou!



— Eu nunca vi um humano usar um membro da minha raça dessa maneira... — disse ele, observando os tentáculos do traje de Kay com curiosidade. — Que tecnologia é essa?

— Uma que os humanos desenvolveram para matar ghouls. — respondeu Kay, com frieza.

— Impressionante... — riu o monarca, o som reverberando pelo campo. — Se aqueles outros humanos tivessem isso, teria sido muito mais divertido matá-los!

Kay desapareceu novamente, movendo-se rápido demais para ser visto. Quando reapareceu, sua espada estava prestes a atingir o monarca, mas foi bloqueada por um dos tentáculos endurecidos do inimigo.

— Maldito! Que corpo bizarro é esse? — gritou Kay, frustrado.

— Minha habilidade: Corpo Endurecido. — respondeu o monarca, com um sorriso perverso.

— Habilidade? — exclamou Kay, surpreso.

— Ghouls poderosos como nós possuem habilidades especiais. — explicou o monarca. — Você não viu um dos meus generais usando a dele?

Kay recuou, analisando a situação.

— Aquele cara? — perguntou ele, com desdém. — Foi mal, mas ele morreu tão rápido que nem percebi!

— Não se preocupe... — disse o monarca, com um brilho ameaçador nos olhos. — Eu vou te mostrar agora!

Os tentáculos do monarca avançaram em uma velocidade surreal, desferindo ataques incessantes.

— Habilidade Compartilhada: Soco Metralhadora! — rugiu o monarca, enquanto os tentáculos disparavam golpes tão rápidos que pareciam formar uma tempestade ao redor de Kay.

Kay desviava com dificuldade, seus movimentos mais lentos do que de costume devido à intensidade do ataque. Os soldados observavam de longe, inquietos e preocupados.

Nos céus, helicópteros se aproximavam da muralha, trazendo reforços.

— O que estão fazendo parados aí? — gritou Lena, inclinando-se para fora de um dos helicópteros.

Slayer, ao lado dela, apontou para o campo de batalha.

— É a mesma coisa de sempre com o capitão. Se formos lá, só vamos atrapalhar!

Os soldados hesitaram, mas continuaram observando, incapazes de intervir.

De volta à batalha, Kay tentou cortar os tentáculos do monarca, mas seus golpes não surtiram efeito.

— Isso não vai funcionar... — rosnou ele, irritado.

Com um movimento rápido, Kay manifestou novamente os tentáculos de seu traje. Eles se moveram como serpentes e, em um movimento preciso, prenderam os tentáculos do monarca, imobilizando-o momentaneamente.

— O que é isso, humano? Acha que pode me segurar? — provocou o monarca, tentando puxar os tentáculos de volta, mas sem sucesso.

Kay abriu um sorriso desafiador.

— Não só segurar... posso muito mais do que isso!

Os tentáculos de Kay se moveram em um impulso brutal, erguendo o corpo gigantesco do monarca do chão com facilidade surpreendente.

— Vamos ver o quão resistente você é! — gritou Kay, girando o monarca no ar como se ele fosse um brinquedo.

Em seguida, Kay balançou o monarca com toda sua força, esmagando-o contra o chão de um lado, e imediatamente puxando-o para o outro, repetidamente. O impacto ressoava como trovões, rachando o solo e levantando poeira por toda parte.

— Não está gostando, seu verme? — rugiu Kay, enquanto continuava o ataque brutal, cada golpe arrancando grunhidos de dor do monarca.

O silêncio durou apenas um instante. De repente, o monarca soltou uma risada gutural e sombria, sua voz ecoando pelo campo de batalha.

— Impressionante... — disse ele, mesmo ensanguentado e visivelmente ferido. — Mas você vai precisar de muito mais do que isso para me derrotar, humano!

O monarca começou a se regenerar, seus ferimentos fechando rapidamente. Kay recuou, largando o corpo dele no chão com força.

— Então vamos continuar... — disse Kay, com um sorriso desafiador, levantando sua espada. — Eu ainda tenho muita energia para acabar com você!

— Vou te levar a sério se for capaz de aguentar! — provocou o monarca, com um sorriso maligno.

— Pode vir! — respondeu Kay, com firmeza, apontando sua espada.

O monarca ergueu a mão, e no instante seguinte disse com voz grave:

— Convergir.

Uma pressão avassaladora tomou conta do ar ao redor, distorcendo o ambiente. Então, ele empurrou a mão para frente e gritou:

— Liberar!

Uma massiva onda de energia comprimida avançou como um furacão na direção de Kay.

— Parece meu ataque... — disse Kay, apertando o punho na empunhadura da espada. Ele saltou para o alto e, com um grito feroz, desferiu um golpe vertical em queda.

A colisão foi devastadora. O impacto criou uma enorme explosão, levantando poeira e espalhando ventos violentos em todas as direções. As muralhas tremeram como se o mundo estivesse desmoronando, e os soldados, mesmo assustados, mantiveram os olhos fixos no campo de batalha.

Quando a poeira começou a baixar, uma voz ecoou no silêncio:

— Parabéns, humano. Seu ataque conseguiu me ferir! — disse o monarca, com sangue escorrendo por seus ferimentos.

— Maldito ghoul... — respondeu Kay, cuspindo uma grande quantidade de sangue enquanto se esforçava para se levantar.

A poeira se dissipou, revelando uma cena de puro horror. Kay estava dividido ao meio. Sua metade inferior permanecia de pé, enquanto a superior jazia caída no chão.

Os soldados ficaram paralisados pelo terror. O monarca, coberto de sangue, já começava a se regenerar, seus ferimentos fechando diante dos olhos incrédulos de todos.

— Não consegui te levar a sério, humano, mas você me divertiu. Orgulhe-se! Como sua própria raça diz: "Você foi o melhor dos amadores, mas nunca seria dos profissionais!" — zombou o monarca.

— Cala a boca um pouco... — respondeu Kay, com dificuldade, um sorriso fraco surgindo em seu rosto. — Fui pego de surpresa nesse ataque... mas tenho certeza... os humanos... serão capazes de te matar.

— Se o mais forte deste reino não conseguiu, por que eu deveria acreditar nisso? — questionou o monarca, com um tom debochado.

— Você verá... — disse Kay, sua voz ficando mais fraca. Ele se virou, encarando os soldados à distância. — Desculpem, pessoal... mas eu perdi...

— Lena! — gritou Mira, sua voz desesperada.

— Certo! — respondeu Lena, recompondo-se.

Mira e Rem seguraram em Lena, que manifestou suas asas e voou em direção ao monarca.

— Humanos são irracionais quando estão com raiva! — comentou o monarca, observando-as avançarem.

— Ainda não estão prontos... mas você verá... como já são fortes... — disse Kay, sorrindo uma última vez antes de seu corpo perder a vida.

Lena voou com força e soltou Mira e Rem no ar. As duas caíram em alta velocidade, tentando cortar o monarca, que apenas recuou levemente para desviar de seus golpes.

Enquanto isso, Mira correu até Kay.

— Mãe! O que eu faço? Ele não está respirando! — gritou Mira, com os olhos marejados de lágrimas.

— Não perca a concentração! Foque no inimigo à nossa frente! — respondeu Rem, tentando manter a firmeza.

— Não morra... Você disse que ia voltar! Por favor, Kay! É uma ordem! Não morra! — gritou Mira, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.

O monarca observou a cena com interesse e sorriu cruelmente.

— Interessante... Você tem o cheiro dele, garota. Já entendi... Quero ver esse futuro que ele mencionou. Por hora, irei me retirar. Mas saibam disso: daqui a dois meses, se este reino não apresentar dez mulheres grávidas fora vocês duas, eu matarei vinte pessoas. E farei o mesmo no mês seguinte... e no próximo... Aumentem a população do seu reino ou morram tentando nos vencer! — proclamou o monarca, suas asas monstruosas se manifestando com um brilho sinistro.

— Desgraçado! — gritou Rem, cheia de ódio.

Com um único bater de asas, o monarca desapareceu no horizonte, tão rápido que ninguém conseguiu reagir.

— Ele é rápido... — murmurou Rem, cerrando os punhos.

Rem, tentando controlar suas próprias emoções, se aproximou lentamente. Ela se agachou ao lado de Mira, observando a garota que lutava em vão para fazer Kay reagir.

— Não... Ele vai voltar, mãe... Ele disse que ia voltar! — soluçou Mira, balançando o corpo de Kay como se isso pudesse acordá-lo.

— Filha... — disse Rem, com a voz firme, mas carregada de dor.

Mira ignorava, continuava a chamá-lo, suas mãos tremendo enquanto segurava o rosto inerte de Kay.

— Não é justo! Ele prometeu! Kay... por favor... só mais uma vez... me diga que está tudo bem... — sussurrou Mira, sua voz enfraquecendo à medida que o choro tomava conta dela.

Rem não conseguiu mais se segurar. Ela puxou Mira para seus braços, abraçando-a com força.

— Eu sinto muito, minha filha... Eu sinto muito... — disse Rem, sua voz finalmente se quebrando enquanto apertava Mira contra o peito.

Soldados ao longe observavam a cena em silêncio, seus corações pesados pela perda e o medo de um futuro incerto. Mesmo aqueles que tentavam manter a postura firme não conseguiram evitar que os olhos se enchessem de lágrimas.

Naquele momento, não era apenas um soldado que havia partido. Era um líder, um amigo... e para algumas garotas, o homem que havia prometido voltar para elas.

O sol da manhã iluminava o cemitério silencioso, onde o vento frio parecia carregar a tristeza do momento. O enterro de Alpha Zero estava sendo realizado, cercado por fileiras de túmulos de soldados que deram suas vidas pelo reino no passado. Ao lado do túmulo de Kay, por ordem de Mira, agora a nova capitã, foi erguido um memorial para Takemichi, mesmo que seu corpo não estivesse presente.

Os soldados mais próximos de Kay e Takemichi estavam reunidos, todos em uniforme formal, em um silêncio reverente. Entre eles, a presença da família real chamava a atenção. A rainha e Emilia estavam ali, prestando suas homenagens. Emilia, de olhos vermelhos e rosto marcado pelas lágrimas, mal conseguia conter a dor ao encarar o caixão onde o corpo inerte de Kay repousava.

De longe, Julius observava a cerimônia, aparentemente indiferente.

— Que perda de tempo ter vindo aqui. Vamos voltar para casa. — disse ele, com frieza, dirigindo-se ao piloto de seu veículo.

— Tem certeza, capitão? — perguntou o piloto, hesitante, percebendo o tom cortante em sua voz.

Antes que Julius pudesse responder, uma voz grave o interrompeu.

— Já vai embora? — exclamou o ex-capitão da sexta divisão, aproximando-se com passos firmes.

Julius lançou um olhar de desprezo para o homem.

— Nem notei que se aproximava. Quem é esse? — pensou o piloto, intrigado pela presença do veterano.

— Eu vim para colocar aquele soldado em seu lugar, mas o ghoul já fez isso. Não vamos nos envolver. E mais, não daremos abrigo às pessoas de outro reino. Passe o recado. — disse Julius com desdém, virando-se para ir embora.

O ex-capitão não conteve sua indignação.

— Está pensando no seu povo ou em você mesmo? — exclamou, sua voz carregada de reprovação.

Julius não respondeu, apenas continuou caminhando com passos firmes, seguido pelo piloto.

O ex-capitão observou enquanto ele se afastava, um misto de raiva e desapontamento em seu semblante.

— Já prevejo o caos que aquelas palavras do ghoul vão causar entre os humanos. Ele percebeu isso e quer evitar problemas, ou é só fruto do desinteresse dele? — pensou o veterano em voz baixa, antes de se voltar para o cemitério.

Rem, que havia escutado a troca, cruzou os braços, seu olhar endurecido.

— É por isso que só admiramos Julius pelo poder que tem. Como humano, ele não presta. — disse ela, com amargura.

— Ele nunca mudou. É o mesmo desde que entrou no exército. — respondeu o ex-capitão, balançando a cabeça.

Rem suspirou, seus olhos recaindo sobre Mira, que estava imóvel diante do exército reunido.

— Tempos difíceis estão chegando, não é? Minha filha se tornou capitã no pior momento possível. — disse Rem, sua voz carregada de preocupação.

— Sei que é pouco, mas se precisarem de conselhos de um velho à beira da morte, estarei por aqui. — ofereceu o ex-capitão, tentando suavizar o peso da conversa.

— À beira da morte? Parece bem saudável para mim. — respondeu Rem, com um sorriso triste.

— A idade chega para todos, não dá para evitar. — disse ele, dando uma risada leve.

— Sua ajuda será bem-vinda. Agradeço, capitão. — disse Rem, tocando o ombro dele com gratidão.

Enquanto isso, Aiko caminhou até Mira, que permanecia à frente do exército. A voz da jovem soou suave, mas cheia de sinceridade.

— Eu conheci ele por pouco tempo, mas ele se tornou alguém importante para mim. Eu sinto muito. — disse Aiko, com os olhos marejados.

Mira virou-se para ela e segurou sua mão com firmeza.

— Você teria gostado muito dele. Obrigada por tê-lo amado, mesmo que por pouco tempo. — disse Mira, sua voz trêmula, mas com um sorriso gentil.

Aiko riu baixinho, enxugando os olhos.

— Você é tão estranha... Mas acho que é exatamente por isso que ele se importava tanto com você. Graças a isso, descobri como é ser amada. Vou analisar o que vocês pediram e entro em contato com o resultado. — disse Aiko, esboçando um pequeno sorriso antes de se afastar.

Emilia, em silêncio, aproximou-se e abraçou Mira com força.

— Sinto muito por ele... — sussurrou Emilia, sua voz embargada pelas lágrimas.

Mira retribuiu o abraço, e ficaram assim por um tempo, até que a rainha interveio, separando-as gentilmente.

— Eu sinto muito por sua perda, Capitã Mira. — disse a rainha, com sinceridade.

— Obrigada... — respondeu Mira, sua voz baixa, mas determinada.

— Ei, Rem, já faz um bom tempo! — disse uma moça, entrando no cemitério.

— Droga! — murmurou Mira, visivelmente preocupada.

— Agora não é uma boa hora para você aparecer! — disse Rem, com um tom firme.

— Eu tenho mais direito de participar desse funeral do que vocês! — disse a moça, com um sorriso desafiante.

Mira abaixou a cabeça, seus pensamentos turbilhavam, preocupada com o que poderia acontecer.

A moça entrou com elegância, um agasalho pesando suavemente sobre seus ombros, sua postura imponente atraindo olhares ao seu redor.

— Ela está usando um traje, deve ser de outra divisão. Conhece ela? — exclamou Joana, tentando entender quem era.

— É a tia dele! — respondeu Mira, sua voz tensa.

— Eu não sabia que ele tinha outro parente! — disse Joana, surpresa.

— Ela disse que iria viver à sua maneira, e depois disso nunca mais tivemos notícias. Isso foi meses antes dos pais dele morrerem! — explicou Mira, seus olhos ainda focados na figura que se aproximava do caixão.

A moça parou em frente ao caixão de Kay, seus olhos fixos nele. Ela o observou, como se tentando encontrar algo além da morte.

— Pelo cheiro, eu sei que é ele. Mas por que ele está com essa máscara? — exclamou a moça, virando-se para Mira.

— É a identidade dele no exército... Ele morreu em combate, então... — começou Mira, a voz um pouco trêmula.

— Que maneiro! — disse a moça, admirando a máscara com um brilho nos olhos, como se tivesse encontrado algo que despertava sua curiosidade.

— Himitsu... por onde esteve? — exclamou Mira, sem conseguir esconder a surpresa e a preocupação.

A mulher olhou para ela com um sorriso calculado.

— Pequena Mira, eu vim ao enterro do meu sobrinho. Então, quero saber: por que ele está morto? — perguntou Himitsu, a voz carregada de uma tensão crescente.

Mira tremeu, assustada.

— Cadê o idiota do marido da minha irmã? Por que deixou meu sobrinho morrer? — disse Himitsu, a raiva transbordando de suas palavras.

— Os pais dele morreram quando ele tinha seis anos... — respondeu Mira, tentando se manter firme, mas o medo era visível.

— Minha irmã também...? Eu entendo... — Himitsu fez uma pausa, seus olhos queimando com fúria. — Quem eu vou ter que matar para vingar meu sobrinho?


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