Chapter 96: Capitulo 96: Material para estudo!
No pátio, algumas garotas ainda olhavam de relance para Mira, que permanecia na cozinha.
— Eu me concentro melhor quando estou sozinha. — disse Mira, fechando a porta.
— Ela tem razão. — concordou Ravena, indo para fora.
No pátio, a conversa recomeçou.
— De que tipo de prodígio estão falando? — perguntou Momo, curiosa.
— De um tipo bem irritante. — brincou Fernanda.
— Sério? Acho ela bem tranquila. — respondeu Mira.
— Já conhece ela? Praticamente todos os prodígios ficam na deles. — disse Fernanda.
— Julius? — perguntou Nina.
— O principal. — confirmou Fernanda.
— São pessoas problemáticas! — disse Nina.
— Parece que todos concordamos com isso! — respondeu Rem.
O som intenso do helicóptero cortou o ar, enquanto a aeronave começava a pousar no centro da base.
— Os soldados devem estar exaustos, mas como vão dormir com tanto barulho? — Rem comentou, olhando para o céu.
— Quando saímos do quarto, as outras já estavam acordadas! — disse Nina.
— O mesmo aconteceu do nosso lado! — acrescentou Takahiro, aproximando-se calmamente.
— Então, menos mal! — disse Rem, soltando um suspiro de alívio.
— Sou enviado da quinta divisão, líder do sétimo esquadrão. Me chamo Takahiro. — Ele se apresentou formalmente, inclinando ligeiramente a cabeça.
— Você deve se lembrar de nós. Somos do esquadrão do Kay! — disse Rem, esboçando um leve sorriso.
— Certamente. É um prazer revê-las! — Takahiro respondeu com cortesia.
— Por que o pessoal do instituto está vindo aqui? — perguntou Kratos, que surgiu ao lado de alguns rapazes.
— Será que é uma entrega para o Kay? — brincou Ravena, cruzando os braços.
Kratos abaixou a cabeça em sinal de respeito. Slayer e Sky fizeram o mesmo.
— Eu sinto muito... Estávamos lá, mas não conseguimos fazer nada! — disse Kratos, com a voz carregada de pesar.
— Está tudo bem. Não havia muito o que fazer naquela situação. — Rem balançou a cabeça de leve. — Fico feliz pelo retorno de vocês!
Sarah desviou o olhar, sem dizer nada.
— Ara, ara... — Rem sorriu. — Que saudades que eu estava desse lugar!
Um homem desceu do helicóptero, sua voz grave e inconfundível ecoando.
— Que saudades deste cheiro de guerra e café ruim! — disse ele, com um sorriso.
Rem arregalou os olhos, reconhecendo-o imediatamente.
— Essa voz...
— Fica quieto, seu velhote! Você não veio aqui para brincar! — Aiko desceu do helicóptero, trazendo consigo cientistas e guardas.
Rem avançou alguns passos, surpresa.
— Capitão?! O senhor ainda está vivo!
O antigo capitão da sexta divisão abriu os braços, rindo.
— Ora, ora, terror dos ghouls... Você se tornou uma moça muito bela!
— Nunca mais tivemos notícias suas! Por onde esteve? — Rem perguntou, aproximando-se mais.
Os soldados próximos olhavam intrigados.
"Esse homem... é um ex-capitão?" — pensaram, observando com atenção.
— Descobri uma nova paixão pela pesquisa e acabei trabalhando para o instituto. Mas, desta vez, ela me chamou para outro experimento. — O ex-capitão apontou para Aiko.
— Não é um experimento! É só um teste rápido. — Aiko revirou os olhos, impaciente.
Rem a olhou de cima a baixo.
— Você é a Aiko?
— Sim! "Terror dos ghouls"? Então, você deve ser a esposa do Takemichi! Já ouvi muitas histórias sobre vocês. — Aiko sorriu de maneira afável.
— E o que traz uma prodígio para uma base militar? — Rem provocou.
— Tenho quatro motivos: primeiro, meu namorado está aqui; segundo, vim entregar o traje dele; terceiro, vou testar o traje do velhote aqui; e, por último, quero ver o resultado de um encontro entre dois 100%. — Aiko respondeu, com um brilho nos olhos.
— Dois 100%? Do que está falando? — Rem franziu o cenho.
— Vocês não ficaram sabendo? O Julius aceitou o pedido de reforço de vocês e virá para cá pessoalmente. — Aiko declarou com casualidade.
Os soldados trocaram olhares surpresos.
— Não tem motivo para o Julius vir aqui... Segundas intenções? — Rem cruzou os braços, desconfiada.
— Eu não sei. Só ouvi que ele virá pessoalmente. Aliás, onde está o Kay? — perguntou Aiko.
— Está desmaiado. — Rem deu de ombros.
— Por quê? — Aiko arqueou uma sobrancelha.
— Acho que se forçou demais. — Rem suspirou.
— O nome do 100% é Kay? Como ele é? — perguntou o ex-capitão, curioso.
— Ele é meu genro. Preguiçoso, mas o melhor que conheço para matar ghouls. — Rem respondeu com orgulho.
— Seu genro?! — Aiko ficou surpresa.
— O melhor? — o ex-capitão parecia incrédulo.
— Ele é noivo da minha filha. E, sim, ouvi falar sobre você, não se preocupe. Ele é o melhor que conheço, afinal, mata ghouls desde pequeno. — Rem sorriu de canto.
— Impressionante. Nunca pensei que ouviria essas palavras sobre outra pessoa além do Takemichi. Aliás, sinto muito pela sua perda. — O capitão inclinou a cabeça em respeito.
— Tudo bem. Todos sabemos que é algo que acontece quando enfrentamos ghouls. — Rem desviou o olhar, mas sua voz tremeu ligeiramente.
— Não esconda sua dor atrás dessas palavras. Siga em frente, sabendo que Takemichi cumpriu seu dever como capitão. Como seu antecessor, fico orgulhoso do homem que ele se tornou. — O ex-capitão colocou uma mão no ombro de Rem.
— Obrigada... Ele ficaria feliz de ouvir isso do senhor. — respondeu Rem, emocionada.
— Aliás, cadê o Kay? — perguntou Aiko novamente.
— Que cheiro bom! — disse o ex-capitão, farejando o ar.
— O Kay, né? Fiquem olhando naquela direção. — Rem apontou para a enfermaria.
Kay saiu da enfermaria, movendo-se lentamente, sendo guiado pelo cheiro irresistível do café.
— Aquele é o 100%? — exclamou o ex-capitão, seus olhos se arregalando de surpresa.
— Amor! — gritou Aiko, correndo na direção dele com entusiasmo.
Rem a segurou pelo braço antes que ela pudesse avançar mais.
— Ele não vai te ouvir. Ainda está dormindo! Olhe direito! — disse Rem, apontando para Kay.
Kay caminhava lentamente em direção ao refeitório. Seus olhos permaneciam fechados, e ele parecia em um transe quase automático.
— Por que ninguém parece surpreso? Isso acontece com frequência? — perguntou Aiko, intrigada.
— É natural. Ele sempre foi assim. Só acorda de verdade depois que bebe café. — Rem respondeu, balançando a cabeça com um leve sorriso.
— Que interessante! — disse Aiko, tirando o celular do bolso e começando a gravar a cena.
— O que você está fazendo? — exclamou Rem, olhando para o celular.
— Material para estudo! — respondeu Aiko, com um brilho curioso nos olhos.
Rem suspirou e a soltou, observando enquanto Aiko narrava para a câmera.
— Ele está sendo atraído pelo cheiro do café, mas só acorda mesmo depois de bebê-lo! — explicou Aiko, gravando cada passo de Kay.
"Ela realmente se parece com a princesa..." — pensou Rem, sorrindo com a semelhança entre Aiko e Emilia.
Kay entrou no refeitório, sua presença calma, mas marcante, chamou a atenção de todos.
— Não vai atrás dele? — perguntou Sky, curioso.
— É melhor não. Deixe ele ter um momento a sós com a Mira. — Ravena respondeu, cruzando os braços com um sorriso discreto.
Aiko tentou seguir em direção ao refeitório, mas Ravena rapidamente a interceptou, bloqueando sua entrada com firmeza.
— Por que está me parando também? — exclamou Aiko, franzindo o cenho.
— Ele precisa de um tempo com a noiva dele. Aguarde aqui com a gente. — Ravena respondeu, olhando diretamente para Aiko.
Aiko hesitou por um momento antes de retrucar.
— Você também é...
— Sou. — Ravena interrompeu, erguendo o queixo com confiança. — Se quiser gravar, fique aqui na entrada. Deixe eles em paz.
Após uma breve pausa, Aiko suspirou, resignada.
— Tudo bem! — respondeu ela, guardando o celular com um gesto um pouco frustrado.
Ravena então a soltou, mantendo-se firme à entrada do refeitório enquanto todos observavam, respeitando o momento entre Kay e Mira.
No refeitório, Kay estava parado em frente a Mira. Ela o puxou delicadamente até uma das mesas e lhe deu uma xícara de café. Ele tomou o primeiro gole.
— Mira! — chamou Kay, abrindo lentamente os olhos.
— Bom dia! — disse Mira, sorrindo carinhosamente.
— Está um pouco diferente — comentou ele, franzindo a testa.
— Apenas beba e não reclame! — retrucou Mira.
— Não estou reclamando — respondeu Kay, tranquilo.
Ele se sentou na cadeira, colocando a xícara vazia sobre a mesa. Então, a puxou para seu colo, surpreendendo-a.
— O que está fazendo? — exclamou Mira, corada.
Kay tocou suavemente no rosto dela.
— Está inchado... Você estava chorando? — perguntou ele, preocupado.
— Eu estou bem — respondeu Mira, desviando o olhar.
— Eu fiz alguma coisa? Só me lembro de estarmos na terceira divisão. Por que estamos de volta à base? — indagou Kay, confuso.
— Você não se lembra mesmo! Escuta, Kay, você perdeu as memórias de tudo que aconteceu depois que saímos da terceira divisão. Eu vou te mostrar o que aconteceu — disse Mira, com um olhar sério.
— Perdi as memórias? — perguntou ele, incrédulo.
Mira pegou o celular que Ravena havia deixado com ela e mostrou um vídeo.
— Assista isso até o final, e você vai entender — disse Mira, entregando o aparelho.
Kay assistiu ao vídeo em silêncio. Conforme a gravação avançava, seu rosto ficava cada vez mais pálido, tomado pelo choque.
— Então, é isso que está acontecendo. Você já me apoiou, então não precisa dizer mais nada sobre isso! — afirmou Mira, tentando manter a calma.
— Por que eu perdi a memória? — perguntou Kay, com as mãos trêmulas.
— Eu não sei! — disse Rem, entrando na conversa.
Kay apertou Mira em um abraço apertado.
— Eu me sinto um merda... Não acredito que esqueci algo assim! — lamentou Kay, frustrado.
— Você tem o relatório do que aconteceu, então já sabe como foi. Não precisa se forçar a lembrar — disse Rem, tentando confortá-lo.
Kay continuou abraçando Mira, respirando fundo para se acalmar.
— Seu pai está mesmo morto? — perguntou ele, com a voz baixa.
— Sim. E você matou os ghouls que o mataram. Eu agradeço por isso — disse Mira, com firmeza.
— Entendi... Então, aquele jeito de se mover é desse tal general? — questionou Kay.
— Sim. Você disse que ia treinar a divisão usando esses movimentos — respondeu Mira.
Kay assentiu, pensativo.
— O que vamos fazer agora? — perguntou ele.
— Antes, quero te perguntar uma coisa — disse Mira, hesitando por um momento.
— O quê? — perguntou Kay, curioso.
— Se alguma garota te pedir para namorar com ela, você vai aceitar? — perguntou Mira, de repente.
— Claro que não. Afinal, era só uma semana! — respondeu Kay.
— Mas ainda não falta um dia? — indagou Mira.
Kay ficou em silêncio por alguns segundos, refletindo.
— Não era até ontem? Já que eu perdi a memória de um dia, acho que já passaram sete dias — concluiu ele.
— Entendo — disse Mira, pegando o celular para enviar uma mensagem.
— Se essa semana era para ficar de luto, não quer voltar para casa? — perguntou Kay.
— Eu agradeço, mas agora sou capitã. Não posso deixar a base do jeito que está. É melhor eu ocupar minha mente aprendendo sobre as funções do meu pai — respondeu Mira.
— Então, ficarei com você. E a Rem? — perguntou Kay.
— Ela está lá fora com os outros — disse Mira.
Nesse momento, Aiko entrou no refeitório, acompanhada dos soldados.
— Cosplay? — perguntou Kay, franzindo o cenho ao olhar para Aiko.
— É o uniforme dela — respondeu Mira.
— Fico feliz que tenha se recuperado — disse Aiko, sorrindo.
— Por que está me gravando? — perguntou Kay, confuso.
— Eu vim tratar daquele assunto de ontem! — disse Aiko, diretamente.
— Desculpa, mas que assunto é esse? — perguntou Kay, ainda mais confuso.
— Você vai me aceitar ou não como sua namorada? — perguntou Aiko, com firmeza.
Kay arregalou os olhos, surpreso.
— Quem é essa? — sussurrou ele para Mira.
— Parece que é uma garota que tem interesse em você — respondeu Mira, sussurrando de volta.
Kay coçou a cabeça, visivelmente confuso.
— Me desculpa, mas... — disse ele, interrompendo-se ao sentir uma dor de cabeça repentina.
— Kay? — chamou Mira, preocupada.
Kay colocou a mão na cabeça.
— Por que eu sinto que te conheço de algum lugar? — perguntou ele para Aiko.
— Não se lembra de mim? Nós nos conhecemos ontem — disse Aiko.
— Ontem? — murmurou Kay, tentando se lembrar. — Eu não entendo. Por que eu não consigo te recusar, mesmo sem me lembrar de você?
— Ele perdeu mesmo a memória — constatou Aiko. — Mas inconscientemente você sabe que me aceitou como namorada! Ainda podemos ter esperança de recuperar suas memórias!
Kay suspirou, exausto.