Chapter 90: Capítulo 90: Sua prima?
A cena corta para o castelo.
— Desculpa vir de última hora, mas eu também vou participar dessa reunião. Poderiam abaixar as armas? — disse Kay, erguendo as mãos em sinal de rendição. Suas asas, abertas e imponentes, começaram a se retrair lentamente, fazendo o traje voltar ao normal.
— Não chega assim, ou vai acabar levando um tiro! — advertiu a princesa Emilia, surgindo de dentro do castelo com passos firmes.
— Você demorou um pouco. — Kay a observou, um sorriso breve surgindo por trás da máscara.
— Você disse que estava em Mineforde, então achei que levaria mais tempo. Mas vim te esperar, como você pediu. — respondeu Emilia, com um tom levemente repreensivo.
Os guardas, embora ainda desconfiados, guardaram suas armas.
— Da próxima vez, avise que está vindo. E, se puder, tente entrar como uma pessoa normal! — sugeriu um dos guardas, com um misto de irritação e alívio.
— São momentos de urgência, meu amigo. — Kay deu de ombros, sua voz tranquila.
— De toda forma, Alpha Zero, estão aguardando você na sala do trono. — informou Emilia, enquanto se posicionava ao lado dele.
Kay assentiu e seguiu em direção ao castelo, acompanhando a princesa.
— Usando a máscara... Isso quer dizer que está como soldado! Quando vou poder tê-lo como meu namorado? — exclamou Emilia, com uma leve provocação, mas seu tom trazia uma vulnerabilidade contida.
Kay parou por um momento, encarando-a com um olhar sério, mesmo com a máscara ocultando suas expressões.
— Entendo, você ainda não sabe o que aconteceu. Participe dessa reunião, e vai ser por um breve momento... Mas, depois dela, você vai me ter como namorado. — prometeu ele, com um tom firme e melancólico.
— É tão ruim assim, que não vai poder ficar? — perguntou Emilia, com a voz tremendo levemente de preocupação.
Kay suspirou e segurou a mão dela com delicadeza, continuando a caminhar pelo corredor, os passos ecoando pelas paredes do castelo.
— Notícias de você ser companheira do Alpha Zero podem colocá-la em perigo. Deixe para que sejamos mais íntimos quando eu não estiver perto de você como soldado. — disse ele, entrelaçando os dedos nos dela, sua voz baixa e cheia de preocupação.
Emilia apertou a mão dele em resposta.
— Tudo bem! — disse Emilia, sorrindo de leve.
Eles caminharam de mãos dadas até a porta da sala do trono. Antes de entrar, Kay soltou a mão dela, com um breve suspiro.
— Vamos lá. Estarei participando como princesa. — Emilia endireitou a postura, o tom firme.
Kay olhou para a porta, notando a ausência de guardas.
"Sem guardas na porta... querem privacidade?."
Com um movimento decidido, Emilia abriu a porta, atraindo a atenção de todos os presentes na sala do trono.
— Chegou mais rápido do que o esperado! — comentou Yan, cruzando os braços ao vê-lo.
— É um momento em que não podemos perder tempo. — respondeu Kay, ainda parado na entrada.
— Junte-se a eles! — ordenou Emilia, caminhando para frente em direção ao seu lugar.
— Certo. — Kay assentiu e seguiu.
Emilia sentou-se em seu trono ao lado de sua mãe, enquanto Kay parou junto aos outros líderes reunidos na sala.
— Já que estão todos aqui, podem dizer o motivo dessa reunião de última hora? — perguntou o rei, sua voz ecoando pela imensa sala.
Kay lançou um olhar rápido para o príncipe ao lado do rei.
"Ainda sinto hostilidade vindo de você."
O chefe dos guardas quebrou o silêncio:
— Neste momento, as notícias já devem estar se espalhando entre os civis que estavam em Mineforde. Por isso, pedimos que o senhor faça um anúncio imediatamente, para tranquilizar a população.
O rei franziu a testa.
— O que aconteceu para precisarmos anunciar algo assim? — questionou, com autoridade.
Os presentes que estiveram em Mineforde hesitaram, trocando olhares nervosos. O silêncio era quase palpável até que Kay deu um passo à frente.
— O Takemichi morreu cumprindo seu dever como capitão. — declarou, sem hesitação.
Os olhos de todos na sala se arregalaram. Um murmúrio de incredulidade percorreu o ambiente.
— Como?! — exclamou Emilia, visivelmente abalada.
— Deixa que eu continuo. — disse Joana, dando um passo à frente.
Kay assentiu com a cabeça, recuando para dar espaço.
— Há alguns dias, o Alpha Zero informou sobre uma possível existência de ghouls inteligentes, enquanto avaliava o mini-ghoul. Hoje, durante nossa missão em Mineforde, fomos atacados. — Joana fez uma pausa, respirando fundo. — Do céu, ghouls inteligentes desceram diretamente sobre nós, cercando a cidade, destruindo as armas nas muralhas e nos deixando completamente expostos. Mineforde está agora sem defesas. Entre eles, um ghoul que se intitulava "General" desafiou o capitão Takemichi para um duelo. Usaram guardas, civis e até a cidade inteira como reféns. O capitão não teve escolha senão aceitar.
— Está dizendo que o Takemichi perdeu um duelo um contra um para um ghoul? — questionou o príncipe, a voz carregada de incredulidade.
— Sim! — respondeu Joana, firme. — Esse General era absurdamente poderoso. O capitão precisou usar a Quebra de Limite para enfrentá-lo e, mesmo assim, não conseguiu vencer. Sua velocidade, força e capacidade de regeneração eram muito superiores a tudo o que já enfrentamos. Ele ultrapassava qualquer padrão conhecido dos ghouls.
Ryuji interveio:
— E não podíamos fazer nada. Os ghouls deixaram claro que, se tentássemos algo, todos nós, junto com os civis, seríamos mortos.
— Conseguiriam matar esses ghouls, se tentassem? — perguntou o príncipe, com um olhar desconfiado.
— Talvez. Mas, mesmo assim, teríamos baixas devastadoras. — Ryuji suspirou. — Era uma escolha impossível.
— Vocês fizeram o certo. — disse a rainha, com um tom compreensivo.
— Sei que foi intenção, mas não podemos aceitar isso como elogio. — Yan apertou os punhos, frustrado. — É revoltante ver o capitão ser devorado sem conseguir fazer nada.
O rei pigarreou, mudando o foco:
— Fui informado pelo Instituto sobre o ghoul capturado e algo chamado "Monarca". Já sabem o significado disso?
— Sim! — respondeu o cientista-chefe do Instituto. — Não tínhamos anunciado, mas o soldado mascarado aqui presente é o único capaz de ordenar o mini-ghoul a fazer qualquer coisa.
O rei fixou o olhar em Kay.
— Entendo... Então é você.
Antes que Kay pudesse responder, uma jovem cientista se aproximou, olhando diretamente para ele.
— Quem é essa criança? — perguntou Kay, confuso, quebrando o silêncio.
A cientista ficou vermelha de raiva.
— O que disse?! — exclamou, indignada.
Joana riu discretamente.
— Essa é a Aiko. Ela é uma das responsáveis pela manutenção e criação dos trajes. Em resumo, um gênio.
Kay arqueou as sobrancelhas, surpreso.
— Parece tão nova...
— Sou eu que cuido do reparo do seu traje, senhor "100%". Então me respeite! — retrucou Aiko, com as mãos nos quadris.
Kay suspirou.
— Entendo... Bom, então obrigado.
— Não senti sinceridade nisso! — disse Aiko, cruzando os braços. — Você vive destruindo trajes! Acha que ghouls dão em árvore? Cuide melhor deles!
— Pedir isso agora vai ser impossível. — disse Kay, desviando o olhar. — Como estava dizendo, conseguimos informações do mini-ghoul sobre...
Antes que terminasse, Kay notou algo estranho.
— O que está fazendo? — perguntou, enquanto Aiko tentava mexer em seu traje.
— Tirando o traje para repará-lo depois! — respondeu Aiko, sem se intimidar.
Kay a segurou pelos ombros e a levantou do chão com facilidade. Levou-a de volta para perto dos outros, colocando-a suavemente no chão.
— Depois eu entrego. — disse Kay, retomando seu lugar.
Aiko ficou vermelha, dividida entre vergonha e raiva.
"Ele... me tratou como uma criança?!" pensava, incrédula, enquanto cruzava os braços em frustração.
— Como eu estava dizendo, pelas informações extraídas do mini-ghoul, esse tal Monarca é algo muito superior ao General que o capitão enfrentou. — disse Kay, firme, com a postura de um soldado acostumado ao caos.
— Uma ameaça maior? Tem certeza disso? — exclamou o rei, franzindo o cenho.
— O cheiro, a presença, o poder... Tudo isso indica claramente a força de um ghoul. Por exemplo, o próprio mini-ghoul tinha um cheiro mais fraco que o do General, mas semelhante aos outros ghouls presentes no local. Antes de mandar o mini-ghoul para lá, ele já havia informado que não conseguiria eliminar o General. E... — Kay fez uma pausa, visivelmente irritado. — Vocês têm certeza de que essa garota é mesmo uma cientista renomada? — exclamou, apontando para Aiko.
— Me tratou como criança. Vai pagar por isso! — respondeu Aiko, cruzando os braços e olhando para ele com desdém.
— Já chega, Aiko! Deixe ele terminar de falar e volte para o seu lugar! — disse Emilia, firme, mas sem perder o tom diplomático.
— Por que ficou brava comigo? Ele é do tipo que também te chamaria de criança! — rebateu Aiko, encarando a prima.
Emilia corou, desviando o olhar.
— Ele já fez isso, não fez? — provocou Aiko, com um sorriso malicioso.
Kay arqueou a sobrancelha.
— Vocês são amigas ou algo assim? Parece que se conhecem bem.
— Claro que sim! Ela é minha prima. — respondeu Aiko, como se fosse óbvio.
Kay ficou surpreso.
— Entendo... Ela é o quê? Sua prima? — perguntou, incrédulo.
— Por que a surpresa? Não sabe nada sobre nós e ainda fica aí se bancando de sabichão! — retrucou Aiko, irritada.
— Aiko, retorne para o seu lugar. Depois podemos conversar. Deixe-o terminar de falar. — disse Emilia, tentando manter o controle da situação.
— Se você está dizendo... — respondeu Aiko, finalmente se afastando, mas não sem lançar um último olhar desafiador para Kay.