Tetsu no Chikara: Saigo no Kibō

— Sério, Yumi? Na cidade? — reclamou Mira, cruzando os braços.

— Você veio por livre e espontânea vontade. Se não quiser, pode ir embora! — retrucou Yumi, encarando-a com um olhar desafiador.

— Não! Eu não confio em deixar você sozinha com ele! — respondeu Mira, firme.

Kay suspirou, observando as duas discutirem enquanto caminhavam ao lado dele.

— A Yumi já chama atenção sozinha. Agora, se vocês duas ficarem grudadas em mim e discutindo, as pessoas vão continuar nos encarando.

— E a culpa é sua por ter aceitado sair com ela numa cidade onde ela é conhecida! — rebateu Mira, apontando para Kay.

— Certo, certo. Vamos parar de perder tempo. Hoje será um encontro a três! — anunciou Yumi, animada.

— Não grita, sua idiota! — repreendeu Mira, tentando conter a irmã.

Kay interveio antes que a discussão tomasse mais fôlego:

— Mira, Yumi, hoje estou por conta de vocês. Decidam onde querem ir, e nós vamos.

As duas pararam, processando as palavras. "Onde quisermos?" — pensaram em uníssono.

— Nesse caso... — começou Yumi, puxando um pedaço de papel do bolso. — Eu criei esse plano de encontro para nós!

Ela entregou o papel para Kay, que abriu e leu atentamente.

— Vamos ver se dá tempo de fazer tudo isso — comentou ele.

— Por que o último item é um hotel?! — exclamou Mira, apontando para o papel, incrédula.

— Quer conhecer um? — retrucou Kay com um tom provocativo.

— Vamos ver isso depois! Primeiro, vamos realizar os outros itens da lista! — disse Yumi, desviando o assunto com um sorriso.

— Parece bom para mim também — concordou Mira, ainda desconfiada.

— Então, vamos nessa! — afirmou Kay, seguindo à frente.

Cena na base

Nina estava claramente irritada, andando de um lado para o outro.

— Aquela irresponsável!

— Qual é o problema? — perguntou Rem, curiosa.

— Ela saiu sem dizer nada e deixou a divisão aqui! — reclamou Nina, cruzando os braços.

— Ela foi num encontro com o Kay... e com minha filha. — Rem soltou uma risada divertida.

— Essa idiota! — bufou Nina, ainda mais irritada.

Rem balançou a cabeça, sorrindo calmamente.

— Não será fácil ela ter outra oportunidade assim. Deixem eles se divertirem um pouco.

Nina suspirou e, olhando para os soldados ao redor, anunciou:

— Vocês estão livres pelo restante do dia, mas tentem não sair da base!

Ela saiu rapidamente, enquanto Rem observava com um sorriso misterioso.

— Conheço esse sorriso. No que está pensando? — perguntou Ravena, desconfiada.

— Pensei em algo, mas é melhor deixar pra lá. — Rem balançou a cabeça, afastando o pensamento.

— Entendo... — Ravena estreitou os olhos, ainda desconfiada.

— Vou conversar com meu marido. Me chamem se precisarem de mim. — Rem afastou-se, segurando o celular.

— Tudo bem! — responderam Ravena e Sarah juntas.

— O que vamos fazer agora? — perguntou Sarah, curiosa.

— Sinceramente, não sei... — admitiu Ravena, dando de ombros.

— Nesse caso, me acompanha numa partida de videogame? — sugeriu Sarah, sorrindo.

— Videogame? — Ravena arqueou a sobrancelha, interessada.

Cena no quarto após o encontro

— Estou cansada! — disse Mira, jogando-se na cama com um suspiro exausto.

— Eu me diverti muito hoje! — respondeu Yumi, animada.

— Encontros são divertidos. Bora marcar pra fazer isso de novo! — sugeriu Kay, sentando-se na beirada da cama.

— Encontros é o que você mais vai ter — brincou Yumi.

— Ainda tem a Emília, a Thais e a Ravena — lembrou Mira, revirando os olhos.

— Peguem leve comigo — pediu Kay, deitando-se na cama.

Yumi levantou-se rapidamente.

— Vou tomar banho. Mira, você vem?

— Suar durante o dia foi inevitável. Tudo bem, vou com você. Mas sem espiar, entendeu? — avisou Mira, levantando-se.

— Entendido! — respondeu Kay, fechando os olhos, enquanto elas se afastavam para o banheiro.

Minutos depois, Mira gritou:

— Espera, Yumi!

Kay abriu os olhos ao ouvir o alvoroço, surpreso.

— Vocês demoraram...

— Agora é sua vez, amor. Vai tomar banho! — disse Yumi, casualmente.

— Cadê suas roupas? Por que estão só de toalha?! — exclamou Kay, envergonhado, desviando o olhar.

— Eu avisei para ela vestir a roupa! — reclamou Mira.

— Vamos nos trocar. Agora vai! — ordenou Yumi, empurrando-o suavemente para o banheiro.

Kay passou por elas, o rosto vermelho como uma chama.

— Ele nem olhou pra nós! — sussurrou Yumi, sorrindo de forma travessa.

— O que está pensando, Yumi? — perguntou Mira, desconfiada.

— Eu me senti estranha quando ele me beijou. Você também sentiu isso?

— Quando ele...? Foi você quem chegou beijando ele! — retrucou Mira, incrédula.

— O resultado é o mesmo! Você se sentiu estranha ou não? — insistiu Yumi.

— Eu me sinto feliz... — admitiu Mira, olhando para o chão, constrangida.

— Vamos esperar ele acabar. — Yumi riu, mudando de assunto.

Kay saiu do banheiro minutos depois, secando os cabelos.

— Quantas toalhas eles têm aqui? Vamos voltar para a base agora?

Kay as encarou e sentiu o rosto aquecer. Seus olhos vacilaram por um momento, e ele sentiu o sangue subir ao rosto, com o nariz começando a sangrar.

Cena no refeitório da base

— Eles estão demorando... — disse Nina, olhando para o relógio.

— Devem jantar fora hoje — respondeu Rem, com um sorriso despreocupado.

— Vocês não vão embora amanhã cedo? — perguntou Nina.

— É o que está na programação — confirmou Alex.

— Eles sabem o horário. Quem precisa descansar são os pilotos! — brincou Rem.

— Sobrou pra nós! — comentou Alex, rindo.

— Pois é! — completou Brenda, rindo junto.

Na manhã seguinte

— Eles estão atrasados! — reclamou Nina, impaciente, tamborilando os dedos na mesa.

— Isso é estranho... O Kay, eu entendo, mas a Mira não é de... — Ravena fez uma pausa, franzindo o cenho. — Aquele idiota deve não ter acordado ainda!

— É bem possível! — comentou Sarah, com um sorriso travesso.

Enquanto isso, Rem permanecia calada, observando com uma expressão distante.

"Eles dormiram fora... Isso é muito suspeito."

No hotel

O celular da Mira começou a tocar insistentemente, vibrando sobre a mesa de cabeceira.

— Só mais cinco minutinhos... — murmurou Mira, ainda afundada no sono, puxando o cobertor por cima da cabeça.

O toque do celular continuava, insistente.

— Tá bom! Já entendi! — resmungou Mira, esticando o braço para pegar o aparelho. Sem sequer verificar quem era, atendeu a ligação. — Oi?

— Vocês estão aonde?! — a voz de Rem veio do outro lado, com um tom firme e inquisitivo.

— No hotel... — respondeu Mira, ainda tentando acordar completamente.

Do outro lado da linha, houve um silêncio breve, seguido pela voz de Rem:

— Entendi... O Kay se meteu em confusão, né? Resolve isso e voltem logo para a base.

— Não foi isso que eu disse! — protestou Mira, agora mais alerta.

— Não importa. Estamos esperando vocês para irmos à outra divisão. Vocês estão atrasados! — rebateu Rem, com impaciência.

Num movimento abrupto, Mira sentou-se na cama, seus olhos arregalados ao ver o horário no celular.

— Ei, Yumi! Acorda! Estamos atrasadas! — exclamou ela, sacudindo Yumi, que estava esparramada no colchão ao lado.

Yumi, ainda meio grogue, abriu os olhos lentamente e perguntou, com a voz sonolenta:

— Quantas horas?

— Oito e quinze! — respondeu Mira, com urgência.

Yumi saltou da cama como se tivesse levado um choque.

— A Nina vai ficar brava comigo! Amor, acorda! — disse ela, sacudindo Kay, que ainda dormia profundamente ao seu lado.

Mira suspirou.

— É difícil. Traz o carro, Yumi, e a gente leva ele!

— Consegue carregar ele sozinha? — perguntou Yumi, olhando para o corpo inerte de Kay.

— Consigo, mas ele é pesado. Vou precisar de ajuda quando chegarmos lá embaixo!

— Tudo bem, estou indo buscar o carro! — disse Yumi, pegando as chaves e saindo do quarto apressada.

Mira levantou o Kay em seu ombro com esforço.

Como pode ser tão pesado se você nem come muito! disse mira

Ela carregou o kay para fora do quarto.

— Droga, amor, você é pesado! — reclamou Mira, enquanto descia as escadas carregando Kay nos ombros com esforço.

— Precisa de ajuda? — perguntou a recepcionista, observando a cena com uma mistura de curiosidade e preocupação.

— Até que eu preciso, mas não se preocupe! — respondeu Mira, aproximando-se do balcão e devolvendo a chave do quarto.

— Tenha um bom dia! — desejou a recepcionista, sorrindo de forma educada, mas com um brilho malicioso nos olhos.

Mira agradeceu, desconfiada, e se retirou rapidamente, levando Kay consigo.

— "Os jovens de hoje em dia são animados. Quem diria que passariam a noite acordados?" — murmurou a recepcionista, observando os dois saindo.

— "Nunca mais eu volto aqui!" — pensou Mira, sentindo o rosto arder de vergonha.

Do lado de fora, Yumi já estava esperando no carro, estacionado em frente à entrada. Mira abriu a porta de trás, acomodando o corpo desacordado de Kay no banco. Após ajeitá-lo, fechou a porta com força e ocupou o banco do passageiro.

— Eu ia te ajudar! — comentou Yumi, lançando um olhar rápido enquanto ajustava o retrovisor.

— É que... aquela recepcionista sussurrou uma coisa sobre a gente ter virado a noite. Aí eu saí de lá o mais rápido possível! — explicou Mira, cruzando os braços e olhando para frente, claramente desconfortável.

— Não se preocupe. Aquela é minha tia! — respondeu Yumi, casualmente, enquanto dirigia.

Mira virou o rosto para encará-la, completamente surpresa.

— Sua tia?!

— Sim! E, aliás, foi ela que me sugeriu esse hotel! — continuou Yumi, com um sorriso despreocupado.

Mira voltou a olhar pela janela, observando o hotel ficando cada vez mais distante.

— Entendo... — murmurou, tentando esconder o constrangimento que sentia.

— E o que achou da sua primeira vez? Eu já adianto que quero fazer de novo! — disse Yumi, com um sorriso travesso.

— Não vamos falar sobre isso! Mas... não foi ruim... — respondeu Mira, desviando o olhar.

— Pela cara que você estava fazendo, parece que adorou! — provocou Yumi, rindo.

— Eu só não esperava tanta energia depois da quantidade de café que ele tinha bebido! — rebateu Mira, revirando os olhos.

— Ainda bem que a garrafa ficou no carro! — disse Yumi, rindo ao lembrar.

— Não! Ainda bem que ele esqueceu a garrafa lá dentro, caso contrário estaríamos ferradas! — corrigiu Mira, com um tom dramático.

As duas riram juntas, o som de suas gargalhadas preenchendo o carro.

— É verdade! — concordou Yumi, enxugando uma lágrima de tanto rir.

— Minha mãe já inventou uma desculpa. Disse que o Kay se meteu em problemas e teve que gastar energia para resolver. Por isso estamos chegando só agora. — Mira suspirou aliviada.

— Entendi. Vamos com isso, então! — respondeu Yumi, concentrada na estrada.

— Vou ligar para ela e avisar que estamos chegando. — disse Mira, pegando o celular no bolso.

— Tá! — concordou Yumi, dando uma olhada rápida na amiga.

Enquanto Mira desbloqueava a tela, Yumi notou a mudança repentina na expressão dela.

— O que foi? Esse rosto vermelho... Parece uma pimenta! — provocou Yumi, tentando segurar o riso.

Mira virou a tela do celular, mostrando para Yumi. O sorriso sumiu do rosto da capitã, substituído por um rubor intenso.

— Estamos chegando! — disse Mira, tentando manter a voz firme enquanto segurava o celular junto ao ouvido.

— Tudo bem! — respondeu Rem, do outro lado da linha, com um tom neutro, mas que transbordava significado oculto.

Mira encerrou a chamada com pressa, como se o celular estivesse queimando em suas mãos.

— Eu quero morrer! — exclamou, escondendo o rosto entre as mãos.

— Ela ouviu tudo! Mas, bem, é a Rem! — disse Yumi, tentando minimizar o impacto.

— Exatamente por ser ela que estou com vergonha! — retrucou Mira, o tom de desespero evidente em sua voz.

— Sua mãe vai ficar de boa com isso, relaxa! — disse Yumi, com um sorriso tranquilizador.

A cena muda para a base.

As garotas desceram do carro, Yumi tentando ajeitar os cabelos rapidamente enquanto Mira fechava a porta com cuidado para não acordar Kay, que ainda dormia profundamente no banco traseiro.

Antes que pudessem dar mais um passo, Nina surgiu no pátio com passos firmes e o semblante carregado de irritação.

— Yumi! — exclamou ela, agarrando os ombros da capitã e sacudindo-a sem piedade. — Você saiu sem avisar e só voltou agora?! O que você estava pensando?!

— Calma, Nina! Não foi tão grave assim... — respondeu Yumi, tentando escapar do aperto da vice-capitã.

— Não foi grave?! Vocês deixaram a divisão sem supervisão e passaram a noite fora! — retrucou Nina, ainda mais irritada. — E não me venha com desculpas esfarrapadas!

Enquanto isso, alguns soldados estavam reunidos ao fundo, cochichando entre si, com olhares preocupados.

— Será que a capitã se meteu mesmo em confusão na cidade? — sussurrou um deles.

— Não sei, mas parece sério... — respondeu outro, cruzando os braços com expressão tensa.

Ravena, vendo a cena, aproximou-se das duas para intervir.

— Vocês estão bem? — perguntou ela, com a voz calma e firme, olhando alternadamente para Yumi e Mira.

— Sim, o Kay só está dormindo. — respondeu Mira, lançando um olhar rápido para o carro.

— Isso é normal dele! — comentou Ravena, cruzando os braços e olhando na direção do veículo.

— É sim! — concordou Mira, tentando soar casual.

Enquanto as coisas pareciam se acalmar um pouco, Rem permaneceu um pouco afastada, observando tudo com um sorriso nos lábios. Mas não era um sorriso qualquer — era aquele sorriso travesso e sugestivo, como se ela disse eu sei exatamente o que aconteceu.

Mira percebeu o olhar da sua mãe e sentiu o rosto esquentar.

— Eu... Eu vou preparar um café para a viagem! — disse Mira de repente, sua voz ligeiramente apressada enquanto dava meia-volta e saía rapidamente do pátio.

Rem continuou com o mesmo sorriso, sem dizer uma palavra, mas claramente se divertindo com a situação.

— Essa foi rápida. — murmurou Ravena, observando Mira se afastar.

Yumi soltou um suspiro aliviado ao perceber que Nina finalmente tinha afrouxado o aperto. O som leve de Kay ressonando no carro ao fundo parecia ser o único ruído no ar.

— Vamos nos despedir dos nossos companheiros da Sexta Divisão! Quero todos os soldados no pátio! — ordenou Yumi, com a voz firme que ecoou por todo o espaço.

— Certo! — responderam os soldados presentes, apressando-se a sair do pátio para chamar os demais pela base.

Yumi virou-se para Nina e, em um tom mais baixo, sussurrou:

— Vamos nos despedir deles e, depois, partir para a Dinastya. Informe o chefe dos guardas para que se preparem.

— Certo! — respondeu Nina, inclinando a cabeça em sinal de entendimento antes de sair para cumprir a ordem.

Pouco a pouco, o pátio foi se enchendo. Os soldados formaram fileiras organizadas, e o ambiente ganhou uma atmosfera solene. Yumi avançou alguns passos, posicionando-se ao lado de Ravena.

— Eu agradeço novamente por terem vindo nos ajudar! — disse Yumi, sua voz projetando-se com gratidão e sinceridade. — Saibam que podem sempre contar com a minha divisão!

Ravena deu um passo à frente e, com um sorriso confiante, estendeu a mão para Yumi.

— Obrigada! Nós também agradecemos pela estadia. Foi uma honra colaborar com vocês.

Yumi apertou a mão de Ravena com firmeza e um pequeno sorriso de cumplicidade.

— Voltem sempre que quiserem. Vocês são muito bem-vindos aqui!

Alguns minutos depois. Soldados das duas divisões estavam reunidos, a quarta divisão formando um corredor de respeito em frente ao helicoptero mas mantendo distancia para ela pegar voo. No centro daquele cenário, Kay e Yumi estavam abraçados, próximos ao helicoptero.

— Não vamos demorar muito. Na volta, vamos dar um pulinho aqui! — disse Kay, com um sorriso tranquilo

— Sério? — exclamou Yumi, afastando-se ligeiramente para olhar em seus olhos. Sua expressão era de pura felicidade

Kay assentiu, ainda segurando-a pelos ombros.

— Prometo.

— Vou esperar! disse yumi

Viu te avisar antes, então continue trabalhando se não a Nina vai ficar mais brava com você! disse kay

Eu vou! disse yumi.

Ele passou a mão levemente pelos cabelos dela antes de se afastar.

Yumi ficou parada, observando Kay subir no helicoptero com os outros. Sua postura tentava ser firme, mas o leve tremor em seus dedos denunciava o quanto aquele momento era importante para ela.

De dentro do helicoptero, Kay virou-se mais uma vez e acenou para ela.

— Cuide-se até lá!

— Você também! — gritou Yumi de volta, sua voz quase perdida no som das hélices.

É Melhor se afastar agora! disse kay, sorrindo

Yumi sorriu e foi para perto de sua divisão.

O helicóptero começou a decolar. Yumi manteve os olhos fixos no helicóptero até ele desaparecer no horizonte, com uma expressão serena e determinada. "Eu espero você, amor", pensou ela, com um sorriso suave nos lábios.