Chapter 76: Capitulo 76: Rem e Takemichi no exercito
— O que foi? — exclamou Rem, então com dezesseis anos, encarando um jovem determinado.
— Eu sou Takemichi! Fui o segundo colocado no teste de recrutamento! — respondeu Takemichi, também com dezesseis anos, tentando soar confiante.
— Bom para você! — disse Rem, já se afastando.
"Ela me ignorou?" — pensou Takemichi, perplexo.
Rem caminhou até um grupo de garotas.
— Quem era? — perguntou uma das amigas de Rem, curiosa.
— Eu não sei... Ah, lembrei! Ele disse que ficou em segundo lugar! — respondeu Rem, dando de ombros.
— Já entendi! — disseram as amigas em uníssono, rindo.
— Nem vem! — disse Rem, percebendo o tom delas e se afastando.
— Não seja má! Até que ele é bonitinho! — provocou uma das amigas.
— Isso não vai acontecer. Já sei exatamente onde isso vai parar... — disse Rem, com um suspiro.
Algumas horas depois.
— Você de novo? O que foi desta vez? — exclamou Rem, ao notar Takemichi se aproximando novamente.
— Você não me deixou falar de manhã! Eu sou Takemichi, segundo lugar entre os recrutas, e eu te declaro minha rival! — disse ele, decidido.
— Quero não. Valeu! — respondeu Rem, afastando-se rapidamente.
Takemichi correu e se colocou na frente dela.
— Deixa eu terminar de falar! — insistiu ele.
"Eu sabia que isso ia acontecer..." — pensou Rem, suspirando.
— Na Primeira Divisão tem um recruta que é melhor do que eu. Use aquele cara como rival! — sugeriu Rem, tentando encerrar o assunto.
— Mas eu quero que seja você! — declarou Takemichi, com entusiasmo.
— Olha só! O recruta já está se declarando no primeiro dia! — brincou um dos veteranos, assistindo à cena.
— Me declarando? — perguntou Takemichi, confuso.
Sem pensar, Rem se virou e avançou na direção dele.
— O quê?! — exclamou Takemichi, tentando se esquivar.
Rem o acertou com um chute certeiro, derrubando-o no chão.
— Não consegue nem desviar disso e ainda quer ser meu rival? Você é patético, garoto. Boa noite! — disse Rem, irritada, enquanto se afastava.
Takemichi desmaiou, deixando os veteranos impressionados.
— Só com um chute... Impressionante! — murmurou um deles.
— Tem certeza? — perguntou uma das amigas de Rem, rindo.
— Deixa ele aí! — respondeu Rem, impassível.
Alguns minutos depois.
— Por que estão me olhando? — perguntou Takemichi, recobrando os sentidos.
— Você está bem? — indagou um dos veteranos.
— Sim... O que aconteceu? — perguntou Takemichi, tentando se lembrar.
Após um momento de reflexão, ele se levantou.
— Por que ela me atacou? — disse ele, irritado.
— Porque você é um idiota! — respondeu o veterano, rindo.
— O que disse?! — exclamou Takemichi, ofendido.
— Calma! Parece que aquela garota é encrenca. Se quer conquistá-la, então se torne mais forte, garoto — aconselhou o veterano, em tom baixo.
— Conquistar? Eu quero me tornar mais forte, isso é fato! E vou superar todos aqui! — declarou Takemichi, determinado.
— Mas abaixa um pouco a bola. Ser forte aqui é uma coisa, mas o que importa é como você se sai no campo de batalha! — retrucou o veterano.
— Entendi! — respondeu Takemichi, saindo em direção à sala de treinamento.
Na sala de treinamento, algum tempo depois.
— Cento e cinco... Cento e seis... — contava Takemichi, enquanto fazia flexões sem parar.
— Ele está mesmo se esforçando! — comentou uma das amigas de Rem, observando de longe.
— Bom para ele! — disse Rem, passando direto por ele e indo para outra área da sala.
Takemichi continuou seu treino, focado.
— Ele está mesmo determinado! — comentou outra amiga.
Minutos depois, exausto, Takemichi caiu no chão.
Uma garrafa de água gelada encostou em seu rosto, assustando-o.
— Não chega assim... — disse ele, virando-se.
— Não quer água? — perguntou o jovem Kay.
— É você! Onde estava? — perguntou Takemichi, pegando a garrafa.
— No meu quarto, descansando! — respondeu Kay, tranquilamente.
— Gêniozinho, é melhor treinar. Talento não supera esforço! — disse Takemichi.
— Você se esforçando? Entendi. Quem é que está tentando superar? — perguntou Kay, curioso.
— A garota que está na nossa frente no ranking — admitiu Takemichi.
— Desiste. Aquela garota é encrenca! — alertou Kay, com um sorriso.
— Que belo amigo você é, hein? Era para me apoiar! — reclamou Takemichi.
— Primeira colocada. Dezesseis anos. Espadachim. Força e resistência maiores que as suas. E a porcentagem de traje dela é 60%. Acha que consegue vencê-la? Seja realista para não se arrepender! — respondeu Kay, analisando os dados.
— Vai voltar para sua namorada antes que ela te largue! — provocou Takemichi.
— É impossível. Estamos perdidamente apaixonados um pelo outro. Ela vai esperar eu voltar para casa! — disse Kay, com confiança.
— Não tem vergonha de falar algo assim? De qualquer forma, eu vou ficar mais forte que ela e assumir o posto de capitão! — declarou Takemichi, determinado.
Kay colocou a mão no ombro de Takemichi, sorrindo.
— Boa sorte! — disse ele, com um tom leve.
— Está debochando, seu maldito! — gritou Takemichi.
— O que vai fazer agora? — perguntou o pai de Kay, observando Takemichi.
— Agachamentos! — respondeu Takemichi, determinado, enquanto se levantava.
— Boa sorte! — disse o pai de Kay, dando um sorriso antes de se retirar.
Takemichi continuou seu treinamento com afinco. No dia seguinte, lá estava ele novamente, repetindo a mesma rotina extenuante.
"Para ser mais forte. Para proteger todos. Para vencê-la... E para me tornar um capitão, eu preciso treinar!" — pensava Takemichi, enquanto suava no limite de suas forças.
Na porta da sala de treinamento, Rem observava em silêncio.
"Melhor eu treinar outra hora..." — decidiu ela, ao ver a intensidade do esforço de Takemichi.
Rem se afastou discretamente. Alguns minutos depois, o alarme da base soou, rompendo o silêncio com sua estridência.
— Que toque é esse?! — exclamou Takemichi, assustado, interrompendo o treino.
Ele saiu da sala e avistou o pátio em alvoroço. Soldados corriam de um lado para o outro, armando-se rapidamente.
— São ghouls? — perguntou Takemichi, o coração acelerado.
— Fica quieto. Nós não vamos com eles. Não temos trajes nem armas prontas ainda — explicou o pai de Kay, calmamente.
— Eu sei disso! — respondeu Takemichi, frustrado, apertando os punhos.
Mais adiante, uma cena chamou sua atenção: Rem discutia com o capitão da época, visivelmente indignada.
— Por favor, me deixe ir também! — implorava Rem, a voz carregada de determinação.
— Você está no nível de uma vice-líder, mas ainda te falta treino. E, acima de tudo, te faltam os equipamentos necessários para lutar! — respondeu o capitão, em tom firme.
— Os trajes não precisam ser sob medida! Me dê qualquer um que pertença a uma garota do meu tamanho. Quanto à arma, eu posso usar aquela espada que utilizei no teste! — argumentou Rem, os olhos faiscando de convicção.
— Pesquisas indicam que trajes que nunca foram usados tendem a liberar maior compatibilidade com seu primeiro usuário. Além disso, aquela espada não foi feita para combate e é menos resistente. Você não vai hoje, e não quero mais ouvir discussão! — decretou o capitão antes de se afastar.
Rem cerrou os punhos, tremendo de raiva, mas não havia mais o que fazer naquele momento.
Os veículos do exército começaram a se mover. Soldados embarcavam com eficiência, ajustando seus equipamentos enquanto o capitão dava as últimas instruções pelo rádio. Logo, os motores rugiram e o comboio deixou a base, levantando poeira pelo pátio. Assim que os veículos desapareceram no horizonte, o lugar ficou silencioso, restando apenas os recrutas.
Takemichi olhou em volta, coçou a cabeça e suspirou:
— Já que não tem jeito, vou voltar a treinar!
— Não! Você já treinou demais! Deixa espaço para os outros, egoísta! — reclamou Rem, caminhando na direção dele com passos firmes.
— Por que está me xingando? Eu não tomei a sala de treino só para mim! — retrucou Takemichi, irritado.
— Fica quieto! — ordenou Rem, interrompendo-o enquanto passava direto e entrava na sala de treino.
— Quem ela pensa que é... — murmurou Takemichi, ainda mais irritado, mas parou ao sentir uma mão no ombro.
Era o pai de Kay, que fez um leve aceno com a cabeça, indicando para Takemichi olhar para o lado.
Do outro lado do pátio, estavam as amigas de Rem cochichando entre si.
— Não tem jeito... — sussurrou uma delas.
— Ela quer ficar sozinha. Vamos fazer outra coisa! — disse outra, balançando a cabeça.
As amigas de Rem saíram discretamente do pátio, deixando claro que a garota precisava de espaço.
— Entendeu? — disse o pai de Kay, soltando o ombro de Takemichi. — Deixa a garota treinar. Agora vai fazer uma pausa!
— Tá bom, já entendi... — respondeu Takemichi, bufando.
O pai de Kay esticou os braços, relaxado, e comentou:
— Vou voltar para o quarto. Tenho que ligar para minha namorada!
— Vai lá, babão! — zombou Takemichi.
— Estou chegando, meu amor! — cantarolou o pai de Kay, afastando-se despreocupado.
Takemichi revirou os olhos e gritou:
— Se é para ficar de grude, então volta para ela, idiota!
Enquanto isso, ele foi buscar uma garrafa de água, resmungando baixinho.
Alguns minutos depois, a curiosidade começou a incomodá-lo. Ele olhou para os lados e decidiu dar uma "espiadinha".
— Não custa nada... — pensou, aproximando-se da porta da sala de treino e olhando pela fresta.
A cena que viu o deixou de boca aberta.
Lá dentro, Rem estava furiosa, e sua voz ecoava pela sala. Ao seu redor, vários robôs de treino estavam despedaçados, peças espalhadas pelo chão. Ela segurava uma espada larga de treino com as mãos firmes, o olhar queimando de raiva enquanto vociferava sozinha:
— "Você ainda não está pronta", "Precisa de equipamento adequado". Que tipo de capitão é esse? Ele acha que eu sou fraca? Que não posso lutar? Se for eu usando até essa arma mata ghouls seu imbecil?! — ela gritou, golpeando outro robô com força, destruindo-o em um único ataque.
Ela parou, ofegante, e ergueu a espada novamente. Takemichi engoliu em seco.
— "Ela é completamente insana... e incrível..." — pensou ele, ainda parado na porta, sem coragem de interromper.
Rem deu mais um golpe devastador em um robô, reduzindo-o a pedaços.
— Capitão idiota! Um dia, eu vou te ultrapassar e te fazer engolir essas palavras! — gritou, sua voz ressoando como um trovão pela sala.
Takemichi ainda estava tremendo quando finalmente tomou coragem e entrou na sala. Rem, de costas para ele, parecia não ter notado sua presença.
— Eu já disse que não quero ser incomodada. Some daqui. — Sua voz era firme, quase como uma lâmina cortando o silêncio.
Takemichi hesitou, seu corpo tremendo e o suor escorrendo por sua testa. Todos os seus instintos gritavam para que ele obedecesse e saísse correndo, mas algo dentro dele, uma fagulha de coragem misturada com teimosia, o fez falar:
— Parece interessante. Se é isso que você quer... então vamos competir para ver quem supera o capitão primeiro!
Rem parou, ainda de costas. O ar na sala pareceu ficar mais pesado, sufocante.
— Você me ouviu? — perguntou ela, sem se virar, sua voz fria como gelo.
Takemichi engoliu em seco, mas não recuou.
— Não precisa responder. Já que disse isso, então você ouviu. — Rem deu um passo à frente, erguendo a espada.
Takemichi tentou firmar os pés no chão, mas seu corpo estava paralisado de medo. Ele sentia cada batida do coração como um tambor dentro do peito.
Rem finalmente virou-se, seus olhos fixos nele, brilhando com um olhar frio e implacável. Lentamente, ela apontou a espada na direção dele, a lâmina parando próxima ao seu pescoço.
— Já que me viu... então terei que te matar. — Sua voz era baixa, mas carregava uma intensidade mortal.
Takemichi engoliu seco, sentindo a ponta da espada tão próxima que poderia jurar que sua respiração desviava o fio da lâmina.
O silêncio na sala era absoluto, exceto pelo som da respiração pesada de Takemichi. Ele sabia que uma palavra errada poderia ser o fim. Mesmo assim, ele fechou os punhos e, tremendo, murmurou:
— Não vou fugir...
Rem manteve o olhar fixo em Takemichi por um momento, avaliando cada movimento dele. Então, lentamente, ela baixou a espada, mas a intensidade de seus olhos permanecia.
— Muito bem, segundo lugar. Vamos deixar uma coisa clara. — Ela deu um passo à frente, quase fazendo-o recuar. — Se eu conseguir virar capitã antes de você, você vai ter que sair do exército.
— Por quê?! — exclamou Takemichi, indignado.
— Porque eu não gosto de você. — Rem cruzou os braços e o encarou com desdém. — Sua presença me dá nojo.
As palavras dela foram como uma faca para Takemichi, mas ele apertou os punhos e controlou a raiva. Em vez de explodir, ele sorriu de forma debochada.
— Se é assim... então, se eu me tornar capitão antes de você, você vai fazer o que eu quiser! — desafiou ele, com o tom firme, mas carregado de determinação.
Rem arqueou uma sobrancelha e, de forma inesperada, cruzou os braços próximos aos seios com um olhar de desdém.
— Pervertido.
Takemichi arregalou os olhos e deu um passo para trás, vermelho de vergonha.
— E-e-eu não quis dizer isso! Não foi o que eu quis dizer! — gaguejou ele, tentando se explicar.
Rem soltou uma risada curta e voltou ao tom sério.
— Tudo bem. Isso nunca vai acontecer mesmo. — Ela estendeu a mão na direção dele. — Então é uma aposta. Mas, se contar para alguém o que viu ou ouviu aqui, eu vou te matar.
Takemichi hesitou por um momento antes de apertar a mão dela, encarando-a com seriedade.
— Agora você é oficialmente minha rival.
Rem fechou os olhos por um instante e sorriu, mas logo abriu os olhos com um brilho desafiador. Sem aviso, ela socou Takemichi no rosto, jogando-o longe. Ele bateu na parede com força e escorregou para o chão.
— Sua rival? Não fique se achando, idiota. — Rem ajeitou a espada no ombro e virou-se para sair da sala. — Eu só estou fazendo uma aposta com você.
Enquanto ela saía, Takemichi gemia de dor no chão, mas uma determinação nova brilhava em seus olhos.
— Eu vou te superar, Rem. Pode apostar nisso.
Rem não respondeu, mas uma leve diferença em sua expressão indicava que ela havia ouvido.
Os dias de treinamento seguiram intensos para Takemichi e Rem, cada um mantendo distância do outro, como se um acordo tácito de não dividirem o mesmo espaço tivesse sido feito. Finalmente, os trajes e as armas estavam prontos, e era o dia de testá-los em ação.
Takemichi estava usando o traje recém-entregue.
— É um pouco apertado! — reclamou ele, tentando se acomodar.
— Treinando feito um louco, é claro que ia ter mudança no corpo! — respondeu o pai do Kay, também usando o seu traje, ajustando a sniper nas mãos com empolgação.
Takemichi pegou os dois machados que recebeu e os avaliou com um olhar admirado.
— Mas o capitão tinha razão. Esses machados são muito mais resistentes que os do treino. E a pegada... bem mais confortável também!
— Pois é! — disse o pai do Kay, erguendo a sniper. — Eu também curti o design dessa belezinha. Dá pra sentir que vai ser letal!
Do outro lado, Rem ajeitava a espada larga que trazia nas costas enquanto analisava o traje.
— Esse traje está um pouco apertado — disse ela com um tom neutro, puxando as luvas para ajustar.
— Ficou justo mesmo — concordou uma de suas amigas, tentando ajustar o traje.
— Do que adianta entregarmos nossas medidas se era pra ficar apertado assim?! — resmungou outra das amigas de Rem.
Takmichi estava observando as reclamações e Nesse momento, Rem olhou para o lado, avistou Takemichi e estreitou os olhos com desdém.
— Pervertido.
As amigas dela seguiram o olhar e, imediatamente, lançaram os mesmos olhares acusadores para Takemichi.
Takemichi ficou vermelho de raiva e frustração, mas apenas virou o rosto, bufando.
— Eu nem fiz nada! — murmurou ele, irritado, enquanto se concentrava nas armas em suas mãos.
Antes que a situação pudesse escalar, o capitão chegou ao pátio com passos firmes e a presença imponente que fazia todos os recrutas se calarem instantaneamente.
— Já chega! — bradou o capitão. — Poucos dias atrás, vocês disseram que queriam lutar. Então, mostrem do que são capazes hoje. Ghouls foram avistados fora da muralha. Vamos eliminá-los!
Os recrutas e soldados veteranos se entreolharam, adrenalina pulsando no ar.
— Sim, senhor! — responderam em uníssono, batendo continência.
Logo, o som do alarme ecoou pela base, um sinal de que a batalha estava prestes a começar. Os soldados começaram a se mobilizar, preparando suas armas e formando os grupos de ataque.
Takemichi, ainda apertando os machados em suas mãos, respirou fundo.
— É agora. —
Rem, por sua vez, apertou o punho na empunhadura da espada nas costas, o olhar determinado.
— Não vou perder para ninguém.
Os dois, sem trocarem uma palavra, sabiam que aquela seria a primeira oportunidade de provar quem era o mais forte.