Tetsu no Chikara: Saigo no Kibō

Chapter 77: Capitulo 77: Rem e Takemichi no exercito 2



Os soldados se dirigiram para os helicópteros e caminhões militares com passos rápidos e coordenados. As hélices dos helicópteros cortavam o ar com força, enquanto os motores dos veículos rugiam em antecipação. Os recrutas, junto com alguns veteranos, foram posicionados nos caminhões, suas armas firmemente presas nas mãos.

Durante o percurso até a floresta próxima à muralha, a tensão era palpável. Os recrutas tentavam disfarçar o nervosismo, mas o ambiente fechado dos caminhões apenas amplificava o silêncio inquietante. Até os veteranos, geralmente confiantes, pareciam mais sérios.

Takemichi, sentado próximo à lateral, olhava de canto para Rem, que mantinha uma expressão serena e impassível.

— "Será que ela está com medo? Essa expressão tranquila não parece de alguém nervosa... Mas e se ela estiver fingindo?" — pensava Takemichi, tentando decifrar os pensamentos dela.

Como se sentisse o olhar dele, Rem virou o rosto em sua direção e lançou um olhar de desdém, como se dissesse sem palavras que ele não era digno nem de observá-la.

Takemichi revirou os olhos e virou o rosto para o outro lado, resmungando baixinho para si mesmo.

— "Ela realmente não tem jeito..."

Os veículos continuaram até alcançarem o limite da floresta, onde pararam em uma formação estratégica. Os caminhões ficaram posicionados a uma distância considerável entre si, prontos para evacuação em caso de emergência. Os helicópteros pairaram um pouco mais longe, mas próximos o suficiente para apoio rápido.

Os soldados desceram dos veículos com suas armas em mãos, assumindo posições.

— Essa área é nossa — bradou um dos líderes, com a voz firme. — Vamos limpá-la. Outras equipes cuidarão de suas respectivas áreas. Mas ouçam bem: se perceberem que não podem dar conta, recuem imediatamente. Não tentem bancar os heróis!

— Sim, senhor! — responderam todos em uníssono, veteranos e recrutas batendo continência.

Formados em fileiras, eles avançaram na floresta, os passos leves para não fazerem barulho. Cada som era analisado com atenção, os olhos atentos a qualquer movimento.

Então, veio o primeiro sinal: o farfalhar das folhas acima.

O barulho cresceu, agora acompanhado de vibrações no chão. Os passos de algo grande e pesado estavam se aproximando.

— Isso... — começou o líder, engolindo seco. — São muitos. Vamos recuar!

O olhar aterrorizado do líder foi o suficiente para espalhar o pânico entre os soldados. Veteranos, que deveriam ser os pilares de calma, começaram a correr, seguidos pelas amigas de Rem e pelo pai do Kay, sem hesitar.

Rem e Takemichi, porém, ficaram paralisados.

— "Por que minhas pernas não se movem?!" — pensava Takemichi, tremendo.

— "Eu preciso fugir! Eu tenho que fugir!" — Rem tentava se convencer, mas seu corpo não respondia.

O barulho ficou mais intenso, e as árvores começaram a cair diante da aproximação dos ghouls.

O líder usou o rádio, sua voz tremendo:

— Quarto esquadrão informando! Movimentação de vários ghouls na nossa área. Estamos recuando!

A resposta veio imediatamente:

— Vocês também? Encontramos vários ghouls na nossa área. A floresta está infestada! Retornem agora! — ordenou o capitão pelo rádio.

Enquanto os outros soldados recuavam rapidamente, Takemichi e Rem ficaram presos no lugar, o terror dominando seus corpos.

Então, um ghoul colossal surgiu entre as árvores caídas. Ele observava os dois enquanto avançava lentamente, derrubando mais árvores com seu peso.

— "Idiota, se move!" — Takemichi gritava mentalmente, tentando forçar seu corpo a reagir.

— "Eu tenho que fugir! Eu tenho que fugir!" — Rem repetia para si mesma, o medo apertando seu peito.

Quando o ghoul chegou a poucos metros, Rem tremeu tanto que sua espada escorregou de suas mãos. Seus olhos se fecharam com força, esperando o golpe que a ceifaria.

O som de carne sendo cortada ecoou pelo ar, mas o golpe não veio.

Ao abrir os olhos, Rem viu o ghoul caído no chão, com uma grande ferida em seu torso. Tremendo, Takemichi segurava seus machados ensanguentados, respirando de forma irregular.

— Por que está com medo? — disse ele, sem se virar, a voz falhando enquanto o suor escorria por seu rosto. — Nem tentáculos esse ghoul tinha. Por que minha rival está com medo de um ghoul tão fraquinho?

Apesar do tom confiante, o corpo de Takemichi tremia tanto que sua bravata parecia mais cômica do que heroica.

Rem olhou incrédula para o ghoul morto.

— "Ele matou!" — pensou ela, surpresa.

— Quanto tempo vai bancar uma gatinha assustada? — continuou Takemichi, ainda sem se virar. — Se levanta! Desse jeito, vai ser mais divertido te vencer depois.

Rem cerrou os dentes, irritada com o tom dele.

— "Esse cara me irrita... mas eu estou devendo uma para ele."

Ela pegou sua espada do chão, respirou fundo e se levantou, o olhar voltando a ser determinado.

Takemichi, ainda tremendo e sem coragem de olhar para trás, começou a sentir algo diferente no ar. Uma mudança sutil, mas poderosa, como se a atmosfera ao seu redor tivesse se transformado.

— "Que mudança foi essa?" — pensou ele, finalmente reunindo coragem para olhar por cima do ombro.

O que ele viu o deixou ainda mais confuso. Rem estava sorrindo. Não era o sorriso de deboche que ela costumava exibir, mas algo confiante e, para sua surpresa, brincalhão.

— Bancando o herói, é? — disse ela, caminhando lentamente na direção dele. — Quer tanto assim tocar meu corpo, senhor pervertido?

O rosto de Takemichi ficou vermelho na mesma hora. Sua expressão de confusão substituiu o medo, enquanto ele gaguejava sem saber o que responder.

— Q-quê?! Que tipo de coisa é essa para dizer agora?! — protestou ele, envergonhado.

Antes que ele pudesse reagir, Rem segurou a mão dele com firmeza e a levou diretamente ao peito dela. Takemichi congelou, seus olhos arregalados enquanto tentava entender o que estava acontecendo.

— Agora estamos quites. — declarou ela, com uma expressão séria, mas logo se afastando. — E só para deixar claro, eu não vou te agradecer.

Takemichi permaneceu estático por alguns segundos, a confusão dominando seus pensamentos. Então, ele finalmente processou a situação e cruzou os braços, o rosto ainda vermelho.

— Que palhaçada é essa?! Com esse traje, não dá para sentir nada!

Rem parou, olhou para ele e deu uma risada sincera pela primeira vez.

— Que azar, senhor herói. Eu também não senti nada.

Ela virou de costas e sacou a espada, ainda rindo baixinho, deixando Takemichi irritado e confuso.

— O que você está fazendo?! Tem muitos ghouls! — gritou Takemichi, alarmado, ao ver Rem parada diante de uma horda de criaturas.

Mesmo cercada por ghouls, incluindo alguns com tentáculos ameaçadores, Rem não parecia demonstrar um pingo de medo. Pelo contrário, ela exalava confiança, como se fosse uma pessoa completamente diferente.

— "O que aconteceu com ela?" — Takemichi pensou, confuso e incapaz de tirar os olhos dela.

— Seus idiotas, fujam daí! — bradou o pai de Kay, aproximando-se com o líder e alguns veteranos.

— Espera! — disse Takemichi. — Quero ver o que vai acontecer.

Os soldados que chegaram olharam para a cena, percebendo o corpo de um ghoul abatido e o machado do takemichi manchado de sangue.

— "Foi o Takemichi que fez isso?" — pensaram alguns, surpresos.

— Rem, saia daí! — gritou uma das amigas dela, o desespero evidente na voz.

Rem ignorou completamente o aviso. Sem dizer nada, ela largou a bainha da espada no chão e começou a correr em direção aos ghouls.

— Ela está... sorrindo? — exclamou o líder, assustado com a expressão selvagem no rosto da garota.

A floresta parecia ficar mais silenciosa enquanto Rem avançava. O primeiro ghoul, um sem tentáculos, foi cortado ao meio com um único golpe preciso.

Ela então desviou do ataque de outro ghoul, girando em um movimento gracioso e decapitando-o antes que pudesse reagir. Um terceiro ghoul tentou atingi-la com seus tentáculos, mas ela saltou para trás e, em um movimento fluido, cravou a espada em seu torso, arrancando um grito de agonia da criatura.

Os golpes de Rem eram precisos, rápidos e letais. Em questão de segundos, todos os ghouls diante dela estavam caídos no chão, mortos.

Rem ficou parada por um momento, ofegante, mas com um sorriso vitorioso nos lábios. Ela se virou para Takemichi, o olhar brilhando de confiança.

— Você viu isso? — disse ela, provocativa. — Se quer mesmo ser meu rival, vai ter que...

— Olha para trás! — gritou o pai de Kay, apontando.

Rem arregalou os olhos, sentindo o perigo, mas não teve tempo de reagir. Um dos ghouls caídos, em seu último suspiro, lançou um tentáculo diretamente em suas costas.

Antes que o golpe a alcançasse, Takemichi surgiu de repente, cortando o tentáculo com seu machado, o impacto levantando faíscas.

— Vai ficar me devendo de novo! — disse Takemichi, com um sorriso no rosto.

Rem olhou para ele, claramente surpresa, mas rapidamente recuperou a compostura.

— Eu ia desviar! — protestou ela.

— Você por acaso tem duas personalidades? — disse Takemichi, exasperado. — Nem parece a mesma de sempre!

Rem apenas deu um sorriso travesso e passou por ele, enquanto o grupo tentava processar o que acabara de acontecer.

— Não se ache tanto, eu estou com seis ghouls na frente de você! Você só matou um! — disse Rem, com um sorriso desafiador no rosto.

— Terror dos ghouls... essa garota tem um talento nato! — pensou o líder, impressionado com a habilidade de Rem.

Takemichi, com uma expressão de desafio, levantou a mão e apontou para a floresta, sorrindo de canto.

— Sete a um! Ainda está perto, então vamos decidir?! — exclamou ele.

— Por mim, tudo bem! — respondeu Rem, sua voz brincalhona, como se aquilo fosse um jogo.

Os dois seguiram na mesma direção mantendo distancia um do outro, indo em direção as areas que os outros esquadrões era para limpar.

— Esperem! — gritou o líder, correndo atrás deles.

Mas nem Takemichi nem Rem hesitaram e continuaram avançando sem olhar para trás.

Alguns minutos depois, ambos saíram da floresta, encontrando todos os atiradores apontando suas armas para eles.

— Se acalmem, já terminei! — disse Rem, seu traje agora completamente manchado de sangue.

Takemichi, com uma expressão de leve exasperação, olhou para os atiradores e corrigiu Rem.

— Corrigindo, nós terminamos. Eu matei sete a menos que você, mas matei mais com tentáculos! — Takemichi disse, com um sorriso forçado.

— Não é minha culpa se os ghouls com tentáculos estavam do lado em que você estava indo, mas ghoul é ghoul! — respondeu Rem com um tom de brincadeira.

Embora ainda estivesse com aquele sorriso zombeteiro, No combate rem parecia diferente. Ela estava se movendo mais rápido, seus reflexos mais apurados, como se estivesse se adaptando de maneira instintiva ao combate. Takemichi observou ela, mas com um pensamento claro em sua mente:

— Em nível de comparação... ela é mesmo melhor do que eu!

Ele tentou não mostrar sinais de frustração, mas algo dentro dele não pôde deixar de se perguntar até onde ele teria que ir para alcançar o nível dela.

O grupo ao redor ainda observava os dois com expressões de surpresa e descrença. Alguns soldados cochichavam, enquanto os líderes trocavam olhares preocupados.

— Vocês dois são completamente malucos! — disse o pai do Kay, aproximando-se de Takemichi, segurando-o pelo ombro. — Sair da formação para caçar ghouls por conta própria? Isso poderia ter matado vocês!

— Mas não matou, então não se preocupe tanto. — Takemichi deu de ombros, tentando parecer despreocupado, embora ainda estivesse claramente cansado do combate.

O líder respirou fundo, claramente irritado.

— Vocês podem ser habilidosos, mas se continuarem agindo assim, vão acabar colocando os outros em risco. A próxima vez que um de vocês quebrar a formação sem ordem, eu pessoalmente vou garantir que ambos sejam punidos!

— Sim, senhor. — disseram os dois em uníssono, embora com vozes claramente despreocupadas.

A situação foi contornada, e o esquadrão começou a se reagrupar. Soldados verificavam os corpos dos ghouls, outros ajudavam a carregar suprimentos e equipamentos para os caminhões. Takemichi e Rem, no entanto, mantiveram-se afastados, cada um cuidando de suas armas.

Enquanto limpava suas lâminas, Takemichi olhou de canto para Rem. Ela parecia diferente. Aquela confiança que ela exalava no campo de batalha era algo que ele nunca tinha visto antes.

— Você realmente é algo... — murmurou para si mesmo.

— Está me admirando de novo, senhor pervertido? — disse Rem, sem sequer olhar para ele, mas com um sorriso zombeteiro no rosto.

Takemichi virou o rosto, vermelho de raiva.

— Não estou, sua maluca! Estava só pensando no quanto você é irritante!

Rem deu uma risadinha e continuou a cuidar de sua espada.

— Ótimo. Continue assim. Quanto mais irritado você ficar, mais divertido será te vencer.

— Agora está reconhecendo minha força? Foi mais rápido do que esperei! — disse Takemichi, com um sorriso provocador.

— Não se ache tanto! — retrucou Rem, cruzando os braços e o encarando.

Dois meses depois, alojamento, quarto de Takemichi

— O quê? O que você disse? — exclamou Takemichi, surpreso.

— Estou deixando o exército. Infelizmente, este é meu limite com vocês. — O pai de Kay anunciou, com um olhar sereno, mas carregado de emoção.

— Mas por quê...? É por causa da sua namorada? — perguntou Takemichi, intrigado.

— Pois é! Ela está grávida. — O pai de Kay sorriu, orgulhoso.

— Isso é sério? — Takemichi se inclinou para frente, incrédulo.

— Ela queria manter segredo, mas essa é a verdade. Vou voltar para casa. Já conversei com o capitão.

— Isso é uma ótima notícia! É uma pena você sair justo agora que estava perdendo o medo de lutar.

— Medo? Nunca! Se for para deixá-las sozinhas, eu luto contra qualquer coisa!

— "Elas"? É uma menina? — Takemichi arregalou os olhos.

— Ainda é cedo para saber, mas espero que seja um garotinho.

Takemichi se levantou e abraçou o pai de Kay.

— Estou feliz por você. Eu... eu voltaria para casa também, mas...

— A Rem é a garota que você tanto esperou. Tente não demorar muito. — O pai de Kay retribuiu o abraço.

— Nós não temos esse tipo de relação!

— Você é o único que desperta aquele outro lado dela. Mas ouça, eu voltarei antes, mas quando você se tornar capitão, volte para casa. E mesmo que a Rem vire capitã antes, volte para visitar.

— Eu serei o capitão! Já estou quase alcançando ela!

— Claro que vai, meu amigo. Se cuida. — O pai de Kay pegou as malas e caminhou até a porta.

— Você também.

Quando a porta se fechou, Takemichi olhou para a cama agora vazia. Um sentimento de vazio e tristeza o dominou.

— "Nada de ficar na deprê! Ele está voltando para a família. Isso é algo bom!" — disse Takemichi, tentando se animar.

Saindo do alojamento, ele caminhou até o pátio e observou o helicóptero decolar.

— Que cara de bunda é essa? — Rem surgiu por trás, pulando em suas costas.

— É você!

— Tem uma bela garota te abraçando e você reage assim? Quer apanhar?

— Que "garração" é essa? — disse uma voz feminina atrás deles.

Rem recuou de imediato.

— Você me assustou! — reclamou ela.

Lily, uma recruta e amiga de infância de Takemichi, deu uma risadinha.

— Desculpa, não resisti. Vocês estavam tão distraídos!

— O que você quer? — perguntou Takemichi.

— É assim que trata sua amiga de infância?

— Um dos seus amigos de infância está partindo agora. — Rem apontou para o helicóptero já distante.

— Ele está voltando para minha outra amiga de infância, então está tudo bem. Ah, o capitão está te chamando, Takemichi.

— Logo agora? — Rem reclamou.

— Vai logo, antes que eu vá te arrastar! — provocou Lily.

Rem se afastou, olhando para Lily com desconfiança.

— E então? — Lily se aproximou de Takemichi.

— E então o quê?

— Quando vai avançar nela?

— Vocês também? Já disse que não temos esse tipo de relação!

— Homens... Garotas como Rem são disputadas. Ela só dá atenção a você. Se continuar assim, outros vão perceber o que ela tem de especial.

— Não temos esse tipo de relação!

— Homens!

Pouco tempo depois, Rem retornou.

— Já acabou? — perguntou Lily.

— Ele só queria perguntar algo. Takemichi, o capitão está te chamando.

— Agora eu? — resmungou ele, corado.

Após Takemichi sair, Lily olhou para Rem com um sorriso de lado.

— Acho que ele está começando a abrir os olhos.

— O que isso significa?

— Você verá.

Mais tarde, Takemichi voltou, mas parecia distraído. Sem dizer nada, ele segurou a mão de Rem e a conduziu até o banco no pátio.

Takemichi respirou fundo enquanto segurava a mão de Rem. Ele a conduziu até o banco no pátio, os passos firmes, mas o coração batendo forte.

— Ei! Puxar uma garota por aí sem dizer nada? Isso é coisa de pervertido, sabia? — brincou Rem, tentando aliviar o silêncio.

Ele a ignorou e apenas apontou para o banco.

— Senta.

— O quê? Quem você pensa que é para me dar ordens? — respondeu Rem, mas mesmo assim sentou-se, cruzando os braços.

Takemichi ficou de pé à frente dela, claramente nervoso, mas determinado. Rem arqueou uma sobrancelha, surpresa com a postura dele.

— Por que me recomendou para o posto de capitão? — perguntou Takemichi, com o tom firme, mas carregado de incerteza.

— Já te disse, não quero o trabalho de liderar uma divisão inteira.

— Mentira. Você não é o tipo que foge de responsabilidades. Por que fez isso de verdade?

Rem inclinou a cabeça, confusa. Takemichi estava diferente. Mais sério, mais intenso.

— Está irritado? Pensei que você fosse gostar. Não era isso que você queria desde o começo?

— Sim, eu queria. Mas não desse jeito. Não com você jogando fora o que poderia ser seu.

— Se não quer o posto, posso sugerir outra pessoa. Talvez Lily? — provocou Rem, levantando-se para sair.

— Espera! — Takemichi a segurou pelo braço. — Chega de fugir das perguntas, Rem. Por que você fez isso?

— Já disse! Capitães não têm tempo para nada, e isso não combina comigo. Prefiro viver como eu quiser.

— Isso não faz sentido! Desde o início, você foi a mais determinada, a mais forte! Por que está mentindo?

— Quem você pensa que é para me questionar assim? — retrucou Rem, com um leve sorriso provocador. Mas havia algo no tom de Takemichi que a deixou inquieta.

— Sou seu parceiro. E parceiros não mentem um para o outro. Certo?

Rem hesitou. Ele estava falando sério. Por um momento, ela sentiu-se desconfortável, como se não pudesse escapar da conversa.

— Não mentiria para meu parceiro. Não faz sentido mentir para alguém assim.

Takemichi fechou os olhos por um instante, organizando seus pensamentos. Ele sabia que precisava dizer. Se não fosse agora, talvez nunca tivesse outra chance.

— Então, nesse caso... seja minha mulher.

A frase caiu como uma bomba. Rem arregalou os olhos, completamente desnorteada.

— O quê?

— Você ouviu. Seja minha mulher.

— Você tá louco? — Rem deu um passo para trás, confusa e, ao mesmo tempo, vermelha como nunca antes.

— Eu não estou louco. Desde que te conheci, você me surpreendeu a cada momento. Você me desafia, me empurra para ser melhor. Até nos momentos em que você é insuportável, eu não consigo deixar de admirar você. E agora, depois de tudo, percebi que não quero estar nesse lugar sem você ao meu lado.

— Takemichi... eu... — Rem tentou interromper, mas ele continuou.

— Eu não quero competir com você porque somos rivais. Quero competir com você porque você me faz querer ser alguém que você possa respeitar, alguém digno de lutar ao seu lado. Então, sim, estou dizendo: seja minha mulher. Fique ao meu lado. Para sempre.

Rem ficou sem palavras. O nervosismo e a intensidade de Takemichi a desarmaram completamente. Ela tentou responder, mas o turbilhão de emoções a impediu.

— Isso é tão repentino! Você não pode simplesmente... Ah, eu não sei o que dizer! — disse Rem, dando um passo para trás.

Takemichi a encarou com determinação.

— Se a ideia de ser minha mulher te desagrada tanto assim, apenas diga. Mas não fuja, Rem. Por favor, não fuja.

Rem sentiu o peso daquelas palavras. Mas, em vez de responder, ela girou nos calcanhares e correu, desaparecendo pelo pátio. Takemichi ficou parado, observando-a partir, sem saber se tinha feito a coisa certa ou errado.

Ele se sentou no banco e suspirou, segurando o rosto com as mãos.

— "Eu não consigo entender ela. Por que ela me ajudou a chegar tão longe? Por que ela fez tudo isso? Eu não entendo. Rem... de verdade, eu não entendo você."


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