Tetsu no Chikara: Saigo no Kibō

Chapter 72: Capítulo 72: Essa informação muda tudo!



— Eu vou dormir. Estou me sentindo... estranho. — anunciou ele, com a voz baixa.

— Estranho? — perguntou Mira, alarmada.

Sem aviso, Kay inclinou-se e beijou Mira, surpreendendo-a.

— Desde que encontrei aquele mini-ghoul, só preciso descansar. Quando acordar, estarei 100%. — explicou Kay, com um meio sorriso.

— Tudo bem. Então, bom descanso. — respondeu Mira, ainda atônita.

Kay deu um leve sorriso antes de dizer:

— Depois podemos jogar algum jogo juntos.

— Sim! — respondeu Thais, animada.

De repente, Kay virou-se para ela e, num gesto inesperado, a beijou também.

— O quê?! — exclamou Thais, completamente corada e olhando para ele com os olhos arregalados.

Kay, confuso, arqueou as sobrancelhas.

— Eu deveria ter avisado? — perguntou ele, genuinamente intrigado.

— Claro que sim! Você me pegou totalmente desprevenida! — respondeu Thais, tentando disfarçar o rubor intenso.

— Na próxima, eu aviso. — disse Kay, casualmente, enquanto se afastava.

"Próxima?!" — pensou Thais, ainda mais envergonhada, sentindo o coração disparar.

Kay caminhou até Rem, que o observava com um sorriso travesso.

— Vai me dar um beijinho também? — perguntou ela, fazendo um biquinho provocador.

Kay riu baixinho e envolveu-a em um abraço caloroso.

— Eu não vou ficar muito tempo preso, mas, enquanto isso, tome conta da Mira e de todos. Confio em você. — disse Kay, a voz séria, ainda mantendo-a em seus braços.

— E o meu beijinho? — insistiu Rem, sem perder o tom brincalhão.

Kay deu um beijo suave na bochecha dela.

— E cuide-se também.

— Pode deixar! — respondeu ela, sorrindo enquanto o soltava.

De formas diferentes, mas eu amo vocês! — disse Kay, com sinceridade.

— Que bonitinho, mostrando seus sentimentos assim! — brincou Rem, enquanto fazia um cafuné nele, o carinho contrastando com o tom travesso.

Kay deu um sorriso discreto, mas logo se afastou, pegando o traje e suas armas.

— Eu estou indo. — anunciou ele, com uma calma firme.

Antes que pudesse dar outro passo, Thais e Mira correram em sua direção e pularam nele, abraçando-o com força.

— O que foi isso? — perguntou Kay, surpreso, tentando manter o equilíbrio.

— Pareceu uma despedida. — disse Mira, apertando-o mais forte.

— Sim! — confirmou Thais, a emoção evidente em sua voz.

Kay suspirou profundamente, olhando para as duas.

— E eu que estava tentando ser romântico... — murmurou ele, sem esconder o tom de leve frustração.

Mira ergueu os olhos para ele, séria.

— Mas parecia que você estava indo embora para nunca mais voltar! — disse Thais, completando o pensamento de Mira, com um olhar preocupado.

Kay ficou em silêncio por um momento, sentindo o peso da preocupação delas. Então, deu um sorriso reconfortante e colocou uma mão no ombro de cada uma.

— Eu vou dormir um pouco. Depois encontro vocês. — disse Kay, com um tom casual

— Hoje? — perguntou Mira, arqueando as sobrancelhas, intrigada.

— Talvez... ou amanhã. — respondeu ele, com um leve sorriso despreocupado.

— Imaginei. — disse Mira, cruzando os braços e o observando com atenção.

Kay pegou uma garrafa de água e a levantou.

— Eu ainda tenho um tanque!

Mira tomou a garrafa de suas mãos com um movimento ágil.

— Vai dormir! — ordenou ela, com firmeza.

— Tá! — respondeu Kay, surpreso com a atitude dela.

Mira o encarou, apontando um dedo em sua direção.

— E nada de sair beijando as garotas sem avisá-las antes!

Kay sorriu envergonhado

— Tá!

Thais, que assistia a cena, deu um passo à frente, ainda ligeiramente corada.

— Eu... não me importo. — disse ela, desviando o olhar. — Foi a minha primeira vez, então só fiquei um pouco surpresa.

Kay deu um sorriso tranquilo.

— É melhor eu ir dormir antes que o capitão apareça para me mandar fazer alguma coisa! — disse Kay, levantando-se com um suspiro.

— Bons sonhos! — desejou Mira, com um leve sorriso.

— Até mais! — disseram Thais e Rem quase em uníssono, acenando para ele.

Kay deu uma última olhada para as três antes de se retirar, caminhando calmamente em direção ao dormitório.

A cena muda.

— Ele não disse nada de importante, apenas deixou os pensamentos tomarem conta antes de adormecer.

— Qual é o problema desse cara? Só vive dormindo! — resmungou Takemichi, com irritação evidente.

— Nem comento mais sobre isso... — disse Kratos, balançando a cabeça, exausto.

— Se ele dormir agora, amanhã será problemático. Não acordem ele. Vocês três, vão para o refeitório! — ordenou Takemichi, firme.

— Certo! — responderam os três soldados em uníssono, se levantando rapidamente.

A cena muda.

No refeitório, o clima parecia leve.

— Eles estão tão animados. Olhando assim, nem parece que haverá um julgamento amanhã... — comentou Lena, observando o grupo de longe.

— É melhor assim. Ver tristeza agora só atrapalharia o que vem pela frente. — respondeu Joana, com um sorriso fraco.

— Pessoas moldadas pela guerra se tornam mentalmente fortes. — disse Rem, que estava sentada à mesa com os líderes, sua postura serena contrastando com a tensão do momento.

— O exército precisa do garoto. Tenho certeza de que eles não pegarão pesado no julgamento dele. — afirmou Takemichi, com determinação.

— Nossa divisão conquistou muito graças ao Kay. Não podemos permitir que ele seja preso por muito tempo. — declarou Lena, cerrando os punhos.

Rem interrompeu, inclinando-se para frente:

— O Kay pode até aguentar alguns dias ou meses preso, mas há uma coisa que não podem tirar dele: o café. Se ele ficar sem café por duas semanas, ele vai morrer.

Os líderes arregalaram os olhos, surpresos.

— Como assim? — exclamou Lena, incrédula.

— Café é o combustível dele. E tem mais: sem café, ele não consegue comer nada. Ele simplesmente perde toda a disposição e passa a maior parte do tempo dormindo. Em resumo: ele literalmente morreria de fome. — explicou Rem com um tom grave.

— Duas semanas? Isso não é tempo suficiente para alguém morrer de fome... — começou Lena, mas foi interrompida.

— Ele também não beberia nada. O corpo não aguentaria. — completou Rem.

— E por que isso acontece? — perguntou Ryuji, visivelmente preocupado.

— Eu não sei ao certo. Mas tem sido assim há anos.

— Então nem sempre foi assim? — perguntou Joana, surpresa.

Rem respirou fundo antes de responder:

— O café que a Mira faz e a comida que eu preparo foram as últimas coisas que ele comeu junto com a mãe dele. Acho que isso está ligado a algo psicológico. Ele sempre vomita outras comidas. Então, precisa tomar café antes e depois de comer. Caso contrário, ele manda tudo pra fora no final do dia.

O silêncio tomou conta da mesa.

— Isso significa que, durante o tempo na prisão, ele não poderá comer nada? — perguntou Lena, alarmada.

— Exato. Por isso, é essencial que a Mira ou alguém leve café para ele. Caso contrário, vamos invadir a prisão e tirá-lo de lá. — afirmou Rem, com um sorriso perigoso.

— Nem pense em fazer isso! — repreendeu Takemichi, firme.

— Eu não vou. — respondeu Rem, sorrindo de maneira tranquila.

Takemichi suspirou e murmurou:

— Entendi. Então é assim que as coisas funcionam com o garoto... Não esperava que a situação fosse tão grave.

Rem cruzou os braços e acrescentou:

— É por isso que queremos ajudá-lo a experimentar novas emoções e aprender a lidar com elas. Não fique bravo pelo fato de ele ter mais de uma garota ao lado dele. Foi uma decisão minha e da Mira.

A mesa ficou em completo silêncio. Mira, que bebia seu suco, engasgou e começou a tossir ao ouvir as palavras inesperadas de sua mãe.

— Mais de uma? Eu entendi errado? — perguntou Takemichi, tentando manter a compostura.

— Não, você não entendeu errado. — respondeu Rem, casualmente. — Se ele se conectar com mais pessoas, isso trará mais benefícios para a vida dele. E eu não quero que meu genro seja uma pessoa triste, que pode morrer a qualquer momento só por não se alimentar.

"Então fomos usadas?" — pensaram Ravena e Thais, chocadas e tentando esconder a expressão de frustração.

Viviane e Sarah trocaram olhares preocupados ao perceberem o impacto nas amigas.

"Eu não deveria ter falado com ele... Sou uma idiota!" — pensou Ravena, arrependida.

Takemichi, no entanto, não parecia convencido:

— Eu não aprovo esse tipo de relacionamento. Se ele quer algo com minha filha, então que seja apenas com ela!

Thais murmurou, compreensiva:

— Acho que isso é o normal de se pensar...

Rem balançou a cabeça, mantendo-se calma:

— Não seja tão egoísta, querido. Essa foi uma decisão nossa, minha e da Mira. É o melhor para eles.

Takemichi apertou os olhos, descrente:

— E já decidiram quem é a garota?

Ravena e Thais gelaram.

"Não fala, Rem, por favor, não fala!" — ambas pensaram ao mesmo tempo.

Nesse momento, Kay entrou no refeitório, sonolento, segurando sua inseparável garrafa de café em uma mão e uma xícara na outra.

— Boa noite. — cumprimentou ele, com a voz rouca de sono.

"Chegou na hora errada!" — pensaram todos, tensos.

Kay caminhou até a mesa dos cientistas, aparentemente alheio à atmosfera carregada.

— Bem na hora. Tenho alguns assuntos para tratar com você! — disse Takemichi, levantando-se.

Kay ignorou completamente a declaração e continuou andando até Fernanda.

— Vou pegar você emprestada. — disse ele, segurando a mão dela.

— O quê? — exclamou Fernanda, confusa.

— Tenho uma dúvida para tirar com você e com o capitão. — explicou Kay, ajudando-a a se levantar.

Sem esperar por permissão, ele a conduziu até a mesa dos líderes.

— Não me ignore quando estou falando com você! — gritou Takemichi, mas Kay simplesmente encheu outra xícara de café e bebeu calmamente.

— Maldito! — rosnou Takemichi, sentindo o sangue ferver.

Kay sentou-se com Fernanda, puxando cadeiras de outra mesa.

— Eu estive pensando no que aconteceu hoje e queria perguntar algo a vocês. Claro, se souberem de algo, fiquem à vontade para falar.

Os líderes e soldados presentes trocaram olhares confusos e curiosos.

— Ghouls entendem nosso idioma? — perguntou Kay, com um tom indiferente.

A sala inteira ficou em silêncio.

— Como assim? Ghouls são seres irracionais, movidos apenas pelos instintos de predador! — exclamou Fernanda, incrédula.

— Isso é o que sempre dizem. Mas quando um bebê ou um animalzinho faz algo errado, eles percebem quando estão sendo repreendidos, mesmo sem entender palavras. A intenção por trás da voz, o tom, a expressão... Isso comunica mais do que palavras. Hoje, eu não ameacei o mini-ghoul com minha vontade de matar. Ele entendeu apenas pelo que eu disse. Esse mini-ghoul não é tão irracional assim.

O silêncio se tornou ainda mais pesado.

— Isso é loucura! Está dizendo que existe um ghoul inteligente? — perguntou Fernanda, horrorizada.

Todos presentes começaram a tremer com a ideia.

— Quero testar isso. Consegue ligar para o responsável que está com o mini Ghoul? — perguntou Kay, com determinação.

— Consigo... Mas o que você vai fazer? — questionou Fernanda, intrigada.

— Vou dar uma ordem. Se ele obedecer, então isso comprova que ele é inteligente. Se ele não obedecer, ficará a dúvida: ele é irracional ou só obedece quando a pessoa que dá a ordem está presente no local? — explicou Kay, com um olhar analítico.

— E o que vai fazer se eles forem racionais? — indagou Takemichi, desconfiado.

Kay fez uma pausa e, com um sorriso enigmático, respondeu:

— Aí, eu conto o sonho que tive enquanto dormia, pensando nisso.

— Sonho? — repetiu Takemichi, franzindo o cenho, cético.

— Consegue ligar? — insistiu Kay, ignorando a incredulidade.

— Consigo... Só não sei se eles vão deixar a gente ver o mini Ghoul. — respondeu Fernanda, hesitante.

— Sei que você vai dar um jeito. — disse Kay, levantando-se lentamente.

— Está indo aonde? — perguntou Fernanda, confusa.

— Só vou pegar comida. Convença eles enquanto isso. — respondeu Kay, afastando-se com tranquilidade.

Fernanda pegou o celular, hesitando por um momento.

"Se isso estiver certo, algo maior está por vir." — pensou Kay, enquanto se afastava.

Do outro lado da mesa, Rem observava em silêncio, mas murmurou baixinho:

— Se isso estiver certo, algo maior está por vir.

Fernanda começou a ligação. Sua voz profissional preencheu o ar:

— Sim, aqui é a cientista-chefe da sexta divisão.

— Sim, do que precisam? — perguntou uma voz masculina, do outro lado da linha.

— Hoje, nosso pessoal enviou um ghoul diferente para o instituto. Temos algo importante a confirmar pelo bem da humanidade. Poderiam liberar o acesso ao mini Ghoul? — disse Fernanda, direta.

— Creio que isso seja difícil agora. Ainda não realizamos testes nele. — respondeu o cientista.

Fernanda inclinou-se para frente, insistindo:

— Como cientista, acredito que o teste que vamos realizar pode mudar completamente o rumo das nossas pesquisas. Podemos fazer isso por chamada mesmo, mas precisamos vê-lo.

Houve um silêncio momentâneo antes de outra voz masculina ser ouvida ao fundo:

— A sexta divisão contribuiu muito para nossa pesquisa. Deixe que façam.

O cientista voltou a falar, relutante:

— O chamado mini Ghoul não reagiu desde que acordou. Ele só ficou sentado no canto da jaula.

— Consegue mostrar ele na chamada e deixar que ouça nossa voz? — pediu Fernanda.

— Sim. Vou ativar o microfone e mudar para a chamada de vídeo. — respondeu o cientista.

No celular, a imagem mudou para o interior de uma sala de contenção. Uma jaula de noxium abrigava o mini Ghoul, que estava sentado no chão, imóvel, observando os arredores.

— Vou aproximar o celular do microfone. Ele ouvirá tudo o que vocês disserem. — explicou o cientista.

— Obrigada. — disse Fernanda, respirando fundo.

O cientista ativou o microfone e aproximou o celular.

— Podem começar. — informou ele.

Fernanda olhou para Kay, que ainda estava no balcão pegando comida. Virou-se para Takemichi, que apenas acenou para que ela tentasse algo.

— Mini Ghoul! — chamou Fernanda, sua voz ecoando na sala de contenção.

O mini Ghoul levantou a cabeça e olhou ao redor, mas não se moveu.

— Ele só observa, não faz mais nada. — comentou o cientista.

— Espere um minuto. Estou aguardando uma pessoa. Ele é quem fará o teste. — explicou Fernanda.

— Tudo bem. Avisem quando estiverem prontos. — disse o cientista, desligando o microfone.

Kay voltou com sua bandeja, sentando-se calmamente.

— O que foi? — perguntou ele, enquanto começava a comer.

— Estamos prontos. Ligue o microfone novamente. — disse Fernanda ao cientista.

— Ativando o microfone. — informou ele, ajustando o celular. — Podem falar.

Fernanda entregou o celular a Kay. Ele olhou para a tela, observando o mini Ghoul na jaula.

— Mini Ghoul! — chamou Kay, sua voz clara ecoando pelo microfone.

O mini Ghoul se levantou lentamente, procurando a origem da voz.

— Ele reagiu! — exclamou Fernanda, surpresa.

Fernanda, Takemichi e os líderes observavam atentamente.

— Mini Ghoul, bata duas vezes devagar nessa jaula que te prende. — ordenou Kay, a voz firme.

Por um instante, nada aconteceu.

— Não deu certo? — murmurou Takemichi, apreensivo.

De repente, os tentáculos do mini Ghoul se moveram, acertando a jaula duas vezes com força.

— Entendi. Essa é a resposta, então. — disse Kay, pensativo. — Mini Ghoul, esta é uma ordem: jamais mate os humanos. Você só pode matar outros ghouls. Sente-se novamente se entendeu.

O mini Ghoul obedeceu e voltou a sentar-se no centro da jaula.

— O quê? — exclamaram os cientistas do outro lado da chamada, atônitos.

Kay continuou:

— Esses humanos não vão te fazer mal. Para mostrar isso, eles vão te dar um ghoul por dia para comer, começando por hoje. Levante um tentáculo e abaixe novamente se entendeu.

O mini Ghoul levantou um dos tentáculos e o abaixou logo depois.

— Deem um ghoul para ele comer. — ordenou Kay, devolvendo o celular para Fernanda e voltando à sua refeição.

Fernanda assumiu o controle da conversa:

— Continuem as pesquisas e alimentem o ghoul. Mas tenham ciência de que ele entende nosso idioma.

Kay interrompeu, olhando de canto:

— Dado o comportamento desse mini Ghoul, podemos esperar que, nos reinos caídos e além deles, existam outros ghouls inteligentes. Repassem essa informação para as outras divisões.

— Entendido. Faremos isso imediatamente. — confirmou o cientista antes de encerrar a chamada.

Kay continuou comendo, enquanto o silêncio reinava no refeitório. 


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