Tetsu no Chikara: Saigo no Kibō

Chapter 60: Capítulo 60: Preparativos para a missão



Eles saíram do alojamento e seguiram para o refeitório.

— Vocês são ligeiras! Já estão com os trajes? — disse Kay, surpreso, enquanto ajustava o próprio equipamento.

— Meu pai já nos contou sobre a missão. — respondeu Mira com um sorriso discreto.

— Já falou com ele? — exclamou Kay, arqueando uma sobrancelha.

— Sim. — confirmou Mira, cruzando os braços.

"Entendo... é por isso que ele estava agindo daquela maneira." — pensou Kay, relembrando o comportamento estranho de Takemichi mais cedo.

Enquanto Kay se perdia em seus pensamentos, os recrutas ao redor os observavam com curiosidade, cochichando entre si. Kay e os demais entraram na fila do refeitório.

— Vai tomar café com a gente? — perguntou Mira, surpresa ao ver Kay pegar uma bandeja.

— Perdi muitos nutrientes. Preciso repor. Dessa vez, só café não vai dar! — respondeu Kay, esfregando o estômago vazio.

— Imaginei, pelo tanto que você suou e pelos dias que ficou sem comer. — disse Mira, com um tom de preocupação.

Kay olhou ao redor, franzindo o cenho.

— Esses olhares já estão me incomodando.

Os recrutas da fileira continuavam a encará-los. Kay desviou os olhos para a mesa dos veteranos, que também os observavam de canto. Ele suspirou antes de se virar para eles.

— Não guardo rancor. É normal sentirem medo depois de uma pressão daquelas. Então, eu perdoo vocês! — declarou Kay, erguendo a voz para ser ouvido.

Os líderes veteranos se levantaram de suas cadeiras e se aproximaram.

— Nos deixe pedir desculpas pelo que aconteceu. — disse um deles, com um olhar sincero.

— Não foi nossa intenção agir daquela maneira. — completou Ryuji.

Kay acenou com a mão, tentando encerrar o assunto.

— Estão todos perdoados. Agora parem de me encarar assim. Isso é bizarro!

— Parabéns pela recuperação. — disse Lena, com um sorriso gentil.

— Obrigado. — respondeu Kay, aliviado.

Os veteranos voltaram para suas mesas, e Kay murmurou baixinho:

— Esse pessoal é sério demais...

— São soldados. É natural. — comentou Ravena, dando de ombros.

Kay inclinou a cabeça e sorriu de lado.

— Você é séria por ser soldado, ou é soldado por ser séria?

— Confesso que não entendi. — respondeu Ravena, franzindo o cenho.

Nesse momento, o comunicador de Kay vibrou. Ele olhou para a mensagem e suspirou.

— Entendo... Eu não quero chamar atenção, mas não sei vocês. Vários repórteres do reino vão estar lá, junto com a família real.

— Usar máscara? — perguntou Ravena, surpresa.

— Oficialmente, sou o líder do quinto esquadrão. Aparência desconhecida, ocultada por uma máscara. — explicou Kay, colocando o dispositivo no bolso.

Mira estreitou os olhos.

— Está se divertindo com isso, não é?

Kay se aproximou e sussurrou no ouvido dela:

— Pense no capitão e nos líderes. Vocês viram no festival como o público sempre parava eles mais do que os outros soldados. Eu não quero isso para mim.

— Entendo a lógica, mas vejo segundas intenções nisso. — disse Ravena, com um olhar acusador.

— Não tem! — retrucou Kay, desviando o olhar.

— Sei... — respondeu Ravena, encarando-o.

O silêncio foi interrompido por Takemichi, que apareceu no refeitório com passos firmes.

— O que estão fazendo?! — exclamou ele, cruzando os braços.

— Indo tomar café. — respondeu Kay com naturalidade.

— Mas você é um imbecil mesmo. Se vocês vão ser os primeiros na missão, por que estão no final da fila?! — Takemichi explodiu, apontando para eles.

— Eles acordaram primeiro e estão esperando. Não é justo pegar o lugar deles. — respondeu Kay, de forma calma.

— Leve seu esquadrão lá para frente! — ordenou Takemichi, impaciente.

— Tá bom, tá bom! Vamos indo, pessoal. — disse Kay, levantando as mãos em rendição.

Enquanto passavam pelos recrutas, Kay não resistiu e comentou:

— Só para que fiquem cientes, foi o capitão que mandou fazer isso. Eu não queria, mas já que ele pediu, não posso recusar.

— Fica quieto e anda logo! — disse Mira, puxando Kay pelo braço.

— Desculpem aí! — completou Kay, acenando para os recrutas enquanto passava.

Takemichi, agora sozinho, cerrava os punhos, rangendo os dentes.

"Cada dia que passa, me dá mais vontade de acabar com ele..." — pensou, olhando para Kay à distância.

No pátio

Mais tarde, Kay se aproximou de Alex, que parecia animado.

— Isso é verdade? — perguntou Kay, curioso.

— Sim! Nossa divisão ganhou outro helicóptero, e eu virei o piloto! — respondeu Alex, cheio de orgulho.

— E eu serei o copiloto, caso não precise ir no caminhão que eles nos deram. — completou Brenda.

— E vai ficar para o nosso esquadrão? — perguntou Kay, surpreso.

— Sim! — confirmou Alex.

— Então tá. Parabéns para vocês dois! — disse Kay, dando um tapinha no ombro de Alex.

— Obrigado! — responderam eles, quase ao mesmo tempo.

Kay colocou a mão no queixo, pensativo.

— Já que somos só nós no esquadrão, acho que não vamos usar o caminhão tão cedo. Vamos indo!

— Certo! — afirmaram os outros, em uníssono.

Enquanto estavanm voando no helicóptero, Kay ajustou a máscara no rosto.

— Quando eu estiver usando isso, me chamem de líder. Nada de usar meu nome de verdade. — disse ele com firmeza.

— Você está levando isso muito a sério. — comentou Mira, rindo.

Kay se inclinou discretamente para ela e sussurrou:

— Imagine que estamos na cidade, em um encontro, longe do seu pai. Se nós dois formos conhecidos, as pessoas vão atrapalhar o tempo todo.

Mira, corada, colocou sua máscara sem dizer nada.

— Segundas intenções! — murmurou San, sorrindo de canto.

— Ser reconhecida é legal, mas ser misteriosa parece mais maneiro. — disse Thais, ajustando sua máscara também.

— Acho que, na minha folga, também não quero gente me incomodando. — completou Viviane, colocando a máscara e ajustando o traje.

— Não achei que um dia seria famoso... é melhor evitar! — disse San, ajustando a máscara ao rosto.

Dan assentiu em silêncio e colocou sua máscara também.

— Usar máscara não me incomoda nem um pouco. — Slayer ajeitou a própria máscara com um sorriso quase satisfeito.

— Que besteira... — resmungou Fiona, cruzando os braços.

Sarah, sem dizer nada, seguiu o exemplo e colocou sua máscara.

— Pode ser algo que acabe diferenciando nosso esquadrão dos demais. — Kratos ergueu a cabeça com determinação ao vestir a máscara.

Kay observava o grupo. Quase todos estavam mascarados. Ele cruzou os braços e declarou com entusiasmo:

— Está praticamente todo mundo com máscara. Seria incrível se o esquadrão inteiro adotasse isso como marca... mas não vou obrigar ninguém!

— Não coloca pressão nela! — advertiu Mira, olhando para Fiona.

— Desculpa! — Kay levantou as mãos, simulando rendição.

Ele pegou o celular e o examinou, pensativo.

— Vou ligar para a Emilia. Ela queria saber como vai ser hoje.

— Sei que ela é sua amiga... e princesa. Mas, Kay, ela é uma civil! Não pode compartilhar missões do exército com ela. — Mira olhou para ele com seriedade.

— Mas eu já disse que mostraria! Coitada... amor, ela ficou triste por não poder vir com os pais dela. — Kay se virou para ela com um olhar quase suplicante.

— Eu não sou Mira agora. — Ela apontou para a máscara. — Estou usando máscara, lembra?

— Certo... vice-capitã, então?

— Também não! — Mira balançou a cabeça.

— Como assim? — Kay ficou confuso.

— Não pode ser algo que me identifique fora da máscara.

Kay refletiu por um momento, depois ergueu um dedo em sugestão:

— Vamos numerar de acordo com o nível de poder atualizado de vocês!

Os recrutas se animaram imediatamente. Era a primeira vez desde que entraram no exército que iriam saber quem possuía o maior nível de poder. Kay se colocou no centro do grupo, sua postura firme inspirando atenção.

— Vocês parecem animados. Para não serem apenas números, vamos chamá-los de Alphas.

Ele apontou para Ravena com um sorriso de aprovação:

— Ravena, você será a Alpha 1.

Kratos deu um passo à frente.

— Alpha 2. — Kay declarou, seguido por um gesto para Slayer. — E você, Alpha 3.

Kay percorreu o restante com os olhos, mantendo o tom firme, mas acolhedor.

— Fiona, Alpha 4. Thais, Alpha 5. Mira... Alpha 6.

Mira ergueu a cabeça, escondendo um pequeno sorriso por trás da máscara. Os outros recrutas trocaram olhares curiosos enquanto Kay prosseguia:

— Sarah, Alpha 7. Viviane, Alpha 8. Dan, parabéns, você será o Alpha 9. San, Alpha 10.

San cruzou os braços, assentindo, enquanto Kay continuava:

— Sky, Alpha 11. Brenda, Alpha 12. E, por fim, Alex, nosso Alpha 13.

Ele olhou ao redor.

— Alguma dúvida?

— E você? — Ravena perguntou, com os braços cruzados.

Kay piscou, surpreso.

— Droga, me esqueci de mim! — Ele deu um riso meio constrangido, mas logo recuperou o tom sério. — Não vamos mudar nada. Podem me chamar de Alpha Zero... ou simplesmente de Líder.

Thais riu baixinho.

— No fim, continuamos na mesma posição.

Kay balançou a cabeça.

— É verdade, mas vocês tiveram um aumento depois do treino! É por pouco, mas Fiona foi quem mais aumentou sua compatibilidade com o traje.

— Eu?! — Fiona ficou surpresa, arregalando os olhos.

Thais sorriu e deu um leve empurrão no ombro de Fiona.

— É verdade. Lembro que nós duas estávamos empatadas quando entramos, mas o Kay te colocou na frente de mim sem hesitar.

— Não sinto que fiz nada diferente deles! — disse Fiona, com uma mistura de confusão e dúvida em sua voz.

Kay cruzou os braços, olhando para o grupo.

— Eu diria que, atualmente, Ravena está no nível de um líder. Mas, lembrem-se, vocês também vão ter aumentos na compatibilidade com os trajes ao longo do tempo. A vantagem de vocês é que ainda têm a chance de evoluir. Os outros soldados, no entanto, já atingiram o limite.

Kratos franziu o cenho, inclinando-se para frente.

— Quer dizer que o nível que os soldados estão agora é o nível em que vão permanecer? — exclamou ele, com incredulidade.

Kay assentiu levemente, mas manteve um tom de cautela.

— É apenas uma hipótese. Antes, os soldados podiam aumentar a compatibilidade, o que lhes dava mais poder. Mas agora, eles já têm o poder e a compatibilidade que adquiriram até aqui. O que acredito é que os ghouls dos trajes ainda podem continuar evoluindo. Só que o que era para eles darem... já foi dado.

Os recrutas trocaram olhares apreensivos, processando as palavras de Kay.

Uma voz soou pelo rádio, cortando a tensão:

— Entendo sua lógica, mas e a troca de interesses? — perguntou Fernanda, direta.

— Grampeou quem dessa vez, Fernanda? exclamou kay

— Não sei do que está falando! — disse Fernanda, sua voz soando ligeiramente defensiva.

Kay arqueou uma sobrancelha.

— Essa pergunta que fiz... não foi pelo rádio

— Ah... — murmurou Fernanda, hesitante, percebendo que havia sido pega.

Kay virou-se para Kratos, que até então observava a interação em silêncio.

— Kratos? — exclamou Kay, com um tom inquisitivo.

— Foi ordem. — respondeu Kratos, sem hesitar, mas com um toque de resignação na voz.

Kay suspirou e balançou a cabeça, como se já esperasse essa resposta.

— Imagino... — disse ele, com um sorriso cansado. Então, voltou a atenção ao rádio. — Não vou te dar respostas, Fernanda. A cientista aqui é você.

— Que malvado! — exclamou Fernanda, com um tom levemente dramático pelo rádio.

— Kratos deixa essa escuta aqui. — disse kay, de forma séria

— Não faça isso! — gritou Fernanda pelo rádio

— Se você tivesse pedido para acompanhar a missão dessa forma, aí sim poderia ter permitido! — disse Kay, fazendo um gesto para Kratos tirar a escuta com um ar de autoridade.

— Teria mesmo? — exclamou Fernanda, uma risada nervosa escapando de seus lábios.

— Claro, mas dessa vez você vai ficar quietinha, ouvindo o maravilhoso som do helicóptero! — respondeu Kay, com um sorriso de quem já sabia que estava ganhando.

— Quanta maldade... estamos juntos pela mesma causa! — resmungou Fernanda, tentando manter a postura.

Kay olhou para ela com um sorriso de lado e falou, ainda sem perder a compostura:

— Eu darei a escuta para o capitão, e ele é quem decidirá o que fazer.

Kratos tremia levemente, ouvindo as palavras de Kay.

— Não precisa disso! — protestou Fernanda, tentando evitar mais complicações.

— Que isso? Eu faço questão de entregar pessoalmente para o capitão! — disse Kay, sua voz carregada de uma ameaça sutil, mas firme. — Garantirei que ele a receba, pessoalmente.

— Desculpa... prende a escuta do lado de fora do helicóptero, já vai dar para ouvir um pouco! — disse Fernanda, resignada.

O rádio estalou, e Brenda, com sua voz clara e firme, anunciou:

— Estamos chegando!

Kay sorriu e, com um tom de brincadeira, provocou:

— Quem aí quer ser escutado pelo bem da humanidade?

— Não precisa me humilhar também! — respondeu Fernanda, exasperada pelo rádio.

Os soldados ao redor começaram a levantar as mãos, animados com a ideia.

— Ao menos você está com sorte, pode escolher qualquer um do esquadrão para seguir! — disse Kay, com uma risada desafiadora.

— Obrigada, pessoal, eu amo vocês, mas te odeio, Kay! — respondeu Fernanda, no rádio, sua voz cheia de sarcasmo.

— Quanta hostilidade! — Kay riu, sem se intimidar.

Fernanda, sem perder a oportunidade de zombar, continuou:

— Vou seguir a Ravena então. O Kratos seria bom, mas a arma dele faz muito barulho! Estou sob seus cuidados, Ravena!

Kay, com um sorriso maroto, comentou:

— Que bonitinha...

— Olha que eu te soco quando te ver de novo! — ameaçou Fernanda, rindo pelo rádio.

— Tá bom, desculpa! — Kay se apressou a responder, tentando evitar mais uma guerra de palavras.

Os soldados continuaram passando a escuta até chegar em Ravena.

— Nenhum ghoul avistado, preparando para pousar! — disse Alex, com uma seriedade profissional.

Slayer, sem perder tempo, questionou:

— Decidiu se vai usar ou não a máscara?

Fiona olhou para os outros e, com um suspiro de resignação, respondeu:

— Tá bom, já que vocês estão usando, seria estranho eu ser a única a não usar.

Kay, com um tom quase instrucional, acrescentou:

— Dá uma proteção extra e nem te incomoda quando acostuma. Até que a Fernanda mandou bem na escolha!

A voz de Fernanda soou pelo rádio, cheia de sarcasmo:

— Se curve perante mim e beije meu pé, Kay!

— Eu não! Agora nos deixe fazer a missão. — disse Kay, com um sorriso divertido.

O helicóptero finalmente pousou, e o som das hélices diminuía.

— Boa sorte! — disse Fernanda pelo rádio, sua voz carregada de uma leve ironia.

— Valeu! — respondeu Kay, com um tom desafiador, antes de desligar o rádio.

O helicóptero parou completamente, e os soldados começaram a descer, prontos para a missão.


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