Tetsu no Chikara: Saigo no Kibō

Chapter 59: Capítulo 59: Um pedido inusitado!



Com um suspiro, ele ligou de volta enquanto saía do quarto.

No corredor, a voz de Emilia ressoou na chamada:

— Irmão! Você está bem?

— Eu te preocupei, não foi? Me desculpa, estou bem agora. — respondeu Kay, com um tom tranquilizador.

— Você ficou desacordado por dois dias! Tem certeza que está bem? — insistiu Emilia, com uma mistura de preocupação e alívio.

— Só estou com fome, mas já estou indo resolver isso! — respondeu ele, rindo. — Não precisa se preocupar mais, prometo.

— Que bom! — suspirou ela. — Eu realmente estava preocupada.

— Me desculpa por isso... Mas fiquei sabendo que a família real vai a Mineford amanhã. É verdade? — perguntou Kay, tentando mudar o assunto.

O silêncio de Emilia do outro lado da linha era ensurdecedor.

— Você não está animada? — questionou Kay, confuso.

— Na verdade... só vão meus pais. É uma medida de segurança. Se algo der errado, os sucessores precisam estar protegidos. Foi uma decisão do conselho. — explicou Emilia, com a voz sombria.

— Então você não vem? — perguntou Kay, surpreso. — Achei que iríamos subir a muralha juntos.

— "Subir a muralha"? Você é louco? Eu jamais faria isso! — retrucou ela, rindo nervosamente. — Mas... queria estar com eles.

— Já tentou pedir a eles? — sugeriu Kay.

— Não tem como. É uma decisão do meu pai e do conselho. Não pode ser revogada. — respondeu Emilia, resignada.

— Então... fica para uma próxima vez. — disse Kay, tentando soar otimista.

— Sim. É uma promessa! — respondeu ela, com um leve sorriso na voz.

— É uma promessa. — confirmou ele, enquanto um ruído chamou sua atenção. — Parece que alguém está vindo. Falo com você depois, tá? Tchau, irmã.

— Tchau, Kay. Cuida de você. — disse Emilia, desligando.

Kay guardou o celular e suspirou.

— "Ela não pode nem ser vista conversando com um soldado... Eu não entendo." — murmurou ele, ao ver Mira esperando no final do corredor.

— Você não entende nada sobre garotas. — disse Mira, cruzando os braços.

Kay sorriu e segurou a mão dela.

— O que vamos fazer depois do café? — perguntou ele.

— Que café? Já passou da hora do almoço! Você vai almoçar agora. — retrucou Mira, revirando os olhos.

— E o café? — insistiu Kay.

— Deixei uma garrafa para você, mas primeiro, coma! — ordenou ela, impaciente.

— Já tá parecendo minha esposa. — brincou ele.

— Se você disser isso de novo, eu vou... Espera aí... Você disse "esposa" e não "mãe"? — perguntou Mira, confusa.

Kay olhou nos olhos dela, sério.

— Quando sairmos do exército, vamos nos casar e começar uma família? — perguntou ele, sem rodeios.

Mira arregalou os olhos, o rosto explodindo em vermelho.

— Espera, Kay! Você mal me entregou o anel de namoro e já tá me pedindo em casamento?! — exclamou ela, agitada.

— Sim. — respondeu ele, confiante.

— Não! — gritou ela, instintivamente.

— Não quer? — perguntou Kay, visivelmente abalado.

— Quero! Quer dizer, não... Não agora! — disse Mira, gaguejando. — Isso leva tempo. Temos que namorar por um tempo, pensar sobre isso, e só depois... aí você pode me pedir em casamento!

Kay suspirou, derrotado.

— Desculpa... Farei a mesma pergunta no futuro. — disse ele, com um sorriso triste.

Antes que Mira pudesse responder, o celular dela vibrou.

— É minha mãe. Vai na frente. Eu já te alcanço. — disse ela.

— Manda abraços por mim. — respondeu Kay, se afastando.

— Tá. — disse Mira, enquanto atendia a ligação.

— Oi, mãe! — disse Mira.

— Meu sentido de mãe está apitando. Me atualiza! — disse Rem, sem rodeios.

Mira suspirou, exasperada. — "Ela sempre sabe..." — pensou.

— Você já sabe que ele me pediu em namoro, não é? — perguntou Mira.

— Sei! Agora me conta tudo! — exigiu Rem.

— Antes de ele passar mal, ele estava com os anéis de namoro guardados no quarto. Eu os encontrei... — começou Mira.

— Boa, Kay! E o que mais? — perguntou Rem, animada.

— Agora estamos usando os anéis, só que... — Mira hesitou.

— Só que o quê? Fala logo, garota! — insistiu Rem.

— Ele me pediu em casamento. — disse Mira, baixinho.

— Meu sentido nunca falha! — disse Rem, triunfante.

— Sentido de fofoqueira, isso sim... — murmurou Mira.

— Eu ouvi isso! E aí? Você aceitou? — perguntou Rem.

— Não dava para aceitar! Nem temos tanto tempo de namoro. — respondeu Mira, frustrada.

— Que frescura. Eu e seu pai nem namoramos. Ele já me pediu em casamento direto! Foi tão romântico! — disse Rem, nostálgica.

— No meio da guerra... Você já contou essa história mil vezes. — resmungou Mira.

— Não sei por que não aceitou. Vocês nasceram um para o outro. — afirmou Rem.

— Não começa, mãe! — protestou Mira.

— É melhor você aceitar logo. Do jeito que o Kay é bobão, se outra garota se confessar, ele vai perguntar se deve aceitar ou não! — alertou Rem.

— Por que ele faria isso?! — perguntou Mira, irritada.

— Porque ele não entende sentimentos. Ele pode assimilar a dor da recusa e tentar não ferir a outra garota. Se você não deixar claro, pode acabar em um triângulo amoroso! — explicou Rem.

— Triângulo amoroso? Por que você tá falando isso do nada? — perguntou Mira, preocupada.

— Porque sinto cheiro de rivais próximas de você. — respondeu Rem, com confiança.

Mira ficou em silêncio, revirando a memória.

— Tá vendo? Melhor aceitar logo. — disse Rem.

— Foi ótimo falar com a senhora, mãezinha... Muito obrigada! — disse Mira, irritada.

— Disponha! — respondeu Rem, encerrando a ligação.

Mira encarou o celular desligado.

— Ela sempre fala o que quer e desliga primeiro... — murmurou Mira, irritada.

A cena muda.

— Outro dia cansativo! — disse Thais, entrando no quarto com as outras garotas.

— Bem-vindas de volta! — respondeu Mira, sentada na cama.

— E o Kay? Já acordou? — exclamou Thais, visivelmente ansiosa.

— Sim! Ele acordou na parte da tarde. — Mira tentou parecer indiferente, mas não conseguiu evitar o pensamento que a incomodava: "Kay foi a primeira coisa que ela perguntou!"

Irritada, ela suspirou. "Não! Droga, mãe, agora estou desconfiando das minhas colegas. Por que foi dizer aquilo?" Ela balançou a cabeça, envergonhada.

— Você não parece feliz. — observou Sarah, estreitando os olhos.

— Não é isso, eu só estava pensando em outra coisa. — respondeu Mira rapidamente, desviando o olhar para mudar de assunto.

— Eu só quero um banho para descansar! — disse Thais, caminhando diretamente para o banheiro, sua voz carregada de exaustão.

Mira observou a cena por um momento, tentando afastar seus pensamentos.

— Acho que não devo dizer isso, mas... parece que estão menos cansadas do que nos dias anteriores. — comentou, inclinando a cabeça.

— É que o capitão nos liberou para trabalhar usando os tentáculos. Você vai ficar surpresa quando ver o quanto já avançamos! — respondeu Viviane, sorrindo.

— Entendo! É bom saber que o trabalho está ficando menos cansativo para nós e...

Mira foi interrompida quando a porta do quarto se abriu bruscamente.

— O que aconteceu? — perguntou Mira, erguendo-se de imediato, alarmada.

— Eu só estava passando e ouvi a voz de vocês. — respondeu Ravena, entrando no quarto com um sorriso leve.

"Isso é mentira," pensou Mira, observando a expressão dela. "Pela reação dela, parece que já estava aqui há algum tempo."

— Estávamos falando do progresso que fizemos em Mineford! — disse Viviane, tentando soar casual.

— Usar os tentáculos tem adiantado muito! Ficou até menos puxado para nós. — Ravena cruzou os braços, olhando ao redor.

— Era exatamente o que estávamos conversando. — comentou Viviane, animada.

Ravena desviou o olhar de Mira, inquieta. Mira a encarou, estreitando os olhos. "Eu sei o que você está pensando. Pergunta logo!"

— O que foi? — indagou Viviane, notando o silêncio entre as duas.

Ravena hesitou antes de responder:

— Não é nada. Só estava me perguntando se o Kay já foi dormir depois que voltou para o quarto.

— Deve ter voltado a dormir. Sabe como ele é. — respondeu Sarah, rindo.

Mira olhou de relance para Ravena e percebeu algo. "Eu vi esse sorriso aí. Não tenta disfarçar, não!"

— O Kay é um imprestável. Ele só sabe dormir. — comentou Ravena com um tom casual, mas algo na voz dela incomodou Mira.

Mira mordeu o lábio, tentando afastar as suspeitas. "Será que estou me enganando? Para com isso, Mira. Não desconfie das suas companheiras!" Ela coçou a cabeça, frustrada.

— O que deu nela? — perguntou Ravena, franzindo a testa.

— Não sei. — respondeu Sarah, olhando para Mira com preocupação.

Mira se deitou de costas para as colegas, fixando o olhar na parede.

— Me desculpem... Eu só estou um pouco cansada. — disse ela, a voz abafada, tentando esconder a confusão em sua mente.

"Preciso parar de pensar tanto." Ela fechou os olhos, buscando paz em meio ao caos de seus próprios pensamentos.

— Foi um dia cansativo. Vou voltar para o meu quarto. Amanhã vai ser a mesma coisa. — disse Ravena, enquanto ajeitava os cabelos.

— Boa noite! — disseram Mira e as outras garotas em uníssono.

Ravena saiu do quarto, deixando o som de seus passos ecoarem pelo corredor.

Viviane olhou para Mira, preocupada.

— Ei, Mira, você está bem? — exclamou Viviane, quebrando o silêncio.

— Me desculpem. Eu... estou pensando demais nas coisas. Só preciso descansar um pouco. — respondeu Mira, esfregando os olhos, tentando afastar a tensão.

— Tudo bem. Temos mais trabalho amanhã, e é como a Ravena disse: vai ser outro dia cansativo. — Viviane deu um sorriso encorajador.

— Obrigada, Viviane. — disse Mira com um leve aceno de cabeça.

— Tudo bem. Boa noite, Mira. — disse Viviane, virando-se para sua cama.

— Boa noite. — completou Sarah, antes de apagar as luzes.

Mira deitou, fechando os olhos. Mas seu pensamento continuava a mil: "Será que estou forçando demais? Amanhã é outro dia... preciso dormir."

Na manhã seguinte

O sol ainda mal havia nascido quando uma voz irritada ecoou pelo alojamento masculino.

— Verme maldito! Já não cansou de ficar dormindo?! — gritou Takemichi, furioso, enquanto encarava Kay, que dormia tranquilamente em sua cama.

Kay sequer se moveu, o que só aumentou a irritação de Takemichi.

— Acordem ele antes que eu o jogue pela janela! — vociferou Takemichi, cruzando os braços.

— Certo! — respondeu Sky, colocando café em uma xícara.

Sky aproximou a xícara do nariz de Kay, o aroma forte de café finalmente o despertando. No primeiro gole, Kay abriu os olhos, completamente alerta.

— Alguma missão? — perguntou Kay, espreguiçando-se enquanto tomava o restante do café.

— Segurança da comitiva da capital. Sua equipe vai na frente, já que consegue farejar os ghouls. — informou Takemichi com um tom sério.

— Não fala como se eu fosse um animal... mas entendi a missão. — retrucou Kay, levantando-se e esticando os braços com um bocejo.

— Tomem café e levem sua equipe. — ordenou Takemichi, saindo da sala.

— Certo. — respondeu Kay, enquanto pegava um pão do balcão.

— Verme! — gritou Takemichi da porta, antes de sair definitivamente.

Kay olhou para Slayer, confuso.

— Que bicho mordeu ele? — perguntou Kay, tomando mais um gole de café.

— Vai saber. — respondeu Slayer, dando de ombros.

Kay olhou para o restante da equipe, agora já reunida.

— Temos uma missão. Vamos indo. — disse ele, vestindo o traje enquanto observava o grupo se preparar.

Kratos, que até então estava em silêncio, se aproximou.

— Kay, você sabe que tem que deixar todas as armas, incluindo o traje, no arsenal. Se o capitão descobrir, vai ter briga.

Kay coçou a nuca, sem jeito.

— É que eu esqueço. Já entro no quarto com o traje, então dá preguiça de voltar lá para guardar. Por isso acabo deixando aqui.

Kratos suspirou.

— Peço que tenha mais atenção.

— Tudo bem, vou tentar. — disse Kay, rindo de leve enquanto terminava de vestir o traje. — Vamos?

Eles saíram do alojamento e seguiram para o refeitório.


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