Tetsu no Chikara: Saigo no Kibō

Chapter 55: Capitulo 55: Passado dos Gemêos



A capital de Valtreon era um lugar de esplendor e desigualdade, com suas ruas principais pavimentadas com pedras polidas e cercadas por mansões opulentas. Era nesse cenário de luxo que San e Daniela cresceram, mas a grandiosidade escondia os segredos sombrios de sua família.

A Casa dos Geller

San era o segundo filho dos Geller, uma família tradicional e poderosa, conhecida por sua influência nos negócios de comércio e manufatura de armas. Porém, na casa Geller, havia uma regra inabalável: o herdeiro masculino assumiria os negócios ao atingir a maioridade. Apesar disso, o pai deles, Jonas Geller, mostrava um favoritismo descarado por Daniela, a filha mais velha com alguns segundos de diferença.

Enquanto Daniela era tratada como a joia da família, recebendo os melhores vestidos, joias e elogios constantes, San era relegado ao esquecimento. Para Jonas, San era uma falha, um peso que ele carregava com desprezo.

— Você nunca será bom o bastante para essa família, San. — costumava dizer Jonas, lançando-lhe um olhar frio.

Sua mãe, Cecília, não era diferente. Embora fosse menos vocal, ela demonstrava sua indiferença por meio de olhares distantes e ausência nas pequenas necessidades do garoto. Daniela, por outro lado, era o centro das atenções. A menina era brilhante e carismática, mas nem mesmo ela podia mudar a opinião do pai sobre o irmão.

Os Primeiros Passos da Rebeldia

San suportou anos de negligência e maus-tratos. Aos poucos, um sentimento de revolta foi crescendo dentro dele. A única pessoa que lhe trazia conforto era Daniela. Apesar de ser a favorita, Daniela sempre cuidava de San à sua maneira. Ela o defendia das humilhações públicas e dividia com ele os mimos que recebia.

— Você não precisa provar nada para eles, San. Você é mais do que eles conseguem enxergar. 

— dizia ela, tentando consolar o irmão.

Mas San não aguentava mais. Uma noite, aos doze anos, ele decidiu que não suportaria viver naquela casa por mais um dia sequer. Durante o jantar, enquanto os pais conversavam sobre os lucros de um novo contrato, San comendo no quarto olhou para Daniela com determinação.

— Vou fugir, Danielaiela. Vou deixar esta casa para sempre. — sussurrou ele.

Daniela parou de mastigar e olhou para ele com os olhos arregalados.

— Fugir? Para onde? — perguntou ela, preocupada.

— Para qualquer lugar que não seja aqui. — respondeu San. — Não aguento mais. Prefiro morrer na rua a viver como um peso nesta família.

Daniela ficou em silêncio por um momento, mas então tomou uma decisão que mudaria suas vidas para sempre.

— Se você vai, eu vou com você. Não vou deixar você sozinho. — disse ela, segurando a mão do irmão.

San hesitou. Ele sabia que, para Daniela, a vida na casa Geller era confortável e privilegiada. Mesmo assim, ele não tentou dissuadi-la. No fundo, sabia que não poderia fazer isso sem ela.

A Fuga

Naquela noite, enquanto a mansão mergulhava no silêncio, San e Daniela se encontraram na cozinha, cada um carregando uma pequena bolsa com o que conseguiram pegar às escondidas. San tinha um pedaço de pão e uma pequena adaga que havia encontrado no depósito. Daniela trouxe um cobertor e algumas moedas que pegou do escritório do pai.

— Pronta? — perguntou San, a voz tremendo de nervosismo.

— Sempre. — respondeu Daniela, com um sorriso que tentava disfarçar o medo.

Os dois saíram pelos fundos, atravessando o jardim até a alta cerca que cercava a propriedade. Daniela escalou com facilidade, mas San escorregou e cortou o braço em um pedaço de metal enferrujado. Mesmo assim, eles continuaram, atravessando as ruas silenciosas da capital até alcançarem o mercado central.

Lá, escondidos na penumbra, avistaram uma carroça carregada de mercadorias prestes a partir. O condutor e sua esposa pareciam estar se preparando para uma longa viagem. Sem pensar duas vezes, os irmãos subiram na parte traseira da carroça e se esconderam entre os sacos de grãos.

— Isso é loucura. — sussurrou San.

— Talvez, mas agora não temos escolha. — respondeu Daniela, segurando a mão dele com firmeza.

O Amanhecer na Estrada

O sol nascente trouxe consigo um novo dia, mas também o risco de serem descobertos. Quando a carroça parou, San e Daniela ainda dormiam, exaustos pela tensão da fuga. O som de vozes os despertou abruptamente.

— Por que tem duas crianças aqui? — exclamou o condutor, franzindo a testa ao encontrar os dois.

San e Daniela se afastaram, assustados. O coração de San batia forte, enquanto Daniela tentava manter a calma.

— Essas roupas parecem de nobres... Vamos arrumar confusão com as pessoas da capital. — disse a esposa do condutor, olhando para as roupas refinadas dos irmãos.

— O garoto está ferido. — comentou o homem, apontando para o braço ensanguentado de San.

— Qual é o nome de vocês? — perguntou a mulher, suavizando o tom.

San trocou um olhar com Daniela antes de responder, hesitante:

— San...

— Dan. — disse a irmã.

A mulher suspirou, claramente preocupada.

— Vocês não podem continuar aqui. Vou anunciar que encontramos vocês. Seus pais devem estar desesperados. — disse ela.

Daniela segurou o braço da mulher com força, seus olhos cheios de lágrimas.

— Por favor, não diga nada. Não podemos voltar. — implorou Daniela, tremendo. — Nossos pais machucam meu irmão... Se voltarmos, eles vão feri-lo ainda mais.

O casal trocou um olhar, claramente abalado pelas palavras de Daniela. O condutor passou a mão pela barba, pensativo.

— Não vão morar aqui de graça e se encontrarem vocês aqui vamos dizer que estavam procurando serviço

— Obrigado! disse os dois, se curvando


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