Tetsu no Chikara: Saigo no Kibō

Chapter 54: Capitulo 54: Se acalma mulher!



O Primeiro Esquadrão marchou para longe, obedecendo prontamente. Restaram Ravena e alguns outros membros do Quinto Esquadrão. Kay os encarou por um momento antes de perguntar:

— E vocês? O que estão fazendo aqui? — Sua voz era firme, mas não hostil, apenas curiosa.

— Levaram o corpo do Ethan para a família. O capitão e os outros líderes, junto com os soldados, foram prestar homenagem. — respondeu Ravena, com o tom controlado, mas o pesar era evidente.

Kay assentiu, cruzando os braços.

— Entendo. Mas por que vocês ficaram?

— Ficamos no caso de surgir alguma coisa. Além disso, íamos tentar realizar o treino enquanto você não voltava, mas... — Ravena olhou para os outros, hesitante. — Não sabemos como fazer sem você, então decidimos esperar.

Kay balançou a cabeça com um meio sorriso cansado.

— Mira, Alex e Brenda também foram?

— Sim. Os dois eram mais próximos do Ethan, e a Mira, como nossa vice-capitã, precisava estar lá para dar as condolências à família. — explicou Ravena, a seriedade transparecendo.

— Nem vou perguntar por que não me esperaram. — Kay deu de ombros. — De toda forma, vocês podem se juntar ao grupo da Joana. Eu já chego lá.

— Tudo bem. — disse Ravena, conduzindo os outros para longe.

Kay observou o grupo se afastar, os passos ecoando nos corredores. À distância, algumas vozes baixas trocavam palavras.

— Às vezes é difícil saber o que o Kay está pensando... — comentou San, quase como um desabafo.

Ravena parou, virando levemente a cabeça para San.

— Sério? Ele me pareceu carregado de culpa pelo que aconteceu... Como se sentisse responsável por não ter ido ao enterro. — disse ela, com um tom pensativo.

Slayer, que caminhava ao lado deles, interrompeu.

— A vida de soldado foi uma escolha de cada um aqui. Quem deixamos para trás e por quê... só nós sabemos. — Sua voz era grave, como se carregasse o peso de experiências amargas.

Kratos, com a expressão dura, acrescentou:

— Mas como líder, o fracasso ou sucesso de uma missão, assim como os feridos ou mortos, recai sobre os superiores. Mesmo que cada um de nós tenha vindo por vontade própria, quem responde pela nossa morte são os vivos. Especialmente o responsável pela missão.

Ravena assentiu, mas antes que pudesse responder, Thais parou de andar e virou para o lado.

— Me desculpem, mas podem ir na frente. Esqueci algo. — disse Thais, já se preparando para retornar.

Ravena cruzou os braços, o olhar severo.

— Isso é uma ordem: fica parada! — ordenou, séria.

— O que foi? Eu disse que esqueci uma coisa! — respondeu Thais, irritada.

— Não faça nada desnecessário. Deixa ele! — insistiu Ravena, firme.

Thais bufou, mas tentou se justificar.

— Do que você está falando? Eu só ia até o meu quarto e...

— Vamos continuar. — Ravena cortou, a autoridade em sua voz não deixando espaço para objeções.

Antes que Thais pudesse dizer mais alguma coisa, Viviane segurou sua mão com delicadeza.

— Ele entende. O Kay vai ficar bem. — disse Viviane, com um sorriso reconfortante.

Mas Thais não conseguiu segurar a dor que carregava. As lágrimas começaram a brotar enquanto ela tentava responder.

— Eu sei... mas a culpa não é dele! Não tem por que ele se sentir culpado! Foi no final da missão, já estava acabado! Mas que droga...! — A voz dela quebrou quando caiu de joelhos, as lágrimas escorrendo livremente.

Viviane e Dan se ajoelharam ao lado dela, oferecendo apoio silencioso enquanto ambas também choravam. Os outros se virararam, os punhos cerrados, mas permaneceram firmes, olhando para frente.

— Não demonstrem fraqueza, idiotas! Vamos na frente. Venham depois! — ordenou Ravena, a voz cortante como uma lâmina.

— Está sendo cruel demais. — resmungou Kratos, franzindo o cenho.

— Recebemos ordens para nos unirmos aos outros. Vamos ficar para trás para cuidar de pessoas choronas? Se quiserem, fiquem à vontade. Eu estou indo. — Ravena deu de ombros e começou a se retirar, sem olhar para trás.

Slayer suspirou, coçando a cabeça.

— Eu não sei lidar com pessoas chorando, ainda mais garotas. Isso não é pra mim. — E seguiu Ravena.

Kay chegou logo depois, observando a cena com um olhar confuso e, ao mesmo tempo, divertido. Ele fez um cafuné na cabeça de Thais, tentando acalmá-la.

— Que grupo complicado o nosso, hein? — murmurou, mais para si mesmo.

Ravena, que já estava um pouco distante, virou-se ao ouvi-lo.

— Não ia comer? — perguntou ela, com as sobrancelhas arqueadas.

Kay ergueu dois sanduíches e uma garrafa de café, como quem já tinha a resposta pronta.

— A Mira tinha guardado tudo. — Ele deu uma mordida no sanduíche antes de perguntar: — Mas e aí? Vocês estão bem? Por que estão chorando?

Ravena bufou, impaciente.

— Efeito manada? — disse ela, com desdém. — De qualquer forma, estamos indo na frente.

Sem esperar por resposta, Ravena e os outros se afastaram novamente.

Kay observou o grupo desaparecer no corredor, sentindo o peso das três garotas ao seu redor.

"Não me deixem sozinho aqui... Elas não param de chorar, e eu nem sei o motivo disso!" — pensou Kay, a preocupação começando a apertar no peito.

Quando Ravena e Slayer estavam quase alcançando o resto do esquadrão, Slayer olhou para trás e parou, arregalando os olhos.

— O que ele está fazendo?! — exclamou Slayer, apontando para Kay.

Kay estava usando seus tentáculos, que se moviam de forma precisa e gentil, para carregar as três garotas. Ele se aproximava do grupo com passos calmos, mas sua expressão era de quem queria estar em qualquer outro lugar.

San arregalou os olhos ao ver a cena.

— O que você está fazendo com minha irmã?! — gritou ele, avançando instintivamente.

Kay levantou uma das mãos em um gesto tranquilo.

— Calma aí. Apenas olhe. — respondeu ele, apontando para as garotas.

As três pareciam confusas, mas um pouco mais calmas. Thais, que parecia a mais confortável, suspirou e tentou explicar.

— Como posso dizer... Me sinto como se estivesse pendurada em um galho de árvore, com medo de descer dele. É estranho, mas reconfortante.

Kay soltou uma risada curta.

— Foi meio cruel da parte de vocês me deixarem com três garotas chorando, sem eu entender absolutamente nada do que estava acontecendo. — disse ele, ajustando os tentáculos que seguravam as garotas como se fossem assentos flutuantes.

Ravena parou, girando nos calcanhares, com as mãos na cintura.

— E a culpa é de quem? Então resolve! — disse ela, irritada, com os olhos fixos em Kay.

Kay piscou, confuso com o tom dela.

— Por que ficou brava? — perguntou ele, inclinando a cabeça para o lado.

Ravena bufou, virando o rosto, claramente irritada, mas sem querer admitir o motivo.

— Eu hein? O que deu nela? — Kay pensou, coçando a cabeça enquanto seus tentáculos aproximava as garotas.

— Eu hein? O que deu nela? — pensou Kay, coçando a cabeça enquanto seus tentáculos ajustavam cuidadosamente as garotas no chão.

Ele suspirou, observando o semblante delas.

— E então, por que vocês estão chorando? — perguntou, inclinando a cabeça para o lado, a voz carregada de preocupação.

Viviane e Dan trocaram olhares antes de desviar para Thais.

Kay notou o gesto e voltou sua atenção para ela.

— Thais? — chamou, preocupado.

Thais olhou para ele por alguns segundos, hesitando, até finalmente encontrar coragem para falar.

— Eu fiquei triste... por causa do Ethan. — disse ela, a voz trêmula.

Kay respirou fundo, absorvendo as palavras.

— Então foi isso. — Ele soltou as garotas com cuidado, deixando-as de pé. — Pelo jeito que a Ravena falou, achei que eu tinha feito alguma coisa.

Ravena, à distância, lançou um olhar intrigado, cruzando os braços. "Por que ele pensou isso? E por que menti...?"

Kay olhou para as três com um semblante mais sério.

— Se estavam tão tristes assim, deveriam ter insistido em ir ao enterro também. — disse ele, a voz carregada de leve reprovação.

Thais riu nervosamente, coçando a cabeça.

— Pois é, né...

Kay franziu o cenho, cruzando os braços.

— Digam o que quiserem, mas nunca deixem passar a oportunidade de dizer o que sentem. Não dá para saber se terão outra chance.

Thais ergueu o olhar, surpresa com a seriedade inesperada dele. Em um instante, ela mudou de expressão, franzindo o cenho.

— Então pare de se culpar pelo que aconteceu! — disse ela, encarando-o.

Kay piscou, confuso.

— Entendo. Não se preocupe, eu já não estou mais me culpando. A culpa é dos ghouls.

Thais arregalou os olhos, chocada com a resposta.

— É assim que você está vendo as coisas? — exclamou ela, indignada.

— Eu estou errado? — Kay respondeu, visivelmente confuso.

Thais soltou uma risada incrédula, balançando a cabeça enquanto avançava para mais perto dele.

— Que engraçado... — murmurou ela.

Kay deu um passo para trás, desconfiado.

— Por que está rindo?

Antes que ele pudesse reagir, Thais o socou no ombro com força.

— Não me preocupa à toa, idiota! — resmungou ela, girando nos calcanhares e se afastando.

Kay recuou, segurando o ombro dolorido.

— Desculpa! — respondeu ele, com uma expressão de dor.

Dan se aproximou, preocupada.

— Você está bem? — perguntou ela, tentando segurar o riso.

— Sim, sim, está tudo certo. — respondeu Kay, ainda massageando o ombro.

Viviane deu um pequeno sorriso, olhando para Thais que estava um pouco mais à frente.

— Me desculpa, Kay. Ela sempre foi assim... Péssima em demonstrar emoções.

Kay suspirou, mas acabou rindo.

— Eu meio que entendo. E vocês duas, estão bem agora?

Viviane e Dan trocaram olhares antes de responderem juntas:

— Sim!

Kay abriu um sorriso.

— Bom, então vamos treinar.


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