Chapter 53: Capítulo 53: Bela Rainha!
Os tentáculos se retraíram, voltando ao traje e restaurando sua aparência normal. Kay suspirou e passou a mão pelos cabelos, como se quisesse dissipar a tensão no ar.
— O único problema é que, depois de usar isso, o traje... fica com fome — explicou ele, o tom mais sério. — Precisa tocar os corpos mortos dos ghouls para se recuperar. É nojento, mas necessário.
O silêncio tomou conta do salão. Todos ponderavam o que haviam acabado de presenciar.
Kay olhou para o rei e, com uma expressão indiferente, concluiu:
— Bom, é tudo o que tenho para relatar.
O rei o observou por um longo momento, antes de falar:
O rei levantou-se lentamente, sua voz ressoando pelo grande salão:
— Todos aqui presenciaram a descoberta que ele fez. Se alguém tem algo contra este reconhecimento, fale agora!
O silêncio que se seguiu era tão profundo que parecia engolir o ambiente. Ninguém ousou contestar.
O chefe do Instituto de Pesquisa surgiu ao fundo, carregando uma almofada de veludo vermelho. Sobre ela repousavam duas medalhas, brilhando sob a luz das grandes luminárias do salão. Ele caminhou até o rei, que permanecia sentado, observando tudo com olhos atentos.
O chefe parou próximo ao centro e, com uma voz firme, declarou:
— Todos aqui presentes, e especialmente o Instituto de Pesquisa, reconhecem que a descoberta feita será essencial para o avanço da humanidade.
Fernanda sorriu, inclinando-se levemente em um gesto de gratidão.
— Obrigada! — disse ela com simplicidade.
Kay, por sua vez, apenas assentiu e murmurou:
— Obrigado.
Antes que o momento se encerrasse, uma voz feminina ecoou inesperadamente:
— Espera!
Todos os olhos se voltaram para a origem do som.
— Princesa? — exclamou o chefe do Instituto, um tanto surpreso.
Emília, a jovem princesa, olhou para seus pais antes de caminhar até o centro do salão. Sua determinação era clara em cada passo.
— Deixe que eu faça isso no lugar do meu pai.
O rei pareceu inclinar-se para intervir, mas a rainha, com um gesto sutil, tocou seu braço, indicando que ele permanecesse sentado. Emília pegou a primeira medalha da almofada e caminhou até Kay.
Kay, percebendo a expectativa, abaixou-se ligeiramente em um gesto formal. A princesa, entretanto, hesitou por um momento, examinando-o.
— Por que não tira a máscara? — perguntou Emília, com curiosidade.
Kay manteve a postura firme e respondeu:
— Hoje estou aqui como líder de esquadrão.
Emília inclinou a cabeça, compreendendo.
— Entendo. Ficou incrível essa máscara! — sussurrou ela com um sorriso discreto, enquanto prendia a medalha em sua armadura.
— Obrigado — respondeu Kay, mantendo a formalidade, mas permitindo um pequeno sorriso escapar.
Enquanto se erguia, Emília se aproximou mais, inclinando-se para ele e sussurrando:
— Não vá embora ainda. Vamos brincar depois!
Kay ergueu uma sobrancelha sob a máscara, mas respondeu no mesmo tom:
— Tudo bem.
Emília pegou a segunda medalha e virou-se para Fernanda, que aguardava com um sorriso brilhante.
— Por que ela está sorrindo assim? — pensou Emília, franzindo ligeiramente a testa enquanto se aproximava.
Fernanda abaixou-se com a mesma formalidade de Kay, ainda sorrindo. A princesa prendeu a medalha com cuidado e recuou um passo.
— Obrigada! — disse Fernanda, levantando-se e inclinando a cabeça em gratidão.
O salão permaneceu em silêncio por alguns instantes, antes de irromper em aplausos contidos, respeitando a solenidade do momento. Kay cruzou os braços, observando de soslaio a princesa que voltava para perto de sua família. Seus olhos encontraram os dela por um breve instante, e ele não pôde deixar de pensar: "Essa garota nunca para."
O rei levantou-se, encerrando a cerimônia com um tom grave:
— Que estas medalhas representem não apenas um reconhecimento, mas um lembrete de que a luta pela sobrevivência da humanidade depende de cada um de nós.
A cerimônia chegou ao fim, e a família real começou a se retirar, começando pela princesa Emília. Sua postura era impecável, mas havia algo em seu olhar que fazia com que todos ao seu redor sentissem a gravidade do momento. Ela caminhou com elegância, sem dar mais atenção a ninguém
— A princesa está seria mas por que? pensou todos, preocupados
Ambos Kay e Fernanda começaram a se afastar do centro, o peso de suas conquistas ainda pairando no ar. Mas antes que conseguisse desviar os olhos do ambiente, Kay sentiu um olhar penetrante em sua direção.
Virou discretamente a cabeça para o lado. Lá estava o príncipe, observando-o com um olhar gélido e carregado de hostilidade. Kay franziu a testa por um momento, seus músculos se tensionando involuntariamente. Ele podia sentir a animosidade emanando do príncipe, e aquilo o incomodou. Não precisava de palavras para entender o que estava acontecendo.
"Eu consegui sentir sua hostilidade." Kay pensou, seus olhos se estreitando atrás da máscara. "Se não gosta dos soldados, o problema é seu, mas por ter tentado roubar a Mira... eu também te odeio."
A raiva se acumulava dentro dele, uma chama silenciosa, mas intensa. Ele não se importava com as intrigas da corte ou com a política da família real. Mas a ideia de que alguém tentasse afastar Mira de sua vida, isso, ele não perdoaria. Mesmo que fosse um príncipe, um título não lhe dava o direito de ferir aqueles que ele considerava próximos.
Com um movimento brusco, Kay virou o rosto para frente, ignorando completamente o olhar hostil que ainda o acompanhava. Seus passos ecoaram pelo salão, firme, sem hesitar. Ele sentia o peso da missão em seus ombros, mas aquele príncipe... aquele olhar, apenas o alimentava com mais determinação.
A cena muda para o jardim real, onde Kay e Fernanda estavam em pé, conversando tranquilamente. De repente, Emilia surgiu correndo na direção deles, seu vestido balançando ao vento e um sorriso radiante no rosto.
— Vou deixar vocês dois a sós! — disse Fernanda com um leve sorriso, já antecipando o motivo da chegada da princesa.
Antes que Kay pudesse responder, Emilia o abraçou com entusiasmo.
— Porque tirou a máscara? — exclamou ela, curiosa.
Kay riu.
— Agora estou aqui como seu amigo, não como líder de esquadrão. — Seus olhos a encararam com ternura.
— Entendo. — Emilia sorriu, animada como sempre.
Fernanda ajeitou os óculos e se virou para eles.
— Preciso resolver algumas coisas no instituto. Quando for a hora de retornarmos, eu te ligo, Kay.
— Tudo bem. — Ele acenou com a cabeça.
— Com licença. — Fernanda se retirou, deixando-os sozinhos.
Emilia, ainda cheia de energia, olhou para Kay com admiração.
— O que foi aquilo? A máscara ficou muito maneiro!
Kay riu enquanto a guiava até um banco próximo e se sentava ao lado dela.
— Eu pedi para fazerem antes do festival. Gostou da surpresa? — perguntou ele, visivelmente satisfeito.
— Gostei demais! — respondeu ela, radiante. — Mas eu também tenho uma coisa para te mostrar!
— O que é? — Kay arqueou uma sobrancelha, curioso.
— Está no meu quarto! — anunciou ela com empolgação.
Kay cruzou os braços, sorrindo de canto.
— Se eu for lá, vou perder a cabeça.
— Quem te disse isso? — Emilia franziu a testa.
— Sua mãe. — Kay riu.
— Besteira! Eu vou buscar. Me espera aqui! — disse ela, já se levantando e correndo.
— Não vou a lugar nenhum. — Kay sorriu, vendo-a desaparecer.
— Nada de correr aqui! — gritou a rainha, aparecendo no jardim.
Emilia desacelerou, mas ainda caminhava rápido. A rainha suspirou e se aproximou de Kay, sentando-se ao seu lado com a postura impecável de realeza.
— Entendi. Essa garota está mesmo fazendo o que quer. Pela forma como você age, posso concluir que é sua influência? — perguntou ela, erguendo uma sobrancelha.
Kay relaxou no banco e deu de ombros.
— Crianças precisam ser livres e espontâneas.
— Crianças que não têm responsabilidades, talvez. Mas Emilia é diferente. — A rainha o olhou fixamente.
Kay sorriu de canto, mantendo o tom descontraído.
— Pelo que todos dizem, é o príncipe quem vai suceder o rei. Então, por que impedem a Emilia de fazer o que quer?
A rainha soltou um suspiro profundo antes de responder.
— Quantos reinos existem neste país, garoto?
— Quatro? — arriscou Kay, inclinando a cabeça.
— Rei, rainha, príncipe e princesa. Cada um vai assumir um reino. — explicou a rainha.
— Sozinhos? — perguntou Kay, confuso.
— Somos família, daremos suporte um ao outro. — respondeu a rainha com um leve sorriso.
— Não é isso que as pessoas dizem. Pelo que eu sei, o príncipe vai suceder o rei, e os descendentes dele continuarão governando. Não tem sido assim? — Kay a encarou, curioso.
— Isso era verdade quando havia apenas um reino. Mas, como recuperamos um segundo reino, o príncipe governará lá. E, se o terceiro se for recuperado, Emilia assumirá ele. — A rainha explicou com calma.
Kay franziu a testa.
— Mas ela não pode ficar com este reino?
— Eles precisam erguer os reinos por conta própria. Claro que damos suporte, mas é necessário que mostrem ao povo que são líderes capazes. — A rainha o observava com um olhar avaliador.
— Então não é possível? — insistiu Kay.
— Tecnicamente, é possível. Mas apenas se ela e o rei concordarem. Não vai me dizer que quer que ela fique aqui só porque são amigos. — A rainha o olhou incrédula.
Kay desviou o olhar, claramente desconfortável.
— Você já está quase entrando na fase adulta, mas ainda age como uma criança. Você sabe que o exército também se divide entre os reinos, com a base principal nos reinos centrais. A maior parte do exército vai se mudar para Mineford e Longtail. — disse a rainha, séria.
Kay respirou fundo antes de responder.
— Me desculpe, mas, se depender de mim, eu me recuso a sair deste reino. Tenho memórias que só posso reviver aqui e pessoas que não posso abandonar.
A rainha arqueou uma sobrancelha.
— Sua namorada, imagino?
Kay ficou surpreso.
— Como sabia?
— Ouvi Emilia conversando com vocês. É a garota que esteve aqui antes?
— Sim, a Mira é minha namorada. — admitiu ele, com firmeza.
— Por que está falando tão alto? Estou do seu lado. — A rainha riu de leve.
— Desculpa. É que uma mosca me atrapalhou. — Kay sorriu de canto.
— Mosca? — perguntou a rainha, confusa.
— Já foi embora. Continuando, não é só por ela. São pessoas e lugares que eu não posso deixar para trás.
A rainha o observou por um momento antes de responder.
— E se minha filha governar aqui? Está dizendo que continuará no exército para apoiá-la?
— Sim. Emilia é importante para mim. Se ela precisar de ajuda, eu estarei aqui.
— Sério? — disse Emilia, surgindo de repente com um sorriso no rosto.
— Sim. — respondeu Kay, rindo.
— Quando chegou? — perguntou a rainha.
— Agora. — disse Emilia, sentando-se entre eles com um celular novo nas mãos. — Kay, me ensina a mexer com isso aqui!
Kay riu.
— Agora você tem um celular?
— Sim, minha mãe comprou pra mim! — respondeu ela, animada.
A rainha suspirou.
— É falta de educação sentar entre duas pessoas que estavam conversando.
— Mas eu cheguei primeiro! — disse Emilia, com um sorriso travesso.
Kay apenas riu, enquanto a rainha balançava a cabeça, resignada.
— Do que estavam falando? — perguntou Emilia, curiosa, aproximando-se com um olhar intrigado.
A rainha se levantou com a elegância habitual, ajeitando a saia de seu vestido.
— Conversas de adultos. — Ela lançou um olhar brincalhão para Kay antes de se virar para a filha. — Brinque com ele antes que ele precise retornar para casa.
— Era exatamente o que eu ia fazer! — respondeu Emilia, animada, com um sorriso travesso.
A rainha suspirou, apontando um dedo para Kay como se o estivesse advertindo.
— E não ensine coisas erradas para ela!
Kay riu, levantando as mãos em um gesto de rendição.
— Pode deixar, prometo me comportar.
Com isso, a rainha deu as costas e saiu, o som suave de seus passos desaparecendo pelo corredor do jardim. O silêncio que se seguiu foi preenchido pelo farfalhar das folhas ao vento e pelos olhares cúmplices dos dois jovens.
(Nota do autor: {Estou com bloqueio criativo para escrevar uma conversa} Neste ponto, imagine uma conversa leve e descontraída entre Kay e Emilia. Eles falaram sobre o celular novo dela, o treinamento físico que ela vem enfrentando e algumas histórias sobre os soldados.)
O sol começou a se pôr no horizonte, tingindo o céu de laranja e dourado. Kay olhou para o relógio e percebeu que era hora de partir. Ele se levantou, estendendo a mão para Emilia em um gesto afetuoso.
— Eu me diverti muito hoje, Emilia. Vamos conversar mais uma outra hora, combinado?
Ela segurou a mão dele por um instante, sorrindo com o mesmo entusiasmo de sempre.
— Combinado! Obrigada por tudo, Kay.
Kay soltou uma risada suave, bagunçando de leve o cabelo dela antes de se virar para o carro que já o esperava. Fernanda estava encostada na porta do veículo, observando a cena com um olhar de quem entende mais do que demonstra.
— Você está ficando popular, hein? — comentou Fernanda, enquanto ajustava o cabelo no espelho.
O carro arrancou, e o som suave do motor preencheu o ar. Enquanto deixavam o palácio para trás, Kay olhou uma última vez para a silhueta de Emilia, que acenava animadamente, cada vez menor à medida que se distanciavam.
— "Ela realmente tem algo especial..." — pensou ele, com um sorriso leve no rosto e acenando para emilia pela janela do carro.
Fernanda lançou um olhar curioso pelo retrovisor.
— Algo em mente?
— Eu também gostaria de saber!. — respondeu Kay, desviando o olhar para o céu
Eles retornaram para a base, onde o Quinto e o Primeiro Esquadrão já aguardavam. O clima estava pesado, como se as paredes refletissem a tensão no ar. Kay desceu do veículo, ajustando a postura, embora seu olhar carregasse um peso que ele tentava disfarçar.
— Qual é o problema? — perguntou Kay, a voz firme, mas com uma ponta de impaciência.
— Nosso esquadrão vai passar pelo seu treino. Ordens do capitão. — respondeu Joana, cruzando os braços enquanto olhava diretamente para ele.
Kay suspirou, colocando as mãos nos bolsos e inclinando levemente a cabeça para o lado.
— Certo... Esperem no mesmo lugar onde os outros treinaram. Vou comer alguma coisa e já vou pra lá.
Joana ergueu a voz para os soldados do Primeiro Esquadrão.
— Vocês ouviram! Movam-se!
O Primeiro Esquadrão marchou para longe, obedecendo prontamente. Restaram Ravena e alguns outros membros do Quinto Esquadrão. Kay os encarou por um momento antes de perguntar:
— E vocês? O que estão fazendo aqui? — Sua voz era firme, mas não hostil, apenas curiosa.