Tetsu no Chikara: Saigo no Kibō

Chapter 42: Capitulo 42: Surpesa!



— Tá, mas como vai fazer para despertá-lo? — questionou Ravena, curiosa e levemente desconfiada.

Kay a encarou, deixando que um brilho ameaçador surgisse em seus olhos.

— Os ghouls me temem... Por isso, eu vou te matar! — disse ele, sua voz fria e com um olhar assassino que fez Ravena sentir um arrepio imediato.

Confusa e assustada, Ravena instintivamente deu um salto para trás. Nesse mesmo instante, seu ghoul reagiu à ameaça de maneira automática e feroz, criando quatro tentáculos que se lançaram em alta velocidade e com brutalidade na direção de Kay.

— O quê?! — exclamou Ravena, chocada ao ver o ghoul manifestar seu poder tão repentinamente.

Kay se manteve impassível, ele já estava preparado para aquela reação, o olhar fixo e determinado.

Kay desviava com agilidade impressionante dos tentáculos que atacavam com força brutal, cada movimento seu uma demonstração de controle e precisão. Ele se esquivava sem esforço, girando e dobrando o corpo com naturalidade, enquanto os tentáculos passavam rente a ele, sem nunca tocá-lo.

— Ravena — disse Kay, sua voz calma em meio ao combate —, sua luta não é comigo. É interna.

Ravena o observou, tentando entender, e então fechou os olhos, respirando fundo. Ela sabia que precisava focar, tentar se conectar com o ghoul que agora reagia à ameaça de Kay. Tentando meditar, ela buscava aquela presença interior, mas o tumulto de pensamentos e o medo a distraíam.

Depois de alguns segundos, Ravena abriu os olhos, frustrada e com a respiração acelerada.

— Eu... eu não consigo me concentrar! — disse ela, sua voz carregada de tensão.

Kay lançou um olhar firme para Ravena, apertando o bastão com mais força.

— Então... me desculpe, Ravena — disse ele, com um tom sombrio.

Em um instante, Kay deixou sua intenção assassina transparecer de forma ainda mais intensa. A aura mortal que emanava dele era tão densa que o próprio ghoul reagiu, redirecionando um dos tentáculos diretamente para a ameaça de Kay. Em uma fração de segundo, o bastão de Kay se chocou contra o tentáculo com um impacto devastador, esmagando-o. O som foi seco e brutal.

Os outros três tentáculos recuaram, contorcendo-se em dor, como se tivessem sentido o golpe em carne viva, e se retraíram para perto de Ravena, hesitantes.

Kay, agora com um semblante mais sereno, diminuiu sua vontade de matar, deixando a atmosfera menos sufocante. Ele encarou Ravena e disse com firmeza:

— Tenta de novo.

Ainda um pouco atordoada, mas entendendo o que precisava fazer, Ravena fechou os olhos novamente. Dessa vez, ela se permitiu um momento de calma, respirando profundamente para dissipar a tensão. Em poucos segundos, mergulhando em seu interior, ela sentiu a presença do ghoul, agora mais acessível, como se a dor o tivesse feito ouvir.

— Me ajuda a matar os outros ghouls e eu prometo que você ficará mais forte que todos eles. Se una a mim! — disse Ravena, sua voz firme e cheia de determinação.

O ghoul, parado, segurava o braço com a ferida visível, como se estivesse sentindo a dor do ataque de Kay, tentando compreender as palavras de Ravena. Seu corpo, antes repleto de violência e raiva, parecia hesitar, como se fosse mais sensível àquilo que estava em jogo.

Ravena, com o olhar fixo e sereno, repetiu sua oferta.

— Me ajuda que eu te ajudo! — disse ela, estendendo novamente o braço, esperando pela resposta do ser que a observava.

O ghoul não entendia as palavras em si, mas sentia a intenção por trás delas, o peso da sua própria existência ameaçada. Ele sabia que para vencer a ameaça de Kay, a chave estava em se unir àquela que dominava os sentidos que ele não possuía. Com um movimento pesado, o ghoul caiu de joelhos, reconhecendo a necessidade dessa aliança.

No mesmo instante, Kay, observando a cena de longe, apertou os dedos em torno do bastão, com um olhar gélido.

— Eu acabei com a Ravena... só vou ter certeza... — disse Kay, sua voz fria, transmitida pelo rádio.

Ravena abriu os olhos, o clima tenso e ruim havia mudado.

— Ravena, não ataque! — gritou Kay, sua voz cheia de ordem e veneno, enquanto redirecionava toda a sua hostilidade para o ghoul.

Os tentáculos do ghoul tremiam levemente, mas permaneciam imóveis, eles ficaram nisso por alguns segundos.

Finalmente, o sorriso de Kay se formou lentamente, e ele aplaudiu levemente, quebrando o silêncio.

— Está liberada. Faça seu traje voltar ao normal! — disse ele, agora ocultando a intenção assassina que antes o dominava.

Com isso, os tentáculos do ghoul começaram a se retrair, se encolhendo como se fossem puxados por uma força invisível. O traje de Ravena se ajustou até retornar à sua forma normal. Ravena sentiu a mudança em seu corpo, o poder interno restabelecido, sua conexão com o ghoul agora firme e controlada.

Kay, com um gesto rápido, apertou o botão de seu rádio.

— O ghoul está enfraquecido. Dê a ela alguns cadáveres de ghouls. A Ravena só precisa tocá-los por alguns segundos. — disse Kay, sua voz calma e direta.

— Certo, Ravena. Vai até minha sala. Tem uma pessoa lá que já vai te orientar. Eu irei avisar ela. — respondeu Fernanda, do outro lado do rádio.

— Certo! — respondeu Ravena, com a voz firme, mas sem emoção.

Ela começou a se afastar sem dizer mais nada, sua mente ainda processando o que acabara de acontecer.

— Você leva jeito e tem potencial. Vai ser bom ter você ao meu lado. — disse Kay, sua voz calma, mas com um toque de aprovação.

Ravena ouviu, mas não disse nada. Apenas continuou sua caminhada, seus passos ecoando no silêncio pesado que se formou após a tensão. Ela sabia que precisava de mais tempo para digerir tudo aquilo, mas as palavras de Kay não passaram despercebidas.

Kay apertou o botão novamente, chamando o próximo recruta. Porém, a hesitação no ar era palpável. Os recrutas estavam nervosos, receosos de enfrentar o que Ravena acabara de passar. Eles hesitaram por medo, mas, então, Lena começou a correr com um sorriso largo.

— Medrosos! — exclamou Lena. — Agora sou eu!.

Ela passou por Ravena e, com um sorriso brincalhão, disse: — Bom trabalho!.

Ravena, com um sorriso discreto, bateu continência e agradeceu, antes de continuar seu caminho, sem dizer mais nada.

— Ei, Kay, agora sou eu! — disse Lena, se aproximando confiante de Kay

— Você vai dar trabalho! — disse Kay, com um sorriso desafiador.

— Trabalho para o lado bom ou ruim? — exclamou Lena, curiosa e ligeiramente provocativa.

Sem responder, Kay permaneceu no lugar, deixando que sua aura assassina emanasse novamente. Seus olhos se fixaram em Lena, e ele declarou, num tom sombrio, que a mataria. Lena ficou confusa por um segundo, sem saber se ele estava falando sério. Mas, de repente, quatro tentáculos surgiram do ghoul dela. Dois deles, porém, tinham uma forma diferente — lembravam asas.

Antes que Lena pudesse reagir, o ghoul começou a bater as "asas", tentando escapar da presença ameaçadora de Kay. Percebendo o perigo, ele suspendeu sua intenção assassina e, num movimento rápido, abraçou Lena, prendendo as pernas dela em volta da sua cintura. No instante seguinte, eles estavam no alto, os tentáculos-asas mantendo-os suspensos.

— Eu tenho medo de altura! — disse Lena, sua voz carregada de pânico.

— Se cairmos, já era. É melhor você entrar em um acordo com o seu ghoul! — respondeu Kay, mantendo-se firme, segurando Lena com segurança.

Lena fechou os olhos, tentando evitar o impulso de olhar para baixo. Seu coração disparava, mas ela sabia que precisava se concentrar.

— Se concentra. Eu estou com você! — sussurrou Kay, a voz dele calma e firme ao seu lado.

Inspirando fundo, Lena tentou relaxar o corpo, ainda com os olhos fechados, e se entregou à conexão com o ghoul.

Eles continuaram subindo, Lena segurando-se firmemente em Kay enquanto as asas do ghoul batiam, carregando-os cada vez mais alto. Mas, num instante, Kay liberou novamente sua intenção assassina. O ghoul congelou de medo, e as asas pararam. Sentindo o corpo começar a despencar, Lena arregalou os olhos.

— Sem querer te apressar, mas é melhor terminar isso! — disse Kay, com um sorriso desafiador.

Kay alternava entre liberar e ocultar sua intenção assassina, fazendo o ghoul acreditar que ele estava em constante perseguição. Isso forçava o monstro a reagir instintivamente, e Lena começou a entender o jogo.

— Você é muito doido! — gritou ela, finalmente controlando o movimento das asas.

— Parabéns! — disse Kay, orgulhoso.

— Isso é incrível, mas... eu tô com medo! — respondeu Lena, enquanto voava pelos céus, levando Kay junto.

— Nem todos vão ter asas, então é melhor superar esse medo logo! — disse Kay, mantendo-se firme.

Enquanto sobrevoavam a área, Lena avistou algo ao longe e apontou animada.

— Vamos ali, Kay! — disse ela, olhando na direção dos helicópteros do Exército.

— Eles estão decolando agora, mas tome cuidado para não se aproximar demais das hélices! — alertou Kay.

— Eu não sou tão burra assim! — retrucou Lena, com um sorriso desafiador.

Ela voou em direção aos helicópteros, que agora estavam se movendo à sua esquerda. Lá de dentro, o piloto observou a cena, perplexo.

— Senhor, olhe à sua esquerda! — avisou o copiloto ao capitão.

Lena aproximou-se ainda mais, sorrindo.

— Ei, capitão! — gritou ela, chamando a atenção.

— Mas o quê? — exclamaram os soldados, espantados com a visão de alguém voando ao lado do helicóptero.

— Encontrei um raro! — disse Kay, apontando para Lena.

— Isso é incrível, capitão! Até eu, que tenho medo de altura, acho essa sensação libertadora! — disse Lena, rindo.

Takemichi, olhava para a cena com desconfiança.

— Isso não é perigoso? — perguntou ele, preocupado.

Kay respondeu, sem perder o humor:

— Só daqui uns dois minutos. O traje vai perder a força e nós vamos cair!

— É o quê? — exclamou Lena, alarmada.

— Precisamos voltar! — disse Kay, sinalizando para ela.

— Então é isso, boa sorte pra vocês! — disse Lena, virando a rota e retornando ao chão.

Enquanto eles se afastavam, Takemichi olhou incrédulo para a cena e murmurou para si mesmo:

— Como vou explicar isso para o rei?

A reação dos outros soldados começou a surgir em meio ao silêncio tenso.

— Vocês estão vendo isso? — perguntou Fiona, esfregando os olhos e balançando a cabeça, como se fosse uma alucinação.

— Isso é real? Ele tá mesmo voando com ela?! — exclamou Dan, incrédula, mal acreditando no que via.

Fernanda, com um brilho nos olhos e tremendo de empolgação, não pôde deixar de sorrir.

— Esse treino tá parecendo mais um espetáculo! — comentou ela, cruzando os braços, ainda com o olhar fixo em Lena e Kay.

Kratos, que observava tudo com uma expressão entre diversão e apreensão, soltou uma risada.

— Se isso é o que esperar de um treino com o Kay, talvez eu precise repensar minha vida! — disse ele, arrancando risos e concordância dos outros.

Alguns soldados se entreolhavam, tentando conter a excitação e o nervosismo, enquanto outros ainda pareciam paralisados, absorvendo cada detalhe.

Lena pousou suavemente perto do grupo, e Kay desceu dela.

— Tudo bem, faça seu traje voltar ao normal, pacifista! — disse Kay, com um sorriso sarcástico.

Lena franziu as sobrancelhas, surpresa.

— Pacifista? — exclamou ela, claramente confusa.

Kay deu um leve aceno de cabeça, como se fosse algo óbvio.

— Sim. O ghoul que você usa como traje não é focado em ataques ofensivos, então ele provavelmente se alimenta dos restos dos outros ghouls que mata. É um predador de sobrevivência, não de combate direto — explicou ele, observando atentamente enquanto as asas escuras e retorcidas de Lena começavam a se retrair, e o traje dela voltava ao estado normal, em sua forma pacífica.

Ele então fez um gesto indicando a direção.

— A mesma coisa serve para ela. Leve-a até a sala da Fernanda para os relatórios de compatibilidade — completou Kay.

Lena sorriu, animada com a descoberta. Ela se retirou com passos leves, a mente claramente cheia de ideias.

— Imagine as possibilidades disso... — murmurou ela para si mesma, quase sonhadora.

Assim que Lena se afastou, Kay se virou para o restante do grupo.

— Quem é o próximo? — perguntou ele, voltando para sua posição. Slayer, em silêncio, o seguiu.

O céu escurecia enquanto a missão continuava, e ao cair da noite, o ruído dos helicópteros se aproximava da base. Quando os veículos pousaram, Takemichi foi o primeiro a desembarcar, com passos decididos e rápidos em direção aos portões.


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