Tetsu no Chikara: Saigo no Kibō

Chapter 153: Capítulo 153



— Onde estavam?! — exclamou Mira, irritada e visivelmente preocupada, seus olhos brilhando de frustração.

— Salvando o mundo! — respondeu Yumi, triunfante, enquanto colocava as mãos nos quadris.

— Sim! Salvando o mundo! — repetiram as outras garotas, entrando no refeitório como se nada tivesse acontecido.

— Estou morrendo de fome. — disse Ravena, esfregando o estômago.

— Eu também! — concordaram as demais, rindo enquanto se sentavam.

Kay e Rem permaneciam parados na entrada, encarando Mira, que os fulminava com o olhar.

— E então?! — exigiu Mira, cruzando os braços. — Vocês desapareceram sem explicar nada! Eu fiquei cuidando do Yuta e da Alice ao mesmo tempo em que me preocupava com vocês! Quero uma explicação agora! — disse, sua voz carregada de emoção e irritação.

Rem se aproximou de Mira e sussurrou algo em seu ouvido. Um pequeno sorriso surgiu no rosto de Mira, mas ela logo voltou a sua expressão séria enquanto observava Rem entrar no refeitório, reclamando que estava faminta.

Agora restavam apenas Kay e Mira, e o olhar dela era como uma lâmina.

— Desculpa a demora. — disse Kay, um pouco envergonhado, mas ainda mantendo seu tom calmo.

— Por que não me levou?! — exclamou Mira, visivelmente magoada.

Kay deu um riso abafado, aproximando-se devagar antes de envolvê-la em um abraço caloroso.

— Eu te amo. Obrigado por ter ficado cuidando das crianças. — disse ele, sua voz baixa, mas cheia de sinceridade.

— Isso não vai me fazer te perdoar tão fácil! — retrucou Mira, tentando manter a pose, mas com as bochechas coradas.

Kay se afastou um pouco, olhando para ela com um sorriso travesso. — Eu cuido das crianças. Vai se divertir com as garotas.

— Divertir aonde?! — perguntou Mira, confusa, mas com uma pitada de curiosidade.

— Vai ter festivais em vários reinos. Pode escolher em qual vocês querem ir, e eu abro um portal para lá. — respondeu Kay, tranquilamente.

Mira colocou a mão no queixo, fingindo ponderar. — Hmmm... Deixa eu pensar um pouco. — disse, claramente fazendo drama.

Kay esperou pacientemente, observando-a com um sorriso de canto.

— O que mais? — perguntou Mira, impaciente, tentando manter sua autoridade.

— Eu prometo que, quando for para outros mundos, voltarei o mais rápido possível. — disse Kay, com seriedade.

Mira finalmente pareceu satisfeita. — Muito bom! Agora, Kay, essa é uma ordem: lembra das memórias que pedi para você esquecer?

Kay ficou imóvel por um momento, digerindo as palavras dela. Então, um sorriso iluminou seu rosto.

— Então era isso... — murmurou ele, entendendo finalmente.

— Desculpa, achei que seria melhor assim. — disse Mira, parecendo um pouco arrependida.

Kay balançou a cabeça, ainda sorrindo. — Tudo bem, nós nos acertamos.

Sem dizer mais nada, Mira o puxou para um beijo profundo.

— Eu também te amo. Tome conta das crianças... e tenha cuidado! — disse ela, com um brilho de preocupação em seus olhos.

— Pode deixar. — respondeu Kay, com um sorriso tranquilo.

Alguns anos depois.

Um portal abriu-se dentro da base, sua energia cintilando como uma aurora.

— Bem-vindos de volta! — disse Mira, sorrindo ao ver Kay e seus generais atravessando a fenda dimensional.

— Voltamos! — respondeu Kay, exausto, mas satisfeito.

Mira franziu o cenho ao ver algo reluzindo nas mãos dele. — Não me diga que isso é outra arma mágica? — perguntou, cruzando os braços.

— É sim! — disse Kay, sem hesitar, exibindo o artefato.

— Você tinha que ver, Mira! Era um deus que lançava raios. Ele era bem forte, mas o Kay eliminou ele! — disse Yumi, empolgada.

— Para de matar os deuses! — exclamou Mira, incrédula.

Kay ergueu as mãos em defesa. — Eu tento, mas eles continuam querendo me matar. É eles ou eu. Então, certamente, é melhor que sejam eles! — respondeu, dando de ombros.

— Quantos ghouls você tem agora? — perguntou Mira, desconfiada.

Kay hesitou. — Não vamos falar sobre isso.

— É uma ordem! — insistiu Mira.

Kay suspirou. — Mais de cem milhões.

Os olhos de Mira se arregalaram. — Esse número continua subindo! — exclamou ela.

— São muitos mundos e muitos universos... — justificou-se Kay.

Mira apontou para um objeto estranho em suas mãos. — E esse martelo? Essa marreta? Que droga é essa agora?

Kay riu, segurando o objeto. — O deus chamou de martelo. Ele disse que eu não seria digno de levantá-lo. Acho que ele só achou que eu não teria força. Porque, olha, esse negócio aqui é pesado! — respondeu, mostrando o martelo com orgulho.

Antes que Mira pudesse responder, uma voz infantil ecoou pelo salão.

— Papai! — gritaram Yuta e Alice, correndo em direção a Kay.

Kay colocou cuidadosamente o martelo no chão e abriu os braços para recebê-los.

— Papai está de volta! — disse ele, com um sorriso largo.

— Como foi?! — perguntou Yuta, curioso.

— Os inimigos eram bem fortes, mas nós vencemos! Tinha várias explosões, raios por todos os lados... ficou tudo claro como o dia! — explicou Kay, gesticulando animadamente.

Os olhos de Yuta e Alice brilharam de curiosidade.

— Eu vou contar tudo depois, mas... Cadê seus irmãos? — perguntou Kay, olhando ao redor.

— Eles saíram com as tias. — respondeu Alice, inocente. — Parece que tem muita história para contar, papai. — disse ela.

Kay riu. — Parece que sim.

Kay levantou o olhar para Mira, que cruzava os braços com um sorriso travesso. Seu olhar curioso logo pousou no martelo deixado por ele no chão.

— Tá todo mundo ocupado. Você conhece elas. — disse Mira, enquanto se aproximava do artefato, inclinando-se para tentar levantá-lo.

Com o rosto se contorcendo pelo esforço, ela arquejou:

— Quantas toneladas isso pesa?!

Kay reprimiu uma risada enquanto a observava.

— Um martelo? — perguntou Alice, aproximando-se também, os olhos brilhando de curiosidade.

— É uma arma mágica. — explicou Kay, com um tom que misturava admiração e casualidade.

— Outra? O que essa faz? — exclamou Yuta, animado.

— Essa aqui te dá o poder de controlar raios. Mas, aparentemente, você precisa ser "digno" para usá-la. — respondeu Kay, fazendo aspas com os dedos enquanto enfatizava a palavra.

— Digno? — repetiu Yuta, confuso.

Kay deu de ombros, rindo levemente.

— Eu também não entendi muito bem. Mas, se quiser tentar, vá em frente. — disse ele, com um sorriso encorajador.

Os olhos de Yuta brilharam, e ele correu até o martelo com entusiasmo.

— Boa sorte, garoto. — comentou um dos generais de Kay, enquanto os demais deram um passo para trás, olhando para o martelo com certo respeito.

Kay percebeu a movimentação e ergueu uma sobrancelha, olhando para Mira.

— Amor, é melhor você se afastar também.

— Por quê? — perguntou Mira, já com as mãos nos quadris, um pouco irritada com o aviso.

— Bom... — começou Kay, segurando Alice nos braços. — Quem porta o martelo controla raios. E, bem, isso pode ser um pouco... imprevisível.

Mira olhou para o martelo, depois para Yuta, que agora analisava o artefato com uma determinação encantadora. Ela suspirou e recuou para ficar ao lado de Kay e Alice.

— Falando nisso, onde está sua mãe? — perguntou Kay para Alice, enquanto observava o filho.

— Ela estava tomando banho! — respondeu Alice com a naturalidade de uma criança.

Kay balançou a cabeça com um sorriso. — Entendi.

Ele olhou para Yuta novamente e deu um leve tapinha nas costas de Alice.

— Torce pelo seu irmão, está bem? Ele vai precisar de apoio.

Alice, com sua energia típica, bateu palmas e gritou:

— Vai, você consegue!

— Isso aí! — disse Kay, em tom de incentivo, segurando a risada ao ver Yuta se preparando como se estivesse prestes a enfrentar uma batalha épica.

Yuta se posicionou em frente ao martelo, o olhar determinado. Ele segurou o cabo com ambas as mãos e começou a fazer força, as veias de seus braços saltando com o esforço. O martelo mexeu levemente, levantando alguns centímetros do chão, mas logo caiu de volta, pesado demais para ele.

— Eu... eu não consigo! — disse Yuta, desistindo e recuando alguns passos, visivelmente frustrado.

— Talvez da próxima vez você consiga! Agora, vem para perto do papai. É a vez da sua irmã! — disse ele, apontando para Alice.

— Tá! — respondeu Yuta, aproximando-se de Kay. Ele olhou para a irmã e sorriu. — Boa sorte, Alice!

— Obrigada, irmão! — respondeu Alice, confiante, enquanto se afastava em direção ao martelo.

Kay puxou Yuta para um abraço protetor, seus olhos atentos em Alice.

A pequena garota parou diante do martelo, respirou fundo e olhou ao redor. Todos estavam torcendo silenciosamente por ela, com sorrisos de incentivo. Alice colocou as duas mãos no cabo do martelo e, com toda a força que conseguia reunir, puxou para cima.

O que ninguém esperava era que o martelo fosse leve para ela. Tão leve, que Alice puxou com força demais e acabou soltando-o involuntariamente, lançando-o para longe.

O som dos trovão ecoou quando o martelo voou para longe dali em direção aos céus, deixando todos em choque.


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