Chapter 132: Capítulo 133: General vs General
Mira chegou ao instituto apressada, acompanhada de Aiko, alguns cientistas e guardas. O som de seus passos ecoava pelos corredores enquanto a tensão era palpável.
Ao chegar, Mira não hesitou. Foi direto até a gaiola e abriu a porta com firmeza.
No mesmo instante, o ghoul manifestou um tentáculo que disparou em sua direção como uma lança. Mira reagiu rapidamente, sacando sua espada e bloqueando o ataque, mas o impacto foi brutal, arremessando-a contra os humanos que a acompanhavam.
— Por que ele atacou? — exclamou Aiko, confusa, observando a cena com olhos arregalados.
Mira se levantou, irritada, limpando o sangue que escorria de um pequeno corte em sua testa. Com determinação, ajustou a espada em suas mãos e avançou novamente para dentro da gaiola.
O ghoul a observava, manifestando outro tentáculo. Quando Mira fez um movimento súbito para a esquerda, o ghoul a atingiu em cheio com um golpe devastador. Mas, para surpresa dele, o corpo de Mira se dissipou como uma miragem.
A verdadeira Mira estava parada, imóvel, encarando o ghoul.
— "Eu teria feito isso no passado para atacar você... por causa do seu lado sombrio." — pensou ela, fixando seu olhar no ghoul. — É você mesmo, Kay? — perguntou ela em voz alta, deixando sua espada cair ao chão com um som metálico.
O ghoul hesitou, retraindo o tentáculo. Sua expressão, embora inumana, parecia carregar uma leve confusão.
— Mira! — gritou Aiko, alarmada, mas sem saber o que fazer.
O ataque do ghoul havia sido apenas para afastá-la, mas ainda assim foi forte o suficiente para causar uma rachadura em uma das paredes da gaiola.
Mira respirou fundo, ignorando o som do metal retorcido. Calmamente, sentou-se no chão, bem em frente ao ghoul.
— Você me atacou porque eu estava com uma espada? — perguntou ela, sua voz agora mais suave, quase gentil.
Aiko, hesitando, entrou na gaiola e se sentou ao lado de Mira, olhando o ghoul com curiosidade e cautela.
— Você acha que é mesmo o Kay? — questionou Aiko, cruzando os braços.
Mira inclinou a cabeça, pensativa.
— Tudo indica que sim. Lavel disse que viu um ghoul entrando no cemitério durante o ataque do general ontem. Esse ghoul deve ter feito algo com o corpo do Kay.
— Então, se formos ao cemitério e abrirmos o caixão do Kay... Se estiver vazio, isso significa que este ghoul é ele! — concluiu Aiko, com os olhos brilhando de entusiasmo.
Mira balançou a cabeça, frustrada.
— O problema é que o cemitério fica na capital. Não podemos simplesmente entrar lá.
Aiko deu um leve sorriso, inclinando-se para mais perto.
— Então vamos escondidas.
— Você já analisou o sangue dele? — perguntou Mira, mudando de assunto.
— Apenas superficialmente — respondeu Aiko, ajustando os óculos. — Mas já posso dizer que ele tem células de ghoul e de humano em perfeita sincronia. Geralmente, ghouls só apresentam células de sua própria espécie.
— Então... ele pode mudar entre humano e ghoul? — perguntou Mira, com uma mistura de incredulidade e esperança.
— Pode ser isso... ou algo ainda mais complicado. — Aiko deu de ombros, mas sua voz carregava preocupação.
Mira pegou o celular e mostrou uma foto do Kay ao ghoul, aproximando a tela brilhante de seu rosto.
— Esse é você! Você não é um ghoul, Kay! — exclamou Mira, sua voz tremendo levemente com a emoção.
O ghoul olhou para a tela, observando a foto com atenção. Mas, para decepção de Mira, ele não demonstrou nenhuma reação.
De repente, o olhar do ghoul desviou para cima, como se algo invisível o atraísse. Seus olhos brilhavam com um tom sinistro.
— O que foi? — perguntaram Mira e Aiko quase ao mesmo tempo, suas vozes carregadas de confusão e alarme.
No mesmo instante, no campo de batalha distante, o evento que atraía o ghoul se desenrolava.
— Droga! O que mais você está escondendo, seu maldito?! — gritou Himitsu, enquanto se levantava do chão com dificuldade, limpando o sangue que escorria de um ferimento em sua testa.
Os líderes, incluindo Lena, estavam feridos, mas a determinação de continuar a luta brilhava em seus olhos.
— Vamos ajudá-los! — gritou Slayer, avançando com o quinto esquadrão.
O quinto esquadrão permanecia de pé, mas Thais estava ajoelhada ao lado do corpo sem vida de Ravena, com lágrimas correndo pelo rosto, sua dor evidente.
— "Thais..." — pensava Viviane, inquieta, observando a amiga destruída pela perda.
O riso do general ecoava como um trovão no campo de batalha.
— Fujam! — ordenou Joana, sua voz tensa, ciente de que não havia chances contra o inimigo.
— Vamos ganhar tempo! Vocês devem fugir! — disse Fiona, posicionando-se à frente como uma barreira.
De repente, o céu foi tomado por nuvens negras e densas. A atmosfera pareceu se fechar ao redor deles, e todos sentiram um calafrio como nunca antes. Até mesmo o general, confiante e cruel, estava tremendo.
— "Se nos movermos, vamos morrer!" — pensavam todos, paralisados pelo terror.
Os trovões, de um verde espectral, cortavam as nuvens como preságios de destruição. Algo sobrenatural estava acontecendo.
— Por quê? — exclamou Thais, assustada, mal conseguindo conter as lágrimas.
Todos voltaram os olhos na direção de Thais. Ali, parado, estava Kay. Ele encarava o corpo de Ravena no chão, seu olhar frio contrastando com a raiva quase palpável que emanava do ambiente ao seu redor.
— "Outro ghoul?" — pensaram os soldados, paralisados diante da presença avassaladora daquele ser.
Kay se ajoelhou ao lado de Ravena e, sem dizer uma palavra, agarrou a espada que atravessava seu corpo. Com um movimento preciso, puxou a lâmina, enquanto Thais, ainda ajoelhada, apenas observava, incapaz de se mover, dominada por um medo que parecia cravar suas raízes em sua alma.
Manifestando seus tentáculos, Kay os estendeu até o ferimento de Ravena. Os tentáculos tremiam levemente, como se algo estivesse sendo transferido ou restaurado.
— Por que tem um monarca aqui?! — exclamou o general, manifestando suas asas numa tentativa desesperada de fuga.
Ele alçou voo, mas um raio verde rasgou o céu e quase o atingiu, forçando-o a recuar para o chão. Era claro que qualquer movimento errado seria sua morte.
O general olhou na direção da muralha e viu o mini ghoul avançando rapidamente em sua direção. Ele compreendeu imediatamente: o monarca desejava assistir ao confronto entre eles.
O mini ghoul pousou na frente do general, encarando-o sem medo.
— Você estava fingindo estar ao lado dos humanos esse tempo todo? Estava esperando o monarca despertar! Por que diabos está com os humanos?! — gritou o general, confuso e furioso.
— Eu serei seu oponente! — declarou o mini ghoul, manifestando seus tentáculos com um brilho sinistro.
— Então é isso... Se eu vencer, poderei partir. — O general se preparou, cerrando os dentes.
— O monarca quer testar seu poder. É melhor parar de se segurar. — O mini ghoul o provocou, com um sorriso frio.
— Maldito... você evoluiu! — rosnou o general, manifestando seis tentáculos, mais grossos e ameaçadores que os anteriores, como lâminas gigantescas.
— Venha! — provocou o mini ghoul, gesticulando para o inimigo.
No instante em que eles trocaram o primeiro olhar, o campo de batalha tremeu. Eles desapareceram da vista dos humanos, mas o som da luta reverberava como trovões.
Enquanto isso, Kay não desviava o olhar de Ravena, focado em sua tarefa.
Os ataques do general eram devastadores, mas o mini ghoul desviava com facilidade, esquivando-se como uma sombra.
— O que foi? Até um minuto atrás, você estava se divertindo! — zombou o mini ghoul, com um sorriso desafiador.
— Você só é rápido! Ataque! — rugiu o general, furioso.
— Estou esperando você usar tudo o que tem. Acabei de evoluir e quero testar meu poder. — A calma na voz do mini ghoul parecia piorar a frustração do general.
O general parou de se mover. Seus tentáculos se retraíram, e uma enorme espada começou a se formar em sua mão, pulsando com energia.
— Ele ainda tinha isso... — pensaram os soldados, assistindo de longe, arrepiados pela força que emanava daquela arma.
Por alguns segundos, nenhum dos ghouls se moveu.
— Por que estão parados? — exclamou Joana, confusa, tentando compreender a batalha que se desenrolava diante deles.
Os soldados finalmente perceberam que aquela intenção assassina não era direcionada a eles. Tremendo, começaram a recuperar o controle sobre seus corpos.
— Por quê? — murmurou Thais, ainda encarando o rosto de Kay.
Kay olhou para ela. Seus tentáculos começaram a se retrair, e, quando Thais voltou os olhos para Ravena, percebeu que o buraco em seu corpo havia desaparecido, restando apenas o sangue ao redor.
— Está... curando ela? — perguntou Thais, sua voz um sussurro de descrença.
Kay cortou um de seus próprios dedos, forçando Ravena, ainda morta, a engoli-lo. Então, ele se levantou, caminhando lentamente em direção ao general.
No combate, os golpes do general eram devastadores. Cada movimento de sua espada parecia rasgar o ar ao redor, mas o mini ghoul continuava desviando, movendo-se com uma leveza quase insultante.
Após centenas de ataques frenéticos, o mini ghoul começou a brilhar nas mãos.
— Maldito! — gritou o general, percebendo o perigo. Ele lançou um golpe desesperado, mas o mini ghoul se moveu rapidamente, aparecendo atrás dele em um instante.
Com um bater de palmas, o mini ghoul liberou uma energia que explodiu como um flash. Um buraco foi aberto nas costas do general, suas asas foram destruídas, e ele caiu violentamente no chão, derrotado.
Kay caminhava lentamente na direção do general caído. O mini ghoul pousou ao lado do inimigo e, em reverência, se curvou para o monarca.
Kay parou diante do general, estendendo a mão.
— Desgraçado! — rugiu o general, cuspindo sangue.
— Submeta-se. — A voz de Kay saiu calma e poderosa, no idioma dos ghouls.
— Nunca! — gritou o general, respondendo em idioma humano.
— Ele recusou... — informou o mini ghoul, no idioma dos ghouls.
Kay abaixou a mão, sem dizer mais nada. O mini ghoul avançou rapidamente e, com um único golpe de tentáculo, decapitou o general, encerrando a batalha.
O céu voltou a brilhar como se as trevas nunca tivessem estado ali. As nuvens desapareceram em segundos, deixando apenas um vazio inquietante. A espada do general, antes imponente, começou a se desintegrar, transformando-se em pó até desaparecer completamente no vento.
Kay permaneceu imóvel por um momento, observando o corpo sem vida do inimigo. Então, calmamente, passou suas mãos pelos braços do general morto, cortando-os com precisão quase cirúrgica. Ele pegou um dos braços e o entregou ao mini ghoul. Sem dizer uma palavra, ambos começaram a se alimentar, como predadores saciando sua fome primordial.
Emília foi a primeira a se aproximar. Seus passos eram firmes e seus olhos brilhavam com uma mistura de esperança e tristeza.
— Você está vivo... Mas por que virou um ghoul? — exclamou Emília, com lágrimas escorrendo pelo rosto, embora um sorriso tímido iluminasse sua expressão.
Kay ergueu os olhos por um instante, mas logo voltou a comer, indiferente à pergunta. Sua postura parecia carregada de irritação.
— Não atrapalhe o monarca quando ele está comendo! — repreendeu o mini ghoul, enquanto mastigava.
Emília deu um passo para trás, recuando diante da advertência, mas não conseguiu se afastar completamente. Ela continuou observando, fascinada e confusa.
De longe, os soldados começavam a murmurar entre si, processando o que acabara de acontecer.
— Ela está viva! — gritou Thais, apontando para Ravena, cuja respiração agora era visível.
— O que ele fez com ela? — perguntou Yan, correndo para verificar o estado da companheira.
O traje de Ravena, feito de material derivado de ghouls, havia se reparado sozinho, assim como o corpo dela parecia milagrosamente restaurado.
Enquanto os soldados ainda tentavam entender a situação, Himitsu seguiu em direção oposta, aproximando-se dos ghouls. Ela caminhou diretamente até Kay e o mini ghoul, ignorando o medo que sentia.
— Ele não entende o nosso idioma! Então pergunte se ele se lembra de mim. — disse Himitsu ao mini ghoul, sua voz carregada de urgência e ansiedade.
— Ele foi forçado a acordar por um Lipidiano. As memórias dele ainda estão confusas. Dê tempo ao tempo. — respondeu o mini ghoul, sua dicção surpreendentemente clara.
— Sua dicção... melhorou! — comentou Emília, surpresa.
— Eu sempre falei assim. — retrucou o mini ghoul, com um ar de desdém.
Kay, por sua vez, parecia cansado. Seus movimentos estavam mais lentos, e seus olhos semicerrados indicavam que o cansaço estava tomando conta.
— Apoie a cabeça aqui! — disse Emília, sentando-se no chão e esticando as pernas para oferecer seu colo como travesseiro.
O mini ghoul olhou para ela e depois para Kay.
— Boa ideia. — ele comentou. Então, no idioma dos ghouls, completou: — Monarca, ela quer que o senhor se deite e use ela como travesseiro.
Kay obedeceu sem questionar. Ele deitou-se, repousando a cabeça no colo de Emília. Um sorriso suave surgiu no rosto dela, enquanto começava a acariciar os cabelos dele em um gesto automatico.
De longe, Lena observava a cena com uma expressão dura. A raiva que sentia por Kay ainda queimava em seu coração. Ele havia matado o esquadrão dela, e o ressentimento era difícil de ignorar.
Joana percebeu o olhar de Lena e se aproximou, pousando uma mão reconfortante no ombro da colega.
— Ele não fez isso de propósito. E os soldados não estavam errados em atirar. Não tinha como saber. — disse Joana, tentando acalmar a amiga.
Lena se virou para ela, sua voz carregada de indignação:
— Foi eu que dei a ordem. Então, a culpa é minha?
— Eu não disse isso. — Joana suspirou, escolhendo bem as palavras. — Não dava para saber que era o Kay. Eu também teria feito a mesma coisa. E, agora, eu estaria com raiva dele, mas pense... Estaríamos todos mortos se não fosse por ele. Ravena estaria morta.
Lena ficou em silêncio, processando as palavras de Joana, enquanto o campo de batalha se acalmava aos poucos, mas o peso do que acabara de acontecer continuava a pairar sobre todos.
— O que foi aquele último ataque seu? — exclamou Himitsu, franzindo o cenho enquanto olhava para o mini ghoul.
— Apenas acumulei energia nas mãos e liberei contra o general. — respondeu o mini ghoul, com um tom de quem explicava algo óbvio.
— Essa é sua habilidade? E a dele? Criar uma chuva ácida? — provocou Himitsu, com as mãos nos quadris, ainda incrédula.
O mini ghoul abriu um sorriso debochado.
— Acha que meu monarca só tem isso? Se ele quisesse, teria devorado o ghoul inteiro. Ou nem teria comido. Então, por que acha que ele fez isso? — rebateu o mini ghoul, seu tom carregado de superioridade.
Thais, que vinha se aproximando com outros soldados, entrou na conversa.
— Tem a ver com o monarca usar os poderes de outros ghouls? — arriscou ela, ainda confusa, mas intrigada.
— Bem-vinda de volta à vida! — disse Himitsu, com um leve sorriso ao perceber Ravena se aproximando lentamente.
— Kay... Meu monarca. — murmurou Ravena, olhando para Kay, que descansava tranquilamente.
— Do que você o chamou? — perguntou Thais, os olhos arregalados de surpresa.
Antes que Ravena pudesse responder, sua barriga roncou alto, um som quase animalesco.
— Nossa! — exclamou Thais, assustada pelo barulho.