Chapter 126: Capítulo 126: Isso vai ser uma aposta!
Antes do almoço, o traje chegou à base. Himitsu entregou-o a Ravena.
— Não faça nenhuma loucura. — disse Himitsu, com um olhar sério.
— O que está acontecendo? — perguntaram os líderes, observando de longe enquanto os soldados cochichavam entre si.
— Eu também não sei. Hoje cedo, ela só pediu um traje à Lavel. — Mira respondeu, cruzando os braços.
— O que ela está pensando? Ela não pode trocar de traje. Isso pode torná-la inútil para o exército! — Lena exclamou, preocupada.
Ravena observou os soldados ao longe e murmurou para Himitsu:
— Diga à Mira para não deixar ninguém se aproximar.
Himitsu suspirou.
— Se eu perceber que você está fazendo algo estúpido, eu mesma vou intervir.
Ravena estava claramente envergonhada.
"Por que todo mundo tinha que estar aqui agora? Que vergonha!" — pensou, enquanto vestia o traje novo sobre o antigo.
Os soldados observavam, intrigados.
— O que ela está pensando? — perguntou Joana, confusa.
— Ela disse para ninguém se aproximar até que diga o contrário. — Himitsu reiterou.
— Então é isso. Até ela ordenar o contrário, ninguém vai lá! — Mira declarou com autoridade.
— Tem certeza? Ela pode acabar morrendo! — advertiu Ryuji.
— Morrer? — Mira hesitou, mas respirou fundo. — Tudo bem. Vamos confiar nela.
Ravena ajustava o traje, sentindo-o apertar levemente seu corpo.
— Sabia! — murmurou ela, antes de pegar sua foice feita de ghoul.
Sentou-se no chão, cruzando as pernas, e começou a meditar.
De repente, Ravena se viu diante de três ghouls.
— É assim que vocês são? Que caras feios! — provocou ela.
— Uma humana? É você quem devo ajudar? — exclamou o general ghoul, surpreso.
— Essa humana já é minha! — rosnou o outro ghoul.
Ravena sorriu, desafiadora.
— Eu não pertenço a ninguém, mas é verdade que preciso de ajuda. Só um de vocês terá a capacidade de me ajudar.
O general riu, debochado.
— Não abuse da sorte, humana. Só estou aqui porque aquele cara prometeu comida se eu ajudasse quem aparecesse.
Ravena cruzou os braços.
— Eu sou egoísta e não quero ver novatos me superando. Agradeço pela ajuda até agora, mas só continuará comigo quem devorar o outro.
O general rosnou.
— E se nós devorarmos você?
Ravena riu, fria.
— Vá em frente. Mas saiba que lá fora vocês são inúteis sem um humano os controlando. Se eu morrer, um ghoul forte e faminto vai devorar vocês. Consegue perceber, não é, general?
— Forte? Não, ele não é. — retrucou o general, irritado.
— Do jeito que você está agora, ele é mais forte que você. — Ravena provocou, sorrindo.
O general gritou, furioso.
— O que você quer?
— Vamos devorar um monarca e seus três generais. Aqueles mesmos generais que te derrotaram no passado. Você se lembra, não é?
O general ficou em silêncio por um momento antes de rosnar:
— Maldita! Sabe mesmo como me irritar!
— Aprendi com meu namorado. O mesmo que mandou vocês nos obedecer. E não se engane, eu também sou forte! — Ravena respondeu, com um sorriso desafiador.
Com um golpe rápido de seu tentáculo, o general decapitou os outros ghouls.
— Maldito! — foi tudo o que o ghoul de Ravena conseguiu dizer antes de desaparecer.
— Agradeço pela ajuda que me deu até agora, mas preciso de alguém mais forte ao meu lado! — declarou Ravena, a voz firme e decidida.
O monarca ghoul olhou para ela por um momento antes de começar a devorar o ghoul que antes pertencia a Ravena.
Ravena manteve-se imóvel, segurando sua foice.
— Conto com você a partir de agora. — disse ela, encarando o monarca sem desviar o olhar.
— Cumpra com sua parte, humana. — rosnou o general, as marcas da batalha ainda vivas em seu corpo.
De volta à base.
Ravena surgiu, caminhando lentamente de uma densa fumaça cinzenta que a envolvia. Sua foice estava em sua mão, e o traje que usava ainda liberava nuvens de fumaça negra, como se tivesse passado por uma transformação.
— Foi bem fácil. — disse ela, com um leve sorriso, enquanto atravessava o campo de visão de todos.
— Conseguiu? — exclamou Mira, surpresa.
— Consegui. Mas meu antigo traje... bem, ele já era. Por sorte, consegui um novo, então tudo certo. — Ravena ergueu o olhar, tentando manter a compostura.
— O que você fez? — perguntou Fernanda, ainda sem acreditar no que estava ouvindo.
— O general devorou o outro ghoul e agora vai me ajudar. — respondeu Ravena, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Você é completamente louca! — gritou Himitsu, incrédula.
Ravena suspirou, como se a pressão daquela situação não fosse nada comparada ao que acabara de enfrentar.
— Vou tirar esses trajes. Instalem as placas no meu novo uniforme.
— Tá. — Fernanda respondeu, tentando processar o que acabara de acontecer.
Sem mais explicações, Ravena retirou-se com seriedade, deixando os soldados boquiabertos. Mas, por trás de sua máscara de calma, seus pensamentos estavam em desordem.
"Esse traje... é vergonhoso demais de usar! Fique séria, Ravena, fique séria!" — repetia ela para si mesma, lutando para não demonstrar o desconforto.
No centro da base.
— Isso abriu uma nova possibilidade. — comentou Joana, observando o exemplo de Ravena.
— Lavel, quantos trajes ainda temos? — perguntou Mira, com autoridade.
— Vinte. — respondeu Lavel, consultando um inventário rapidamente.
— Traga todos. — ordenou Mira.
— Vou separar. — Lavel respondeu prontamente.
— Prioridade para quem sabe meditar. Todos os líderes, Himitsu e Kratos vão trocar de trajes. O restante será distribuído conforme necessidade. — Mira prosseguiu, com a voz firme.
— Entendido! — responderam os líderes em uníssono, batendo continência.
Mira olhou para eles com seriedade.
— Se falharem, saibam que ainda podem contribuir para o exército com seu conhecimento.
— Ou seja, falhar não é uma opção! — disse Lena, em tom decidido.
— Não mesmo. — concordou Joana, determinada.
— Entendam uma coisa! — disse Mira, com a voz firme e autoritária. — Esta é nossa última chance de nos igualarmos ou até mesmo vencermos esta guerra. Dominem esses trajes junto com suas armas!
— Certo! — responderam os soldados em uníssono, batendo continência com determinação.
Ao longe, o mini-ghoul observava tudo em silêncio, seus olhos brilhando com um misto de curiosidade e algo que parecia respeito.
O treino dos novatos prosseguia sem problemas. Cada golpe, cada movimento era executado com crescente precisão.
Quando os novos trajes finalmente chegaram, foi quase na hora do almoço. Após uma refeição rápida, todos os que haviam sido selecionados para receber os novos equipamentos já estam no pátio.
Lá, um a um, começou a meditar e já com as armas em mãos. A tensão era palpável, e a tensão ecoava pelo ar como um prenúncio do que estava por vir.
"É agora ou nunca..." — disse Mira, enquanto observava de longe a determinação no rosto de cada soldado.
Eles sabiam que estavam se preparando para carregar o futuro de todos os humanos que ainda restavam naquele pais.
Todos os líderes e vice-líderes de esquadrão, junto com Himitsu, Kratos, Slayer, Thais, Sarah, Viviane e outros soldados habilidosos, foram selecionados para vestir os novos trajes. Entre eles, estavam também aqueles que já usavam as armas criadas por Kay e alguns dos mais competentes no combate corpo a corpo e de suma importancia que cabem dentro do traje.
Ao todo, vinte soldados foram escolhidos para receber os vinte trajes disponíveis.
Após alguns minutos de meditação, uma densa fumaça começou a sair dos trajes, um por um, até tomar conta da base. A visão ficou turva, e o cheiro metálico da energia dos trajes era quase sufocante.
— Lavel! — gritou Mira.
Sem perder tempo, Lavel ligou o ventilador do caminhão, fazendo a fumaça ser expulsa para fora da base. Aos poucos, a clareza voltou, revelando os soldados. Eles começaram a tirar os trajes, ficando apenas com as roupas normais que vestiam por baixo.
Foi então que perceberam: dois soldados ainda estavam sentados no chão, imóveis, mas com os olhos abertos.
— O que foi? — exclamou Joana, preocupada.
Thais soltou um riso nervoso.
— Então... como posso dizer? O general não vai me ajudar! — admitiu, envergonhada.
— Aqui é o mesmo! — disse o outro soldado que também havia falhado, parecendo frustrado.
— Como assim? A Ravena explicou que era só provocar falando dos outros generais! — exclamou Viviane, surpresa.
— Eu fiz isso, mas aquele maldito não vai me ajudar! Ele era só uma arma antes e agora... tem o controle de um traje! — respondeu Thais, claramente irritada.
Viviane franziu o cenho, hesitante.
— Mas isso significa que...
— Pois é. Nós dois estamos fora de jogo! — concluiu Thais, com um tom de derrota.
O Mini Ghoul, que observava tudo de cima, pousou diante dos dois que falharam, atraindo a atenção de todos.
— Afastem-se! — ordenou o Mini Ghoul para os que haviam concluído o processo.
Os soldados obedeceram imediatamente, sentindo o peso de sua presença. Então, o Mini Ghoul começou a emanar uma aura opressora, que parecia dobrar o ar ao redor de Thais e do outro soldado.
— Isso... isso é o mesmo que o Kay fazia? — perguntou Thais, surpresa, enquanto o suor escorria por seu rosto.
— O do mestre é mais poderoso! — respondeu o Mini Ghoul com frieza, antes de recolher sua aura. Em seguida, ele alçou voo novamente, desaparecendo no alto da base.
— Parece que ele quer que vocês meditem de novo — disse Yan, quebrando o silêncio.
Thais e o outro soldado trocaram olhares e, sem hesitar, voltaram a se concentrar. Dessa vez, após apenas alguns segundos, abriram os olhos.
— Parece que o general decidiu ajudar só porque não sabe onde o Mini Ghoul está — disse Thais, com um sorriso satisfeito.
— O mesmo aqui — acrescentou o outro soldado, aliviado.
— Que bom! — exclamou Viviane, sentindo a tensão se dissipar.
— Verdade! — concordou Thais, agora mais tranquila.
Nesse momento, Mira se aproximou, mantendo uma distância segura da fumaça residual.
— Parabéns por terem conseguido, mas saibam que isso vai colocar vocês em combates diretos com os generais — alertou Mira, com um olhar sério.
Thais sorriu, levantando-se.
— É exatamente o que esperávamos! — respondeu ela, com determinação.
— Boa sorte. Vocês vão precisar — disse Mira, com um tom firme, antes de se afastar novamente.
Ravena e seu esquadrão deram uma pausa nas batalhas para se concentrar no treinamento dos novatos. Durante essa semana de foco, os ghouls não ousaram atravessar a muralha. Aproveitando a oportunidade, os soldados saíram para coletar recursos em antigas plantações e fábricas. Os dias foram preenchidos com combates intensos nos treinos, aprimorando o domínio dos trajes.
Um mês se passou.
Agora, os soldados com os novos trajes estavam posicionados no topo da muralha, ao lado do Mini Ghoul. Lá embaixo, os ghouls começavam a se aproximar. Enquanto isso, os demais soldados protegiam a base, preparados para agir caso algum general inimigo aparecesse.