Chapter 101: Capítulo 102: Atitude Imprudente do Rei!
O quinto esquadrão, agora liderado por Ravena, estava reunido na sala de treino.
— Não tem alguma coisa errada com a Mira e a Rem? — exclamou Thais, quebrando o silêncio.
— Desde que o Kay morreu, a Mira vem apresentando esses sinais... Ela está ficando cada vez mais fria. E não é só ela; a Rem e o ex-capitão também mudaram, — respondeu Ravena, cruzando os braços.
— Acho que essa posição de capitã tá deixando ela sobrecarregada, — opinou Sky, olhando para o chão.
— Deve ter algo acontecendo. Como uma pessoa pode mudar tanto em tão pouco tempo? — indagou Fiona, com o olhar desconfiado.
— Olha quem fala! Antes, você odiava o Kay, mas depois virou um doce de pessoa, — provocou Thais, sorrindo de lado.
— Isso é diferente! — respondeu Fiona, visivelmente incomodada.
De repente, o som de um helicóptero cortou a conversa.
— Hoje ia ter visitas? — perguntou Ravena, franzindo o cenho.
— Não ouvimos nada sobre isso, — respondeu Kratos, já em alerta.
Uma voz autoritária ecoou pelos alto-falantes da base.
— Não tem permissão para se aproximar! Esta é uma área militar. Identifique-se! — ordenou Fernanda, com firmeza.
— Vamos ver o que está acontecendo, — decidiu Ravena, conduzindo o grupo para o pátio.
No caminho, Himitsu surgiu, visivelmente sonolenta.
— O que está acontecendo? — perguntou ela, esfregando os olhos.
— Também queremos saber, — respondeu Viviane, já preparada para qualquer coisa.
De repente, Mira comunicou-se pelo rádio.
— Parece que estamos com problemas. Deixem o helicóptero entrar, — anunciou Mira, sua voz séria.
— Isso parece sério... — murmurou Sarah, inquieta.
A equipe se afastou para dar espaço enquanto o helicóptero pousava lentamente no pátio.
— Mira, o que tá rolando? — perguntou Himitsu, impaciente.
— Eu também acabei de ser informada... Mas é a Emilia quem está vindo nesse helicóptero, — respondeu Mira, tentando manter a calma.
— A princesa? Mas por quê? — exclamou Sky, incrédulo.
— Eu não sei. Vamos descobrir, — respondeu Mira, já se dirigindo ao local de pouso.
Assim que as hélices do helicóptero pararam de girar, a porta lateral se abriu bruscamente, e o grito desesperado de Emilia ecoou pelo pátio.
— Salva ele! — ela chorava, completamente abalada.
Os soldados correram rapidamente para o helicóptero. Himitsu foi a primeira a olhar para dentro e se deparou com uma cena chocante: o chefe dos guardas sangrava intensamente, lutando para falar suas últimas palavras.
— É tarde demais... Protejam a princesa! — disse ele, entre tosses de sangue. — O príncipe... se rebelou... usurpou o trono...
— É muito sangue. Não dá para salvá-lo! — constatou Himitsu, enquanto pressionava o ferimento em vão.
— Protejam a princesa! — gritou o chefe dos guardas, com sua última força, antes de sucumbir.
— Que merda tá acontecendo? — perguntou Ravena, completamente confusa com a cena caótica.
Os líderes de esquadrão observavam do corredor tudo em silêncio, tentando processar a gravidade da situação. Emilia, ajoelhada no chão, chorava incontrolavelmente, incapaz de articular qualquer palavra. A dor e o terror em seu rosto falavam mais alto do que qualquer explicação.
— O príncipe e alguns guardas se uniram para tomar o trono. Nisso, vários guardas, o rei e a rainha foram mortos no castelo. O príncipe vai anunciar os planos desse tal monarca e declarar a princesa como traidora, acusando-a de matar os próprios pais, que eram a favor de uma aliança com os ghouls! — relatou o piloto do helicóptero, com um tom urgente.
— E aproveitando disso, ele vai assumir temporariamente o lugar do pai como rei para caçar a "traidora". Ao mesmo tempo, tentará fazer contato com os ghouls, buscando um acordo de não agressão contra os humanos. — completou Mira, os olhos fixos no horizonte.
— Sim. O exército e o instituto são os únicos que irão contra os ghouls, mas aqui é o único lugar onde a princesa tem mais chances de sobreviver. — afirmou o piloto.
— Isso é mentira! A segurança no instituto é muito maior do que no exército! — rebateu Fernanda, surgindo no corredor acompanhada dos líderes de esquadrão.
— Não dá para confiar nas pessoas de dentro do instituto! — argumentou um dos guardas presentes.
— Pois é... e nem em você! — gritou Thais, disparando contra o guarda antes que ele pudesse reagir.
— O que você fez?! — exclamaram os soldados, perplexos.
— Ele ia atirar! — respondeu Thais, séria, apontando para a arma que havia caído ao lado do corpo do guarda.
— A coisa é séria. — Joana murmurou, tensa.
— O que vamos fazer agora? — perguntou Lena, visivelmente inquieta.
— Vamos isolar a base. Deem distância e comecem a cavar um fosso em volta! — ordenou Mira, firme.
— Espera, isso já não é exagero? — questionou Fernanda, hesitante.
Rem surgiu ao lado do ex-capitão, seu semblante carregado de preocupação.
— Já esperávamos uma revolução, mas não imaginávamos que fosse tão rápido e começasse dentro do castelo. — disse ela.
— Vocês devem ter visto nas notícias sobre o muro que o instituto e o castelo estão construindo ao redor da capital. Eles vão se isolar das outras cidades. Além disso, o instituto está fortalecendo suas defesas. Lá vai se tornar praticamente impenetrável. Só nos resta rezar para que o líder de lá não seja morto por algum traidor. — complementou o ex-capitão.
Mira apertou os punhos, pensativa. "Eles realmente vão nos abandonar... mas isso não muda nosso dever. Vamos proteger o que pudermos."
A tensão na base era palpável. Mira tentava organizar os soldados quando San parou de repente, inclinando a cabeça como se ouvisse algo distante.
— Estão ouvindo? — perguntou ele, quebrando o silêncio.
— Ouvindo o quê? — respondeu Mira, franzindo a testa.
— Espera! — pediu San, levantando uma mão enquanto fechava os olhos, concentrado.
Após alguns segundos, seus olhos se abriram, tensos.
— Helicópteros! Estão acima das nuvens! — alertou ele.
— Acima das nuvens? — Mira ficou séria. — Eles estão tentando nos pegar de surpresa. Todos em posição! — ordenou, ativando o rádio.
O som surdo de explosões começou a ecoar quando objetos metálicos começaram a cair do céu. Granadas desciam em trajetórias erráticas, mas claramente direcionadas à base.
— Granadas! — gritou Ravena, alarmada.
— Agora eles pediram! — exclamou Himitsu, manifestando seus tentáculos.
O mini ghoul, que estava no alto das muralhas da base, ergueu a cabeça e gritou:
— Perigo!
Suas asas negras se abriram, e mais dois tentáculos surgiram de seu corpo enquanto ele alçava voo.
As granadas continuavam a cair, mas antes que tocassem o solo, o mini ghoul interceptava cada uma delas com seus tentáculos, rebatendo os projéteis como se fossem brinquedos.
BOOM! As explosões reverberavam no ar, mas nenhuma delas atingia a base. Fagulhas e ondas de choque iluminavam o céu, mas o perímetro permanecia intacto.
— Ele está nos protegendo! Não parem! Preparem as defesas! — ordenou Mira, enquanto observava o mini ghoul em ação.
Após minutos que pareciam intermináveis, o bombardeio cessou. O som das hélices dos helicópteros foi diminuindo, até desaparecer completamente.
San respirou fundo, aliviado.
— Eles estão indo embora... — anunciou.
Mira olhou para o céu com uma expressão dura.
— Isso foi um aviso. Eles não têm coragem de atacar diretamente, mas tentaram nos destruir de longe. Todos, fiquem atentos. Isso não vai parar por aqui. — E então, olhando para o mini ghoul, ela acrescentou: — Bom trabalho. Você nos salvou.
O mini ghoul pousou suavemente, suas asas ainda abertas, e perguntou:
— Matar?
— Não precisa. Eles já foram embora. — respondeu Mira.
O mini ghoul retraiu suas asas, parecendo satisfeito.
— Eles estão claramente tentando nos matar... mas, se entrarmos em guerra com eles, haverá vítimas na capital. — ponderou Mira, preocupada.
Emilia, que estava ali perto, ergueu os olhos, a voz ainda trêmula:
— Meu irmão estava de olho em Mineforde desde o começo. Quando perceberam que vocês pararam de ir para lá, ele soube que aquele reino não teria mais utilidade. Por isso, ele matou nossos pais, para usurpar o trono!
Mira se aproximou, segurando os ombros da princesa.
— Erga a cabeça. O que você quer fazer agora? Nossa rainha será você. — disse Mira, com determinação.
— Eu não sei... nunca tive interesse no trono. Eu quero me tornar uma soldado. — respondeu Emilia, sincera.
De repente, ao longe, uma densa fumaça escura começou a subir no horizonte.
— Aquela direção... não pode ser! — exclamou Fernanda.
— Mini ghoul, vamos verificar! — ordenou Lena, manifestando suas asas.
— Tá! — respondeu o mini ghoul, também manifestando suas asas antes de alçar voo junto com Lena.
— Eles não seriam idiotas a esse ponto, não é? — exclamou Ravena, visivelmente incrédula.
— Você ainda não conhece meu irmão. — respondeu Emília, com uma expressão séria e sombria.
Alguns minutos depois, o som de uma chamada de vídeo interrompeu o clima tenso. Era Lena. Joana atendeu rapidamente, e o rosto de Lena surgiu na tela, acompanhado por um fundo tomado por fumaça e chamas.
— O aeroporto já era! — relatou Joana, observando a tela enquanto Lena mostrava a cena.
— O avião, os helicópteros, o combustível... está tudo em chamas! — confirmou Lena, com a câmera tremendo levemente enquanto ela tentava captar o caos ao redor.
Mira permaneceu em silêncio por um momento, respirando fundo para manter a calma. Seus olhos transmitiam a tensão, mas sua voz saiu firme:
— Grave um vídeo detalhado e retornem imediatamente. Vamos precisar dessa prova.
— Entendido! — respondeu Lena, acenando brevemente antes de desligar a chamada.
O som da conexão sendo cortada ecoou pela sala, deixando um silêncio pesado no ar. Mira virou-se para os outros soldados, seus olhos firmes como aço.
— Eles estão tentando nos enfraquecer antes mesmo de podermos reagir. Não vamos deixar que isso aconteça. Fiquem prontos. — Sua voz era fria, mas carregava determinação.
Rem pousou a mão suavemente no ombro de Mira, tentando transmitir calma em meio à tensão.
— Deixe-os. Se formos até lá, não será uma simples conversa. — disse ela, com um tom firme, mas controlado.
Mira, no entanto, não conseguia esconder a raiva em seus olhos.
— Perdemos companheiros para recuperar o aeroporto. Eles foram lá e pisaram no nosso esforço! Não podemos deixar isso assim! — respondeu Mira, com a voz carregada de indignação.
Rem franziu o cenho, encarando Mira diretamente.
— Está pronta para matar outros humanos? — perguntou ela, sua voz cortando o ar como uma lâmina.
Mira hesitou por um momento, respirando fundo enquanto olhava para o chão.
— O que você quer que eu faça? Eu... eu não sei como agir depois disso! — desabafou Mira, apertando os punhos com força.
Emília, que até então estava em silêncio, deu um passo à frente e falou com convicção:
— Ele é um idiota. Logo as pessoas que o estão apoiando vão perceber isso. — disse ela, com frieza.
Mira ergueu o olhar, seus olhos se encontrando com os de Emília. Embora as palavras da princesa fossem duras, havia um tom de verdade que ecoava no silêncio tenso que se seguiu.
— Vai ser nossa verdade contra a dele. Deixemos que o povo decida em quem acreditar. Gravem vídeos relatando o que viram e postem na internet. Enviem também para todos os seus contatos. — ordenou Mira, sua voz firme e cheia de determinação. — Além disso, arranjem um quarto e um traje para a Emília. Quanto às armas para ela, resolveremos depois.
— O que você vai fazer? — perguntou Ravena, intrigada, enquanto acompanhava Mira com o olhar.
— Apenas uma ligação. — respondeu Mira, sem se virar, afastando-se com passos decididos.
O silêncio no patio era pesado, mas todos sabiam que Mira tinha um plano.
"Se ele quer usar mentiras para vencer, vamos usar a verdade para derrubá-lo," pensou ela enquanto pegava o celular.
Mira começou a ligar, ela tentou algumas vezes mas não foi atendida.
Mira retornou para perto dos soldados, seu semblante carregado de preocupação.
— Sem resposta? — exclamou ravena, percebendo a expressão dela.
— É estranho... — Mira murmurou, olhando para o celular em suas mãos. — Geralmente, na segunda tentativa, a Yumi me atende.
— Talvez ela esteja ocupada. Tente mais tarde. — sugeriu Ravena
Mira suspirou profundamente antes de erguer a voz.
— Façam os vídeos e publiquem. Mostrem o ataque contra a base e a destruição que eles causaram no aeroporto. Deixem claro o que está acontecendo! — ordenou ela, tentando recuperar o controle da situação.
— Certo! — responderam os soldados em uníssono, pegando os celulares.
No entanto, assim que abriram a internet, o ambiente foi tomado por uma tensão sufocante. Várias manchetes estampavam as telas, todas com um único tema: o exército.
Viviane, visivelmente abalada, com as mãos tremendo, entregou o celular para Mira.
— Você precisa ver isso... — disse Viviane, quase sem voz.
Mira franziu a testa e pegou o aparelho. Conforme lia as notícias, seu rosto foi perdendo a cor.
"Quinta, Quarta e Terceira Divisão sofrem pesadas baixas contra ghouls."
"A Quinta Divisão perde seu capitão em combate mortal contra um unico ghoul."
"A Capitã da Quarta Divisão elimina um ghoul poderoso, mas está em estado crítico e inconsciente. Os soldados eliminaram os outros ghouls que estavam presentes"
"A Terceira Divisão vence os ghouls, mas paga um preço alto: várias baixas e um capitão ferido, embora fora de perigo."
As palavras pareciam ecoar na mente de Mira, cada linha um golpe.
— Por quê...? — murmurou Mira, chocada, enquanto seus olhos percorriam os detalhes das reportagens.
O silêncio que tomou conta da sala era quase insuportável. Os soldados olhavam para Mira, esperando por alguma palavra, mas ela estava paralisada. "Por que tudo está desmoronando de uma vez?" pensava, sentindo o peso da responsabilidade em seus ombros aumentar.
— Não tem como ter sido obra do mesmo monarca... Será que são esses tais generais? — exclamou o ex-capitão, cruzando os braços, enquanto olhava para o horizonte com preocupação.
O mini ghoul sobrevoava a área, observando os arredores com atenção.