Chapter 2: capítulo 2
Diminuí a velocidade ao avistar os outros carros. Respirei fundo, parado, recebendo os olhares deles na minha direção, pegos de surpresa.
Parece que o Alpha não os informou. Tirando o cinto de segurança, olhei para o Tommy ao lado da Kat, que diria o famoso corredor de corrida, e os outros... eles não estudaram na sala vizinha? Bem, olhando para eles agora, tá explicado por que achei que já tinha os visto.
— Não acredito que ele veio. — A Tanya se afastou do seu carro, sem acreditar.
— A menos que o Alpha tenha criado uma máquina de curar. — respondeu o Adam — o que, bem, é impossível.
— Fala, galera, como estão? — Abrindo a porta do carro, saí, me virando pra eles, e os cumprimentei, recebendo olhares de choque, surpresa e descrença. A Kat até passou a mão nos olhos.
— O-O... o que v-você tá fazendo aqui? — gaguejou o Tommy.
— O que acha? — Suspendendo o braço, mostrei o morfador.
— Tá de brincadeira com a nossa cara? O Rocky bateu a cabeça? — questionou Adam, olhando para o garoto à sua frente, que tinha a idade do seu irmão.
— Até eu sair de lá ele tava bem. — Fechando a porta do carro, coloquei a chave no bolso.
— Tommy... isso não pode estar acontecendo. Ele é só uma criança. — Se virou pra ele a Kat.
— O Zordon aprovou. E não, eu não estou assumindo o lugar do Rocky. Ele me pediu pra ajudar vocês a impedir que um destruidor de estrelas seja libertado do seu selo. Não tava nos meus planos vir aqui, mas a vida é uma caixa de surpresas.
— Garoto, isso não é brincadeira... — Tommy me olhou, me fazendo revirar os olhos.
— Sério? Não me diga. Valeu pelo aviso, tava achando que tava sonhando. Senhor líder, sei muito bem que não. Só vamos logo antes que eu dê meia-volta. — Colocando as mãos no bolso, passei por eles, olhando brevemente para o navio pirata velho.
— Vamos, não podemos perder tempo ou será tarde. — Olhando para um relógio de areia, Adam entrou no navio.
— Vou ficar de olho no pirralho. — Kat suspirou, não aceitando o que estava acontecendo.
— Esse lugar tá pior que a minha casa. — Tirando as teias de aranha com a mão, olhei para os cacos de vidro quebrado próximo a uma mesinha de espelho. O pó e poeira faziam um tapete no chão, os móveis quebrados e as camas cobertas de teias, sujeira e cheiro de madeira podre molhada. Não era nada agradável. Esse lugar é seguro?
— Sua casa? — Olhando em volta, o Adam parou e me olhou.
— Modo de falar. — Não chegava a tanto. Com a Eliane morando no hospital, eu cuidava da casa ou iria virar um lixeiro.
— Como fazer esse navio funcionar? — Olhando em volta depois de descer as escadas, sem conseguir girar o navegador, a Kat murmurou sem entender como esse negócio velho vai funcionar.
— Vamos procurar. Deve ter algum dispositivo que faça ele funcionar. — Colocando a mão no queixo, Adam sugeriu.
Esse negócio velho? Se bem que não seria impossível. Se tem um ser destruidor de estrelas selado, pessoas se transformando, monstros... isso é o de menos.
— Pessoal, aqui. — Chamou o Tommy, fazendo os outros correrem para o andar de cima, subindo as escadas velhas de madeira.
Seguindo eles, subi as escadas, encontrando o navegador. Ao lado, os símbolos que tinham nas chaves. Em cima, igual ao carro, estavam lado a lado as fechaduras. Então ele só iria funcionar com quem tivesse as chaves.
— Como o Zordon explicou. Somente esse navio é capaz de nos levar até lá, e somos os únicos que podem o navegar. — Comentou a Tanya.
— Não necessariamente. O navio é grande, cabe mais pessoas. A não ser que ele tivesse alguma magia ou tecnologia de reconhecimento. — Murmurei, recebendo os olhares deles.
— Ethan, aqui não é um navio de passeio. — Adam avisou.
— É, eu sei.
— Coloquem as suas chaves. — Tirando a chave vermelha, ele a colocou e girou, fazendo as luzes ligarem como mágica.
Seguindo o que ele fez, os outros colocaram, não acontecendo nada. Tirando a minha do bolso, a coloquei, fazendo o navegador começar a se mexer, enquanto grande parte das teias começaram a sumir. Os carros acenderam seus faróis, subindo no navio pirata um por um, na parte de baixo.
Ninguém tá surpreso que esse lugar tenha tipo uma garagem?
— Ele vai nos levar até a ilha, só nos resta aguardar. — Declarou o Adam, como se tivesse lido o manual dessa coisa, o que não seria surpresa.
— Vamos descansar um pouco e guardar energias para a batalha. — Os olhou o Tommy.
— Descansar? E deixar as chaves do morfador aqui? Ah, esquece, esqueci que você sabe lutar. Boa noite. — Bocejei, mas uma noite sem dormir. Desci as escadas, voltando pra onde estão as camas e me sentei, encostando a cabeça contra a parede.
Até agora tá igual ao filme, só que aqui posso realmente morrer.
Ethan, Ethan... por que foi se meter nisso?
Fechei os olhos.
— Ainda não consigo entender... entender o que o Rocky tava com a cabeça. — Olhando para o garoto de cabelos ondulados, pele morena clara, magro, a Tanya balançou a cabeça.
— O Zordon aprovou, mas caraca! Ele só tem 13 anos! — Irritado, o Adam mordeu os lábios.
— 14. Fiz 14 anos há uma semana atrás. — Corrigi sem levantar a cabeça. — Também não sei. Tipo, tem bilhões de pessoas nesse planeta, e eu acabei sendo o sortudo.
— Fome? — Perguntou a Kat, o que me fez levantar a cabeça e vê-la tirando barras de cereal e um chocolate meio amargo.
— Sim. — Confessei. Não tinha comido nada desde ontem e... droga, esqueci de fazer a compra do mês. A Cris vai me matar... bem, ela que se vire.
Pegando a barra, agradeci com um sorriso antes de começar a comer.
Banana com aveia ninguém merece.
Top coisas que odiava, e nessa situação, não tinha outra opção. Me levantando, saí, parando para o mar, aproveitando o cheiro de água salgada, olhando as estrelas.
Perdendo a noção do tempo.
Dei um passo pra trás quando o navio bateu no que parecia uma parede invisível.
— O que é isso? — Correndo escadas acima, Tommy perguntou, enquanto os outros também olhavam.
— Um campo de proteção contra invasores. — Respondi, antes de ser puxado pelo Tommy, que se colocou na minha frente com os outros.
Eles são idiotas?