Tetsu no Chikara: Saigo no Kibō

Chapter 18: Capítulo 18: Treino + Vergonha!



Kay se dirigiu ao pátio e ficou parado, concentrando-se enquanto fechava os olhos. O silêncio dominou o lugar.

— Por que nos chamou aqui? — exclamou Joana.

— É bom que seja importante! — disse Lena.

— O garoto vai treinar! — respondeu Ryuji.

— Treinar agora? — exclamou Yan.

Eles observavam de longe, aguardando o próximo movimento de Kay.

Sem abrir os olhos, Kay de repente se moveu, estendendo a mão aberta como se tentasse segurar algo no ar. No entanto, após um instante, ele ficou completamente imóvel.

— O que foi isso? — exclamou Lena, intrigada.

— Fica quietinha. Logo vocês vão entender por que esse treino é desgastante, tanto fisicamente quanto psicologicamente — murmurou Ryuji, sem desviar os olhos.

Os líderes continuaram observando em silêncio, atentos a cada movimento de Kay.

Seu corpo começou a fluir em uma série de ataques precisos e rápidos. Ainda de olhos fechados, ele avançou com giros e chutes altos, seus pés quase flutuando sobre o chão em uma sequência de golpes que pareciam impossíveis de se defender. Cada soco e chute tinha uma energia controlada, como se fosse direcionado a um alvo específico — embora não houvesse ninguém além dele no pátio.

Kay aumentava a velocidade, deslizando os pés e girando o corpo com a graça de um dançarino, mas a intensidade de um lutador experiente. Ele saltou, girando no ar antes de desferir um chute lateral que terminou com ele aterrissando com leveza.

— Aqueles são... — murmurou Yan, impressionado.

— Ele está recriando a luta que teve comigo... mas na minha visão. Está dominando o meu estilo enquanto treina! — disse Joana, surpresa.

— E isso é possível? Lembrar de uma luta completa, cada detalhe... deveria ser impossível! — exclamou Lena.

— Foi isso que ele esteve fazendo hoje de manhã. Não sei contra o que ele estava lutando, mas com certeza não era humano! — afirmou Ryuji.

— Por isso você disse que ele estava treinando. Achei que fosse um treino meia boca — admitiu Yan.

Kay finalizou o último movimento de Joana e então parou, imóvel.

— Ele terminou? — exclamou Lena.

— Agora é que vem o problema — respondeu Ryuji.

Kay estava cambaleando e voltando com uma expressão desanimada.

— O que deu nele? — exclamou Joana, um pouco irritada.

— Apenas observa — disse Ryuji.

Kay passou direto por eles e foi em direção à garrafa. Ele a abriu e despejou...

— Acabou — disse Kay, triste.

Deixou a garrafa de lado, e, desanimado, continuou caminhando até o alojamento, indo direto para o quarto dormir.

— Açúcar? — perguntou Lena, surpresa.

— É muita pressão. O café é a recompensa dele, se não tiver isso ele não se recompõe! E não acho que beber só pela manhã vá resolver — explicou Ryuji.

— A Mira parece acostumada com isso. Então ele treina assim todo dia? Como a mente dele aguenta? — exclamou Lena.

A cena muda. A porta do quarto se abriu.

— Voltou? Pensamos que ia demorar mais! — disse Kratos.

Kay deitou na cama e logo adormeceu.

— Ele parece acabado. Que raios aconteceu? — exclamou Slayer.

— Será que ele conseguiu controlar o traje? — perguntou Sky.

— As perguntas vão ter que ficar para amanhã — disse Kratos.

Slayer lançou uma faca que acertou a parte do cabo na porta, fazendo-a se fechar.

— Era só levantar e fechar — comentou Kratos.

— Pode ir na próxima, se quiser — respondeu Slayer.

Na manhã seguinte, os soldados já estavam de prontidão no pátio.

— O colega de vocês concluiu o treino para dominar o traje. Parece que nossos métodos de treinamento não vão funcionar com ele, por isso, ele está liberado do meu treinamento. Além disso, a pedido das líderes do primeiro e do quarto esquadrão, Mira será responsável pelo café da divisão! — anunciou Yan.

— É o quê? — exclamou Mira, surpresa.

— O capitão já foi informado. Você começa amanhã — respondeu Yan.

— Espere, senhor! Eu não consigo fazer café para uma divisão inteira! — disse Mira, agitada.

— Se quer usar a cozinha para fazer café para o seu amigo, esse é o acordo! — afirmou Yan.

— Certo... — murmurou Mira, preocupada.

— Se quiser culpar alguém, culpe seu amigo e a Lena, que encomendou uma enorme quantidade de café do seu fornecedor! — acrescentou Yan.

"Fornecedor? É minha mãe!", pensou Mira, envergonhada.

— Eu já tinha mencionado ontem. Hoje vamos testar a compatibilidade de vocês com as armas. Primeiro, vão até o arsenal, escolham a que acharem melhor e voltem aqui! — orientou Yan.

— Certo! — responderam os recrutas, prontamente.

"Ele dormiu com o traje... Parece que conseguiu mesmo domar o ghoul. Ele é um bom material para meu estudo!", pensou a cientista, observando Kay enquanto ele dormia.

Após alguns minutos, os recrutas estavam no pátio com suas armas.

— Sai pra lá, sua louca! — gritava Kay, fugindo.

— Não vai machucar! Prometo que vai ser rápido! — disse a cientista, correndo atrás dele.

— O que está acontecendo? — exclamou Yan.

— Essa maluca aqui estava dizendo umas coisas estranhas enquanto estava no meu quarto! — disse Kay, ainda fugindo.

— Vai ser rapidinho! Eu só preciso de um pouco do seu sangue! — disse a cientista.

— Não chega pedindo sangue dos outros enquanto segura um machado! — rebateu Kay.

— Eu sabia, deveria ter te levado enquanto dormia! — murmurou a cientista, irritada.

— Ela estava no nosso quarto? — exclamou Kratos.

— Não pode entrar na ala masculina, você sabe das regras! E para que vai usar esse machado aí? — perguntou Yan, intrigado.

— Isso? Achei que seria uma arma boa pra ele e queria entregar pessoalmente. Eu só quero fazer uns experimentos com ele, não é toda vez que encontramos um 100% — explicou a cientista.

— Então era isso! Poderia ter falado antes... — disse Kay, coçando a cabeça, meio envergonhado. — Mas eu já tenho minha arma.

— Continuem seus treinos! — ordenou a cientista, enquanto Kay a acompanhava até o laboratório.

— O que foi isso? — perguntou Yan, voltando para a equipe.

— Ele vai ficar bem? — perguntou Mira, preocupada.

— Vai, ela só deve fazer alguns testes no traje dele — respondeu Yan. — Para aqueles que escolheram armas, vão para o centro de tiro. Breno ficará responsável pela supervisão de vocês. Os demais, me sigam para a sala de simulação.

Eles seguiram para as áreas designadas.

— Achei que você fosse do tipo que lutava no corpo a corpo — comentou Thais.

— Deve dar medo ficar na frente. Acho que uma arma me dá mais segurança — respondeu Mira.

— Entendo. No meu caso, olha só essa belezinha! — disse Thais, mostrando a arma.

— É uma arma bem grande, não? — perguntou Mira.

— É uma MP5. Os tiros dessa arma fazem um estrago! — afirmou Thais.

— Já usou uma antes? — perguntou Mira, surpresa.

— Claro que sim! — disse Thais, confiante.

— Já? — exclamou Thais, surpresa.

— No meu jogo! — completou Mira.

— Entendi, foi no jogo — respondeu Thais, rindo.

— E por que escolheu essa? — perguntou Thais.

— Já usei uma dessas antes — respondeu Mira.

— Para começar, que tal você, Mira? — chamou Breno.

— Eu? — exclamou Mira, assustada.

— Não precisa ficar com medo. Venha aqui! — disse Breno.

Mira foi para frente.

— Toda essa área aqui na frente... Está vendo esses trilhos? Os alvos presos a esses ferros vão se mover por eles. Será um teste com alvos móveis! — explicou Breno.

— E se eu falhar? — perguntou Mira.

— Temos munição para todas as armas. Vamos testar vocês com várias, então não precisa ter medo de errar. Para começar, cinco alvos para cinco tiros — disse Breno, incentivando-a.

— Certo! — respondeu Mira, determinada.

Mira assumiu a posição, respirou fundo e segurou a pistola, tentando firmar as mãos. Breno observava atentamente, aguardando que ela desse o primeiro disparo.

Ela mirou no alvo e, com um rápido movimento, apertou o gatilho. O tiro ecoou pelo campo, mas o projétil passou longe do alvo, atingindo um ponto completamente fora do centro. Mira franziu o rosto, respirou fundo e tentou novamente. Desta vez, o disparo sequer acertou o painel de tiro, voando direto para o fundo do pátio.

— É... acho que preciso de mais prática — murmurou, tentando se manter confiante.

Breno apenas acenou para ela continuar, mas Mira começou a suar. O peso da pistola, mesmo leve, parecia desafiar suas mãos, que tremiam um pouco mais a cada tiro perdido. Dos cinco tiros, nenhum chegou perto do alvo.

— Vamos tentar outra arma. Que tal uma submetralhadora? — sugeriu Breno, tentando dar uma nova chance a ela.

Mira pegou a submetralhadora, respirou fundo e mirou no alvo, com a esperança de que a arma automática pudesse oferecer mais facilidade. Ela apertou o gatilho, e a arma disparou em rajadas rápidas. Mas, ao invés de acertar o alvo, os tiros se dispersaram em todas as direções. O recuo da arma a desestabilizou, e Mira quase perdeu o controle do equipamento. Os projéteis foram para longe, alguns até acertando o chão à frente dela.

— Essa também não parece boa pra mim... — disse Mira, sem esconder a frustração.

Breno suspirou, mas sem desânimo.

— Ok, talvez um fuzil ajude a estabilizar o tiro, já que ele tem uma base mais firme. Vamos lá, tente de novo.

Mira se posicionou com o fuzil, apoiando-o no ombro, com a mira alinhada ao alvo. Ela respirou fundo, sentindo o peso da arma mais presente desta vez, mas se esforçando para manter a postura. Ao puxar o gatilho, o recuo forte do fuzil empurrou seu corpo para trás, e o tiro saiu completamente fora do eixo, atingindo uma área do painel que nem estava sendo usada para treino.

— Ugh! Essa é pior ainda! — exclamou Mira, um pouco desesperada, enquanto tentava corrigir a posição. Ela deu outro tiro, e mais uma vez o fuzil disparou para longe do alvo.

Após alguns minutos de tentativas, Mira já estava visivelmente frustrada.

— Certo, Mira. Acho que já vimos o suficiente — disse Breno, com uma expressão calma. — Acontece que você não é compatível com armas de fogo. Nada grave; nem todo mundo é. Pegue uma arma branca e vá até o Yan. Ele poderá orientá-la em algo mais adequado para suas habilidades.

Mira assentiu, o rosto ainda queimando de vergonha. Ao se afastar da área de tiro, ela encontrou Kratos, que exibia uma expressão igualmente desanimada. Ele parecia frustrado, encarando o chão com as mãos cerradas em punhos.

— Você também? — perguntou Mira, surpresa.

Kratos assentiu, balançando a cabeça.

— O traje atrapalha meus movimentos com uma arma branca. Fui derrotado várias vezes por um boneco! — disse ele, a voz carregada de frustração.

— No meu caso, não acertei um único alvo... Passei muita vergonha. — Mira suspirou, revirando os olhos.

Kratos soltou um sorriso forçado.

— Boa sorte, Mira. Vai precisar.

— Pra você também! — respondeu ela, tentando manter o tom positivo enquanto se afastava.

Mira seguiu em direção à área de simulação de combate.

— O que você é? Um ninja? — exclamou Yan, impressionado.

— Senhor? — respondeu Slayer, um pouco confuso, mas satisfeito.

— Foi perfeito! Arma principal: uma katana. Arma secundária: shurikens! Deixe suas armas e leva esse papel para a responsável no arsenal. — Yan entregou o documento a Slayer com uma expressão de aprovação.

Mira, observando a cena, estava boquiaberta. "Ele que destruiu esses bonecos? Todos esses?" pensou, surpresa ao ver a quantidade de destroços no chão.

Ao passar por Mira, Slayer parou por um instante.

— E aí, como foi? — perguntou ele, com um meio sorriso.

— Fui horrível... — admitiu Mira, soltando um suspiro.

Slayer deu de ombros com uma expressão compreensiva.

— Eu já imaginava que você seria melhor com armas brancas. Boa sorte, Mira!

— Obrigada! — respondeu ela, agradecida enquanto o via se afastar.

Sentindo-se um pouco mais confiante após a breve conversa, Mira se preparou para a próxima fase.


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