Tetsu no Chikara: Saigo no Kibō

Chapter 134: Capitulo 134: Ataque do Monarca!



Antes que Ravena pudesse responder, sua barriga roncou alto, um som quase animalesco.

— Nossa! — exclamou Thais, assustada pelo barulho.

— Isso é seu. Pode comer. — disse Kay, ainda deitado, mas falando no idioma dos ghouls com uma voz grave e tranquila.

Ravena olhou para ele, surpresa, e respondeu automaticamente no mesmo idioma:

— Por que eu comeria isso?

Os soldados ficaram boquiabertos.

— Ravena... Você? — exclamaram, incrédulos ao ouvir a língua dos ghouls saindo de sua boca.

Os olhos de Ravena começaram a ficar vermelhos. Ela salivava involuntariamente, e seus dentes estavam nitidamente se transformando, tornando-se mais afiados.

— Coma para estabilizar. Você ainda poderá manter sua forma humana e a de ghoul. Pense nisso como uma transformação. — explicou o mini ghoul, com um tom quase professoral.

— Pare de mentir! Então por que ele não se parece humano? — retrucou Ravena, apontando para Kay, sua voz carregada de desespero.

— Por que ele faria isso? Ele é o monarca! — respondeu o mini ghoul, como se a resposta fosse óbvia.

O ronco da barriga de Ravena ficou mais alto, quase insuportável, enquanto sua pele e cabelo começavam a mudar de cor. O traje que ela usava começou a soltar fumaça, como se estivesse sendo corroído.

— Não precisa mais do traje. Pode tirar. — disse o mini ghoul com naturalidade.

Sem resistir, Ravena obedeceu, retirando o traje com as mãos trêmulas, ainda assustada com as mudanças em seu corpo.

— Ela está recusando porque não quer se parecer com um ghoul. Ela não acredita que o senhor possa voltar a ser humano novamente. — disse o mini ghoul, falando no idioma dos ghouls diretamente para Kay.

Foi então que a cor da pele e do cabelo de Kay começou a mudar. Gradualmente, ele retomou o tom que tinha antes, quase humano novamente. Porém, seus olhos permaneceram vermelhos, e o cabelo continuou longo.

— Se quer deixar de ser humana, então não coma. Mas saiba que acabará se tornando completamente ghoul. — alertou o mini ghoul, com um tom duro, mirando Ravena.

Joana, se aproximou e entregou uma de suas lâminas para Ravena.

— Faça o que precisa ser feito. — disse Joana, sua voz firme, mas com uma sombra de compaixão.

Ravena hesitou, segurando a lâmina com uma mão trêmula. Lentamente, ela cortou um pequeno pedaço do corpo do general morto.

— Por que eu tenho que fazer isso? — exclamou ela, encarando o pedaço de carne em suas mãos, a angústia clara em sua voz.

Mas a fome era incontrolável. Ela fechou os olhos e engoliu o pedaço sem mastigar. Assim que o fez, uma onda de energia percorreu seu corpo. Seu corpo tremia, tomado por algo que ela não entendia, mas que parecia impossível de resistir.

A lâmina caiu de sua mão, atingindo o chão com um som seco. Um segundo depois, como se um instinto primitivo tivesse sido despertado, Ravena se lançou sobre o corpo do general. Sem qualquer hesitação, começou a devorá-lo diretamente, como um animal selvagem consumindo sua caça.

Os soldados que observavam ficaram em silêncio absoluto. Ninguém ousava se mover, enquanto Ravena, agora completamente entregue à sua fome, devorava o corpo sem piedade.

Emilia sorria, seus olhos fixos em Kay, que dormia tranquilamente.

O som de hélices começou a ecoar no ar, e logo um helicóptero pousou próximo à muralha. Aiko e Mira desceram rapidamente, suas expressões tensas enquanto caminhavam na direção dos soldados.

— Como sabia? — exclamou Aiko, dirigindo um olhar incrédulo à prima.

— Pelos vídeos que a Lavel mostrou no passado... E porque eu queria que fosse isso. — respondeu Emilia, ainda acariciando os cabelos de Kay com movimentos suaves.

— A Lavel nos mostrou tudo. Fico feliz que ela tenha sobrevivido... Embora tenha se tornado aquilo. — disse Mira, seu tom carregado de cautela.

— Eu tô te ouvindo! — gritou Ravena, parando de comer por um instante e lançando um olhar irritado para Mira.

— Então as memórias dele vão voltar. Só não sabemos quando. — comentou Mira, desviando o olhar de Ravena para Kay.

— É certo que em centenas de anos ele já vai se lembrar de tudo! — disse o mini ghoul, com um ar de especialista.

— Não temos tanto tempo! — rebateu Mira, impaciente.

— Talvez um estímulo mais forte faça ele recuperar as memórias. Ele ainda é o Kay, só que sem elas. Ele ficou com raiva quando viu Ravena morta e provavelmente ficou quando soube da Yumi. — comentou Emilia, pensativa.

— E como ele ficou sabendo disso? — perguntou Mira, confusa.

De repente, Ravena limpou o sangue da boca e, com um sorriso ligeiramente sádico, disparou:

— A aparência dele pode ser horrível, mas o gosto... É bom.

Os soldados se entreolharam, assustados com o que viam.

— Que barrigão! — exclamou um deles, apontando para Ravena, cuja barriga estava inchada devido à refeição recente.

— Ainda tem muito do general. O instituto pode ficar com ele? — perguntou Aiko, voltando-se para Ravena.

— Eu não quero comer ghoul mais, não! — respondeu Ravena, cruzando os braços com firmeza.

Kay abriu os olhos lentamente e, em seu tom grave, falou no idioma dos ghouls:

— É uma pena ouvir isso, porque você ainda vai ter que comer.

Ravena bufou, respondendo no mesmo idioma:

— Mas eu não quero!

Kay levantou a cabeça e olhou diretamente para ela, sua presença imponente preenchendo o espaço ao redor.

— Eu vou te transformar em uma general. Me sirva.

Ravena, irritada, segurou Kay pela manga da camisa, puxando-o para perto.

— Te servir? Com quem você pensa que está falando? Eu sou sua mulher! — retrucou ela, ainda no idioma dos ghouls, o tom desafiador ecoando.

Os humanos assistiam à cena, trocando olhares preocupados e confusos.

Kay arqueou as sobrancelhas, como se ponderasse a afirmação.

— Isso é verdade? — perguntou ele, virando-se para o mini ghoul.

— Sim. Ela, essas duas aqui, aquelas outras duas ali... Tinha outra, mas ela foi morta por um monarca. — respondeu o mini ghoul, apontando para Aiko e Mira enquanto falava no idioma dos ghouls.

Kay estreitou os olhos e voltou-se para Ravena.

— Se quer estar ao meu lado, então fique mais forte. Me sirva.

O mini ghoul interveio, sua voz assumindo um tom quase cerimonial:

— Você está sendo escolhida. O monarca reconheceu seu valor. Se quer mais poder, aceite. Caso contrário, nunca poderá evoluir.

Ravena suspirou, derrotada.

— Droga... O que eu preciso fazer? — perguntou ela, relutante.

Kay, sem hesitar, cortou um de seus braços com precisão e estendeu-o para Ravena. Enquanto o braço se regenerava quase instantaneamente, ele se levantou, erguendo-se com imponência.

— Está mandando eu comer isso? — perguntou Ravena, o olhar fixo na carne diante dela.

O mini ghoul explicou, como se recitasse uma verdade antiga:

— Os monarcas têm a habilidade de evoluir ghouls ao dar uma parte de seu corpo para eles comerem. Isso só funciona se ambos aceitarem. Se o monarca forçar ou o ghoul comer sem permissão, nada acontecerá. Você precisa aceitar.

Kay, ignorando a tensão de Ravena, estendeu a mão para Emilia, ajudando-a a se levantar.

— Obrigado, humana. — disse ele, no idioma dos ghouls, enquanto fazia um cafuné rápido na cabeça dela, como uma retribuição.

O mini ghoul sorriu.

— Ele agradeceu!

— De nada! — respondeu Emilia, sorrindo amplamente.

Enquanto isso, Ravena encarava o braço cortado com hesitação, mas, por fim, virou-se de costas para os humanos. Lentamente, deu a primeira mordida. Assim que o gosto atingiu seu paladar, algo dentro dela despertou. Logo, mesmo cheia, ela devorava o braço com gosto, como se não houvesse amanhã.

Kay virou-se para o mini ghoul.

— Você tem um trabalho. Venha.

Ambos manifestaram asas, negras como a noite, que se abriram em um movimento poderoso.

— Espera! — gritou Mira, estendendo a mão para tentar alcançá-los.

Mas já era tarde. Com um único bater de asas, os dois desapareceram no horizonte, rápidos como um relâmpago.

— Eles são rápidos! — comentou Joana, com admiração e surpresa.

— Vão atrás deles! — ordenou Mira.

Os soldados manifestaram suas próprias asas e seguiram na direção que Kay e o mini ghoul haviam tomado. Enquanto isso, Ravena terminava de comer, lambendo o sangue que escorria pela boca. Ela tentou se levantar, mas, subitamente, caiu no chão, exausta.

— Eu também vou... — murmurou ela, antes de desmaiar.

Aiko aproximou-se, curiosa, e cutucou a barriga inchada de Ravena.

— Ela ficou com um barrigão... Tá engraçado! — disse ela, rindo.

Emilia continuava parada, sorrindo, seus olhos fixos na direção em que Kay havia partido.

— O que deu nela? — perguntou Mira, intrigada.

— Ela só está feliz. — respondeu Aiko, dando de ombros.

— Terra chamando Emilia! — brincou Mira, beliscando levemente o ombro da amiga.

— O quê? — exclamou Emilia, como se despertasse de um sonho.

— O quê? — respondeu Aiko, surpresa.

— O que foi? — perguntaram Emilia e Mira ao mesmo tempo, igualmente confusas.

Aiko franziu a testa, apontando para Ravena.

— A barriga dela diminuiu... Ou é impressão minha?

— A barriga dela nem cabe mais na camisa e você diz que diminuiu! — retrucou Emilia.

Nesse momento, Ravena respirou profundamente, e sua barriga parecia diminuir ligeiramente.

— É verdade! — exclamou Emilia, surpresa.

— Tá digerindo? — perguntou Mira, ainda encarando Ravena com curiosidade.

A cena muda.

— Por que pararam aqui? — exclamou Thais, olhando ao redor, confusa.

— Estamos em desvantagem numérica. — disse o mini ghoul, no idioma dos ghouls, seus olhos fixos no horizonte.

Kay permaneceu em silêncio por um instante, analisando a situação. Então, com a voz firme, respondeu:

— Não é problema. Avise os humanos para se afastarem.

O mini ghoul voltou-se para os soldados e, com um tom autoritário, gritou:

— Vão para trás ou serão pegos no ataque!

— Ataque? — exclamaram os soldados, trocando olhares enquanto encaravam o horizonte vazio.

Eles estavam em uma área aberta, o solo árido e silencioso, como se o próprio mundo prendesse a respiração.

— Se afastem! — repetiu o mini ghoul, desta vez mais severo.

Ainda confusos, mas obedientes, os humanos começaram a recuar.


Tip: You can use left, right, A and D keyboard keys to browse between chapters.