Poder Oeste de Westeros

Chapter 10: Uma Conversar Seria entre Famíliares



Arya e o Destino do Norte

Enquanto Eddard era levado rumo ao Norte, Jon utilizou seus próprios navios para garantir a segurança de Arya, enviando-a secretamente para Porto Branco. Ele sabia que ela estaria mais segura longe das intrigas de Porto Real.

Eddard, por sua vez, enviou uma carta urgente a Robb, ordenando-lhe que se curvasse ao Rei Joffrey. A mensagem era clara: evitar mais derramamento de sangue era prioridade.

Quando a mensagem chegou a Robb em Correrrio, ele ficou furioso. Sua honra e orgulho como Senhor do Norte estavam profundamente feridos. Mas, sendo uma ordem direta de seu pai, ele engoliu a raiva e obedeceu.

Robb em Porto Real

Robb navegou até Porto Real, onde Joffrey o recebeu com um sorriso arrogante. O jovem Stark se curvou, mas seu espírito independente do Norte estava em chamas. A humilhação era evidente, e Robb sabia que seus vassalos esperavam mais dele.

Ao retornar ao Norte, Robb percebeu que sua posição estava enfraquecida. O respeito de seus vassalos diminuiu, e murmúrios de insatisfação ecoavam pelos salões de Winterfell.

O Pacto com os Frey

Pressionado a reconstruir alianças e restaurar sua posição, Robb aceitou um contrato de casamento com Walder Frey, prometendo-se a uma das filhas de Lord Frey em troca de apoio político e econômico. Como parte do acordo, Arya, agora segura em Porto Branco, foi prometida a um dos filhos de Frey, fortalecendo ainda mais a aliança.

Arya no Quarto

O quarto de Arya estava mergulhado na escuridão. A única luz vinha da pequena janela, onde a neve começava a se acumular. Ela sentou-se no chão, as costas contra a cama, com os punhos cerrados de pura raiva. Quando ouviu as batidas na porta, ignorou.

— Arya, abra a porta! — a voz de Catelyn soou do outro lado.

Arya permaneceu imóvel, a mandíbula tensa.

— Arya Stark, abra esta porta agora! Eu sou sua mãe, e estou ordenando que você abra!

Com um suspiro pesado, Arya finalmente abriu a porta, encarando Catelyn com um olhar que cortava mais que uma lâmina.

— O que você quer, mãe? — disse ela, com sarcasmo amargo.

Catelyn hesitou, mas antes que pudesse responder, Arya continuou, sua voz carregada de ódio.

— Você me vendeu.

— Arya...

— Não! — interrompeu Arya. — Você me vendeu como se eu fosse uma mercadoria, para casar com um Frey qualquer, só para que Robb pudesse atravessar as Gêmeas!

A última palavra saiu como um grito.

— Eu te odeio! — cuspiu Arya, lágrimas queimando em seus olhos, embora não as deixasse cair. — Você me tirou a minha liberdade. Você destruiu tudo.

Catelyn tentou falar, mas Arya bateu a porta com força na cara dela.

Catelyn no Escritório de Robb

Ainda abalada pelas palavras de Arya, Catelyn caminhou até o escritório que antes fora de Eddard. O som do fogo crepitando na lareira preenchia o ambiente, enquanto Robb, de pé diante dela, olhava para as chamas.

— Filho... — disse ela, hesitante.

— O que você quer, mãe? — perguntou Robb, sem se virar. Sua voz era fria, distante.

— Eu... eu vim aqui para pedir desculpas pelos meus atos — disse Catelyn, a voz trêmula.

Robb se virou lentamente, os olhos azuis queimando com uma fúria que ela nunca tinha visto nele.

— Desculpas? — ele disse, com incredulidade na voz.

Catelyn tentou responder, mas Robb avançou, sua voz subindo de tom.

— Suas desculpas, mãe? Elas não valem nada!

Ele deu um passo em direção a ela, com as mãos fechadas em punhos.

— Meu pai está na Muralha, exilado, porque você sequestrou Tyrion Lannister e começou uma guerra!

Catelyn recuou, mas Robb não parou.

— Eu vou me casar com uma mulher Frey. Arya está prometida a um Frey. Tudo isso por causa do seu erro!

Ele bufou, passando uma mão pelos cabelos em frustração.

— Eu perdi o respeito dos meus vassalos. Eles me chamam de o Senhor que se ajoelhou! Comparado a mim, até Torrhen Stark parece um homem de honra!

Catelyn tentou intervir, mas Robb continuou, a raiva transbordando.

— Você trouxe vergonha ao meu nome, ao nome do Norte, ao nosso sangue! E para quê? Para satisfazer sua vingança cega contra os Lannisters?

Ele indicou para a porta.

— Arya me odeia por causa do que você fez. E eu não sou culpado.

Catelyn começou a chorar, mas ele não demonstrou piedade.

— E sabe o que é pior? Pelo menos Jon teve sorte. Ele nunca foi para a Muralha. Pelo menos ele escapou disso tudo.

As lágrimas de Catelyn cessaram, e ela ergueu o queixo.

— O bastardo precisa morrer — disse ela, firme.

Robb piscou, chocado.

— O quê?

— Jon é uma ameaça. Ele é filho ilegítimo do seu pai. Ele tem o nome Snow, e isso é suficiente para dividir o Norte.

Robb ficou em silêncio por um momento, mas então sua expressão endureceu.

— Jon nunca fez nada para me prejudicar. Ele nunca conspirou contra mim, ao contrário de você.

Ele deu um passo à frente, a voz baixa, mas cheia de desprezo.

— Mãe, você destruiu essa família. Não Jon. Você.

Catelyn ficou paralisada, as palavras de Robb cravando-se em seu coração como facas.

Ele se virou para a lareira novamente, deixando-a ali, sozinha, com o peso de sua culpa.

Catelyn Stark sentou-se no canto do quarto, as mãos apertando o colo, os olhos fixos na janela embaçada pela neve do lado de fora. O silêncio da noite parecia zombar de sua solidão, preenchendo o vazio que agora a cercava.

Sua mente estava inquieta.

"Roube uma odiava." As palavras dele ainda ecoavam em sua cabeça, cada sílaba como uma lâmina afiada: "Você destruiu esta família. Não Jon. Você."

Arya também a odiava. Aquele olhar cheio de desprezo, aquele tom ácido e cortante: "Você me vendeu como uma puta."

Catelyn sentiu os olhos queimando com lágrimas, mas não as deixou cair. O peso de suas decisões a esmagava, cada escolha um tijolo na parede que agora a isolava.

Ela se lembrava de Eddard. Ele estava na Muralha, carregando as consequências de seus atos. Se ao menos eu tivesse ouvido... Mas era tarde demais para arrependimentos.

Seus pensamentos voltaram ao início, ao momento em que sequestrou Tyrion Lannister. Na época, parecia a escolha certa. Ele era um Lannister, o símbolo de tudo que ela odiava. Ela pensou que estava protegendo sua família, mas agora via que havia apenas incendiado um barril de pólvora.

Os vassalos de seu pai a desprezavam por isso, e ela sabia que a culpa era dela. Robb, o garoto que um dia a olhou com tanto amor e confiança, agora a olhava como se fosse uma estranha.

"Eu fiz isso," pensou, o peito apertando. "Eu destruí minha família."

O quarto parecia menor, sufocante. Ela olhou para suas mãos, trêmulas, e se perguntou em que momento tudo desmoronou.

Catelyn sentiu uma onda de desespero. Não havia saída. Robb jamais a perdoaria. Arya jamais esqueceria. Até Sansa estava longe, como um peão nas mãos dos Lannisters. Sua família, que ela tanto amava, estava fragmentada.

— O que eu fiz? — sussurrou para o vazio, a voz rouca de dor.

O vento uivava lá fora, como se respondesse ao seu lamento. Mas dentro do quarto, a única resposta era o silêncio. E o peso insuportável da culpa.

Jon e o Lorde Comandante

Na vastidão gelada da Muralha, Jon Snow encontrou-se diante do Lorde Comandante Jeor Mormont, o velho urso, dentro da sala austera de comando. O fogo na lareira projetava sombras dançantes nas paredes de pedra, enquanto o vento do Norte rugia ao longe.

Jon segurava uma pequena bolsa de couro em uma das mãos, seu conteúdo tilintando discretamente.

— Lorde Comandante — começou Jon, sua voz firme, mas respeitosa. — Eu venho com uma proposta.

Mormont, sentado em sua cadeira de madeira robusta, fixou o olhar cansado em Jon. — Continue, rapaz.

Jon deu um passo à frente, segurando a bolsa à frente do corpo.

— Quero garantir a liberdade do meu tio, Meistre Aemon. Ele serviu à Patrulha durante toda a sua vida. Mais do que ninguém, ele merece paz nos seus últimos anos.

Mormont arqueou uma sobrancelha, uma desconfiança evidente em seu olhar.

— Aemon escolheu vir para cá. Ele aceitou os votos. Por que eu deveria libertá-lo agora?

Jon respirou fundo, mantendo o tom sereno.

— Porque eu posso garantir algo que a Patrulha da Noite precisa desesperadamente: recursos.

Ele abriu a bolsa, revelando o brilho dourado das moedas valirianas. O metal refletia o fogo da lareira, iluminando a sala com um brilho quente e sedutor.

— Com isso, o senhor poderá fortalecer dois castelos que estão abandonados. Restaurar as muralhas, as defesas, e trazer mais homens para a causa.

Mormont olhou para as moedas, depois para Jon.

— Isso é generoso, garoto, mas o que você ganha com isso? Aemon é um velho cego. Não é útil para mais ninguém além de nós.

Jon sustentou o olhar, a determinação evidente em seus olhos cinzentos.

— Ele é meu tio, Lorde Comandante. Ele é um Targaryen. Ele merece mais do que morrer no frio, esquecido.

O silêncio caiu sobre a sala, interrompido apenas pelo crepitar do fogo. Mormont inclinou-se para frente, as mãos entrelaçadas sob o queixo.

— E se eu aceitar sua oferta, como isso não parecerá um insulto à Patrulha? Liberar um homem de seus votos, ainda mais um Targaryen?

Jon sorriu levemente, um brilho de astúcia nos olhos.

— Não será liberado. Será um favor de um Comandante para outro homem leal. E ninguém mais precisa saber dos detalhes.

Mormont ficou em silêncio por mais alguns momentos, avaliando Jon. Ele sabia que o rapaz tinha um propósito maior. Talvez algo que ele não tivesse compartilhado totalmente. Mas as moedas poderiam salvar a Patrulha.

— Muito bem — disse Mormont, finalmente. — Aemon será liberado. Mas lembre-se, garoto, uma vez que você pisa fora da Muralha, não há mais volta.

Jon fez um aceno breve, o problema cruzando seu rosto.

— Obrigado, Lorde Comandante. Isso será lembrado.

Com isso, ele se virou, deixando a sala com passos firmes. No fundo de sua mente, ele sabia que era apenas mais um passo para garantir o futuro que estava moldando. Um futuro onde ele não seria mais manipulado por ninguémm.

O navio a vapor navegava silenciosamente sob a luz da lua, suas velas negras quase invisíveis contra o céu noturno. Jon estava na proa do navio, o vento frio acariciando seu rosto enquanto ele fixava o olhar no horizonte. Atrás dele, Rhaella, Meistre Aemon e Daenerys permaneciam em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos.

Daenerys finalmente quebrou o silêncio.

— Você tem certeza disso, Jon? Destruir a Cidadela é um ato irreversível.

Jon virou-se lentamente, seus olhos cinzentos brilhando com uma determinação gélida.

— Os Meistres não são apenas estudiosos. Eles conspiraram contra nossa casa por gerações, manipulando reis e senhores. Se quisermos um novo mundo, um mundo livre de suas correntes, a Cidadela deve cair.

Rhaella, com a postura ereta e o olhar distante, observava Jon atentamente.

— Você quer trazer fogo e sangue, Jon? — disse ela, sua voz calma, mas cheia de significado. — Essas palavras têm um preço.

— Estou disposto a pagá-lo — respondeu Jon, firme. — Pegaremos o conhecimento que nos é útil, o ouro do Banco de Vila Velha, os tesouros do Septo Estrelado. E depois, a Cidadela será apenas cinzas.

Meistre Aemon, o mais velho entre eles, balançou a cabeça, sua expressão refletindo tristeza.

— Queimar a Cidadela... isso nos tornará diferentes daqueles que nos traíram? Conhecimento é poder, Jon. Destruí-lo pode trazer mais escuridão do que você imagina.

Jon se ajoelhou para ficar à altura do tio.

— Tio, você trabalhou com eles por décadas. Sabe melhor do que ninguém como manipulam os reinos. Westeros precisa ser libertado. Se for necessário deixar um rastro de fogo, que assim seja.

Daenerys cruzou os braços, confortável com o plano, mas ciente de sua necessidade estratégica.

— Não gosto disso, mas concordo que os Meistres têm poder demais. Eles guardam segredos que deveriam ser de todos.

Rhaella deu um passo à frente, o olhar firme.

— Então faremos isso rápido e sem alarde. Pegamos o que é necessário e desaparecemos antes que o mundo saiba o que aconteceu.

Jon assentiu, sua determinação inabalável.

— Assim será.

Na Cidadela

A noite estava calma quando o pequeno grupo de homens mascarados desembarcou nas docas de Vila Velha. Movendo-se com precisão, infiltraram-se na Cidadela. Enquanto Daenerys e Rhaella supervisionavam o carregamento dos livros e tesouros, Jon caminhava pelos corredores de pedra com um pequeno frasco de óleo nas mãos.

Ele parou em uma das enormes bibliotecas, com prateleiras forradas de tomos antigos. Hesitou por um momento, lembrando-se das palavras de Meistre Aemon: "Conhecimento é poder."

Mas sua mente logo se voltou para as conspirações que aqueles livros continham, para os segredos que os Meistres guardavam para manter o Norte fraco e os Targaryens mortos.

— Poder é o que fazemos dele — murmurou Jon para si mesmo.

Ele derramou o óleo ao longo das prateleiras, cada gota alimentando o incêndio que planejava iniciar.

Quando as primeiras chamas começaram a dançar nos corredores, Jon saiu calmamente. O céu começava a se iluminar com o brilho do fogo quando o grupo embarcou de volta em seu navio.

Rhaella, ao lado de Jon, olhou para trás, vendo a fumaça subir contra o céu noturno.

— O mundo mudou esta noite — disse ela, sua voz pesada com emoção.

Jon apenas assentiu, seu olhar fixo no horizonte.

— E continuará mudando.

A Cidadela queimava, suas torres desmoronando, enquanto o navio desaparecia nas águas escuras. Atrás deles, o conhecimento dos Meistres era consumido pelas chamas, e diante deles, Westeros aguardava um futuro moldado pelo fogo e pelo sangue.

Rhaella olhou para Jon, surpresa com a frieza de suas palavras. O brilho do fogo que ainda consumia a Cidadela refletia em seus olhos, mas sua expressão permanecia indecifrável.

— Você quer moldar o mundo em chamas, Jon? — perguntou ela, com um toque de melancolia. — Os Sete Reinos livres... ao custo de mais destruição?

Jon virou-se para ela, seus olhos profundos e determinados como o mar ao redor do navio.

— Liberdade exige sacrifícios, avó. A Fortaleza Vermelha e o Grande Septo representam tudo o que aprisiona este continente: corrupção, intriga e falsas esperanças. Se quisermos um novo começo, precisamos destruir o velho.

Rhaella respirou fundo, segurando o parapeito do navio enquanto o vento aumentava.

— E você acha que podemos reconstruir algo sólido sobre as cinzas? Ou restará apenas o caos, como você teme?

Jon sorriu de canto, aproximando-se dela.

— O caos é uma escada. Cada reino pode se reerguer à sua maneira. E nós... seremos os guias.

Rhaella: — E quanto ao casamento? É isso que significa para você? Uma jogada para preservar nosso sangue, um gesto frio para consolidar o poder?

Jon a encarou antes de responder, sua voz baixa mas firme.

— Não sou cego, avó. Vejo o peso em seus olhos quando falamos disso. Mas sei que é necessário. Nosso sangue é nossa força. Se nossa união for o preço para assegurar um legado eterno para os Targaryen, estou disposto a pagá-lo.

Rhaella fechou os olhos por um instante, absorvendo as palavras. Quando os abriu, uma determinação semelhante brilhava em seu olhar.

— Se você acredita nisso, Jon, então terá minha lealdade. Mas saiba que sua avó não é uma marionete. Caminharei ao seu lado porque acredito em você... mas não sem questionar quando necessário.

Jon assentiu, respeitoso.

— Esperaria nada menos de você, Rhaella. Agora, Porto Real nos aguarda.

O navio continuou sua jornada pelas águas escuras, e a cidade distante, com sua famosa Fortaleza Vermelha, começava a surgir no horizonte. O plano de Jon era ousado e destrutivo, mas carregado de um ideal que só ele compreendia completamente.

Rhaella, ao lado dele, olhou para a terra que se aproximava. Apesar das dúvidas, havia algo fascinante na convicção de Jon — uma força que ela não via em Westeros desde os dias de Aegon, o Conquistador.

O futuro seria moldado no fogo e no sangue... mas quem realmente comandaria as chamas?

Aemon, que permanecia em silêncio enquanto observava as águas agitadas, ergueu os olhos, sua sabedoria refletida em sua expressão cansada.

— Jon, a vingança é um fogo insaciável. Você diz que não liga para os Sete Reinos, mas e quanto ao que virá depois? O que você deixará além das cinzas?

Jon virou-se para o homem mais velho, o olhar afiado como uma lâmina.

— Depois? Eles recomeçam, tio-avô. Recomeçam sem as correntes do passado, sem os falsos reis e a falsa paz. Que Westeros queime até que só reste caos e morte! Não é por eles que faço isso. É por nós. Por você, que foi obrigado a renunciar ao trono. Por minha mãe, que foi perseguida até a morte. Por meu pai, que morreu em Harrenhal. E por todos os outros que os Sete Reinos destruíram!

Aemon suspirou, seus olhos fitando o colar no pescoço de Jon, onde se encontravam os segredos da Cidadela.

— E acha que essa vingança trará justiça? Ou você apenas trocará uma tirania por outra?

Jon não respondeu imediatamente. Ele olhou para o horizonte, onde a silhueta de Porto Real já se formava. Quando falou, sua voz era fria, mas carregada de emoção contida.

— Não me importa justiça, Aemon. Justiça não trouxe minha família de volta. Se o caos for o preço, então que seja pago em sangue. Eu tomarei Porto Real e deixarei o mundo testemunhar o verdadeiro poder de um Targaryen.

Daenerys, que observava a conversa, deu um passo à frente, seus olhos fixos nos de Jon.

— E depois disso? Se minha mãe se casar com você para consolidar nosso sangue... o que será de mim? De nós?

Jon virou-se para ela, e pela primeira vez, um sorriso quase gentil tocou seus lábios.

— Você será minha, Daenerys. Nós três — minha avó, você e eu — seremos as três cabeças do dragão. Como Aegon e suas irmãs, seremos o pilar de um novo mundo. Não haverá espaço para divisões. Seremos um só fogo, um só propósito.

Daenerys o encarou, surpresa pela clareza e intensidade de sua resposta. Ela não sabia se aquilo era coragem ou loucura, mas algo em Jon era magnético, impossível de ignorar.

Aemon balançou a cabeça lentamente, seu tom grave.

— Você acredita estar seguindo os passos de Aegon, mas Aegon conquistou para unir, não para destruir. Você busca queimar, Jon, e isso... isso não é o caminho de um rei. É o caminho de um tirano.

Jon se aproximou de Aemon, seu olhar faiscando.

— Talvez eu seja um tirano, tio. Mas tirano ou não, eu serei o dragão que eles não podem ignorar.

Rhaella, que ouvia tudo em silêncio, finalmente interveio, sua voz cortante.

— Você fala de destruição como se fosse um ato de redenção, Jon, mas a verdade é que o caos que você tanto quer liberar também vai nos consumir. Você acha que seremos imunes às chamas que você pretende espalhar?

Jon se voltou para ela, sua expressão suavizando por um breve momento.

— Eu protegerei vocês, avó. Não deixarei que nada aconteça conosco. Somos a Casa Targaryen, e nosso destino é comandar, não ser comandados. Quem não entender isso... verá o fogo de um dragão pela última vez.

O navio seguia seu curso, Porto Real cada vez mais próximo. A tensão era palpável no convés. Para Jon, a decisão já estava tomada. Mas para os outros, cada palavra parecia um passo mais fundo no abismo que ele estava criando.

O navio de Jon finalmente chegou ao porto de Porto Real, o som das âncoras se batendo contra a água ecoando nas ruas vazias. À medida que o navio se aproximava, Jon usou sua magia de ilusão para transformar a imponente embarcação de ferro e aço em algo mais simples, como um navio de madeira, escondendo sua verdadeira natureza dos olhos curiosos que espreitavam da costa.

Assim que o navio tocou o porto, Jon, acompanhado de Rhaella e Daenerys, desceu a bordo e fez seu caminho em direção à Fortaleza Vermelha, evitando os caminhos mais óbvios. A passagem secreta de Rei Maegor ainda estava intacta, e Jon se aproveitou dela para entrar sem ser visto.

No coração da Fortaleza, na sala do Trono de Ferro, Jon se materializou de uma das paredes, usando sua magia para atravessar a estrutura e aparecer no centro da sala. Seus olhos brilharam ao se fixarem no trono, símbolo do poder e da corrupção dos Sete Reinos. Ele se movia lentamente, suas mãos tocando o metal frio, mas seu olhar estava distante. Não era o trono em si que o atraía, mas o que ele representava.

Jon se afastou do trono e caminhou pelos corredores da Fortaleza até o quarto do jovem Joffrey Baratheon. Quando entrou, usou mais uma vez sua magia, invadindo a mente do príncipe com uma facilidade assustadora. Ele se conectou aos pensamentos de Joffrey, manipulando seus desejos e emoções para que seguisse sua vontade.

No dia seguinte, o cenário estava preparado. O Rei Joffrey anunciou um banquete no Fosso dos Dragões, um evento para a nobreza e membros do pequeno conselho. Todos estiveram presentes, incluindo o Grande Meistre Pycelle, Petyr Baelish — o Mestre da Moeda —, Varys, o Mestre dos Sussurradores, e o Alto Septão.

O banquete começou, e todos estavam concentrados nas festividades, completamente alheios ao que estava prestes a acontecer. Jon, através da mente de Joffrey, sabia que o momento de agir havia chegado. Ele se posicionou em um local discreto, concentrando-se na energia ao seu redor. Sentiu a magia do fogo fluindo em suas mãos, prestes a ser lançado sobre a Fortaleza Vermelha e o Grande Septo de Baelor.

Com um gesto sutil, Jon usou sua magia de ilusão para esconder sua intenção. Nenhum olhar poderia detectá-lo. Em seguida, ele canalizou uma poderosa magia de fogo e lançou-a com precisão nas duas grandes estruturas. Uma explosão devastadora irrompeu no ar, e em um instante, as chamas se espalharam, consumindo as paredes da Fortaleza Vermelha e o Grande Septo de Baelor em um mar de destruição.

A terra tremeu com a força da explosão, e uma onda de calor e fumaça subiu para o céu, enquanto os ecos da destruição reverberavam por toda a cidade. O banquete no Fosso dos Dragões ficou em silêncio, os convidados estupefatos com o que acabaram de testemunhar.

O fogo era incontrolável agora, e Jon, com um olhar satisfeito, sabia que aquele era apenas o começo de sua nova era para Westeros. A destruição era sua assinatura, e o caos que ele havia criado seria o solo fértil para o que viria a seguir.

A destruição da Fortaleza Vermelha e do Grande Septo de Baelor mergulhou Porto Real em um caos absoluto. As chamas ainda consumiam a cidade, e os gritos de desespero ecoavam pelas ruas. No entanto, em meio ao tumulto, Jon mantinha o foco em seus objetivos.

Sansa Stark havia sido resgatada por Jon e enviada ao Norte com um dos poucos sobreviventes da destruição. O navio que a levaria para a segurança a aguardava, longe das ruínas da capital.

Enquanto o caos se desenrolava, Vayon Poole, refugiado nas favelas, recebeu a chocante notícia de que sua filha, Jeyne Poole, dada como morta, estava viva e aprisionada por Petyr Baelish. Enfurecido e desesperado, Vayon decidiu aproveitar a confusão para resgatar sua filha.

Jon, ciente dos próprios planos, encontrou Vayon e, juntos, atravessaram as ruínas até o prédio onde Jeyne estava mantida. A porta estava trancada, mas Jon, usando sua magia, entrou com facilidade. Ao ver o pai, Jeyne correu para Vayon, um brilho de esperança em seus olhos.

— Jon, eu… eu não sei como agradecer! — exclamou Vayon, emocionado.

— Minha dívida com a Casa Stark está paga, Vayon. Mas o tempo dos Targaryen em Westeros terminou. — Jon fez uma pausa, seu olhar determinado. — Quando chegarem ao Norte, peça a Robb que convoque seus vassalos e revele a verdade sobre meus pais. Eles precisam saber.

Vayon, confuso, perguntou: — A verdade? Você não vai mais lutar por Westeros?

Jon balançou a cabeça. — Não. O que importa agora é a verdade e que o sangue de Rhaegar Targaryen e Lyanna Stark seja reconhecido.

Ele olhou para o horizonte. — Eu não sou o rei de Westeros, mas meu nome e a verdade sobre meus pais precisam ser conhecidos.

Vayon, ainda segurando Jeyne, indagou: — Você tem um plano, Jon? Para onde vamos?

— Já temos um navio nos esperando. Estou indo para o Norte. É lá que tudo começa.

Enquanto a pequena família de Vayon se preparava para partir, o futuro de Westeros permanecia incerto. Jon buscava a verdade, a vingança e a paz, não para si, mas para aqueles esquecidos e traídos ao longo das gerações.

À medida que a noite caía sobre Porto Real, onde a cidade ainda fumegava das explosões, a agitação começava a se dissipar. Sansa havia partido, e Vayon e Jeyne navegavam em direção ao Porto Branco, longe da guerra.

A bordo de seu navio, Vayon olhou para o mar, sua mente processando os eventos recentes. Jeyne estava ao seu lado, ainda em choque, mas agora segura em seus braços. O futuro parecia mais promissor do que qualquer coisa que haviam conhecido na capital.

— Jon, não sei como agradecer. Você salvou minha filha, me deu mais do que jamais imaginei — disse Vayon, admirado.

Jon respondeu, os olhos frios, mas compreensivos. — Você não precisa me agradecer. A dívida com a Casa Stark já foi paga. O que importa é que sigam em frente. Westeros está queimando. Agora é hora de focar no futuro.

Vayon assentiu, tomado pela emoção. — Você tem razão. O futuro agora é sobre o que vem a seguir. Se um dia nos encontrarmos novamente, Jon, sempre teremos sua gratidão.

Jon sorriu levemente. — Apenas viva bem, Vayon. E quando chegarem ao Porto Branco, se precisarem de algo, podem me chamar. Estou indo embora de Westeros, mas você ainda tem uma chance de recomeçar.

Com um aceno silencioso, Jon olhou novamente para o horizonte. Ele havia deixado Westeros para trás, mas não sem deixar um valor para aqueles que lutavam por um futuro incerto. Enquanto Vayon e Jeyne navegavam, Jon se preparava para seguir seu próprio caminho, longe das guerras, mentiras e traições que haviam moldado sua vida.

A jornada de Jon estava longe de terminar. Havia muitos lugares a explorar e histórias a descobrir. Ele sabia que a paz que buscava teria que ser construída com esforço e determinação. Com o espírito resiliente que o mantivera vivo, Jon se preparou para enfrentar os desafios que viriam.

E assim, com os ventos a seu favor, Jon Snow se afastou da costa, em direção a um novo começo, onde o passado não o definiria mais. O futuro, agora, era seu para moldar.

Em Porto Real, a tensão se transformou em caos absoluto. As chamas subiam ao céu, tingindo-o de um tom laranja ameaçador. A cidade, marcada pela intriga e lutas pelo poder, estava à beira do colapso. A Fortaleza Vermelha e o Grande Septo de Baelor eram agora ruínas, e a destruição deixava o povo em estado de pânico.

As facções lutavam nas ruas, e a ausência de liderança deixava a cidade sem rumo. O Trono de Ferro, símbolo supremo de poder, era agora apenas uma lembrança distante, e aqueles que restavam enfrentavam uma luta desesperada pela sobrevivência.

Porto Real se tornou um inferno na terra, onde a sobrevivência era a única lei que ainda valia.

No Grande Salão de Winterfell, Robb Stark estava reunido com seus vassalos, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. A tensão era palpável enquanto Vayon Poole se preparava para relatar os eventos devastadores em Porto Real.

— Meu lord, venho contar a verdade sobre a destruição da Fortaleza Vermelha. Foi Sansa quem nos traiu! Ela avisou a seus aliados que Eddard Stark estava prestes a deixar Porto Real.

O murmúrio se espalhou entre os vassalos. Robb, surpreso e preocupado, fixou o olhar em Vayon.

— Graças a essa traição, muitos homens do Norte morreram na Sala do Trono — continuou Vayon, cheio de raiva.

Catelyn Stark não conseguiu conter a indignação. — Não ouse insultar minha filha! Sansa foi uma vítima das circunstâncias!

— Eu ouse sim, Lady Catelyn! Por culpa de Sansa, minha Jeyne foi forçada a viver em um bordel. Muitos homens do Norte morreram por culpa dela!

O Grande Salão ficou em silêncio, e os olhares se voltaram para Vayon. A tensão era palpável.

Lord Wyman Manderly falou, sua voz pragmática. — Se Sansa traiu os Stark, isso muda tudo. Precisamos pensar nas consequências.

Greatjon Umber, conhecido por sua bravura, fez uma expressão severa. — Se Sansa é uma traidora, o que devemos fazer com ela? A lealdade deve ser recompensada, e a traição, punida.

Catelyn interveio. — Sansa é minha filha! Precisamos resgatá-la, não condená-la!

Lord Karstark olhou para Robb. — O que você decidiu, Lord Robb? Sua irmã nos traiu, e isso pode enfraquecer nossa posição.

Robb, sentindo a pressão, falou. — Precisamos de mais informações. Não podemos agir impulsivamente. Se Sansa realmente traiu, devemos entender suas motivações antes de decidir seu destino.

Howland Reed interveio. — O Norte precisa de união agora. Se Sansa errou, precisamos trazê-la de volta e entender por que.

Os vassalos conversaram entre si, e Robb sentiu a pressão aumentar. A batalha entre a lealdade à família e a necessidade de justiça estava prestes a se intensificarrr.


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