Chapter 17: The inverted tower
Satsu retornou ao hospital onde Hana ainda estava inconsciente, sua vida sustentada apenas pelas máquinas que respiravam por ela.
Ele entrou silenciosamente, como se temesse que qualquer som pudesse quebrar a frágil barreira entre a vida e a morte que a mantinha ali. Cada passo em direção à cabeceira dela era pesado, como se o ar ao redor dela fosse denso de culpa e dor.
Lágrimas pressionaram seus olhos, mas ele as conteve, engolindo o nó na garganta. As memórias daquele dia retornaram como facas, mas dessa vez, Satsu sentiu algo além da dor: uma determinação fria e implacável. Ele não permitiria que isso acontecesse novamente. Nunca mais.
Enquanto observava Hana, seu rosto pálido e sereno sob a luz fraca do quarto, Yumi começou carregando um café, distraidamente, sem perceber sua presença. Quando seus olhos se encontraram, ela pulou, quase derrubando a xícara.
— Satsu! — ela falou, sua voz misturando intervalo e alegria, enquanto se jogava em seus braços com uma força que o surpreendeu.
— Ei, Yumi, você é mais forte do que parece — ele disse, tentando manter o tom leve, mas sua voz falhou por um momento, treinando a emoção que ele tentou esconder.
— Você não saiu do lado dela por um único dia, saiu? — Satsu perguntou, afastando-se o suficiente para olhar em seus olhos, como se procurasse alguma resposta que ele não pudesse dar.
— Sim... eu... eu ainda estou tentando curar-la... mas... — as palavras morreram em sua boca, e as lágrimas que ele tanto perdeu para conter finalmente caiu, escorrendo pelo seu rosto como uma admissão silenciosa de sua impotência.
— Yumi... nada do que aconteceu é culpa sua — ele disse, sua voz rouca, cheia de uma dor que parecia infinita.
— Você é uma curandeira que vai além de nossas feridas... você cura nossas almas. Eu sei que não posso voltar... mas... eu juro que nunca mais deixarei nenhum de nós morrer.
Aquela promessa ecoou no coração de Yumi como um raio de luz na escuridão. Ela sentiu um tremor em suas mãos, mas também uma centelha de esperança que não sentia há muito tempo.
Satsu não estava falando apenas de Hana; ele estava falando de todos eles. Sobre tudo o que eles tinham perdido.
— Yumi, eu preciso que você seja ativa em nossa guilda novamente — ele continuou, sua voz firme, mas cheia de um pedido que ia além das palavras.
— Como, Satsu? Olha... todos se foram... — Yumi respondeu, sua voz quase um sussurro, enquanto desviava o olhar para o chão, como se não pudesse suportar o peso daquela realidade.
— Yumi, as pessoas precisam de nós... Eu não conheço mais ninguém que possa me ajudar... Se ficarmos aqui, nunca encontraremos uma maneira de trazer Hana de volta. Precisamos encontrar maneiras... Eu... Eu não sei... Talvez se ganharmos mais influência...
— Satsu... Não — Yumi interrompeu, sua voz séria, mas ainda suave, como se estivesse lutando contra suas próprias dúvidas.
Satsu não insistiu. Ele simplesmente abaixou a cabeça, curvou-se levemente e saiu do quarto, deixando Yumi com seus pensamentos e o pesado silêncio do hospital.
Caminhando pelas ruas movimentadas de Tóquio, Satsu se sentia perdido em um mar de pensamentos. Sua mente era um turbilhão de preocupações e perguntas.
— Como ficarei mais forte? Como poderei ajudar Hana? Com as asas de ébano dissolvidas... Soraoka estará à mercê de bandidos... — sua mente não parava, cada pensamento mais angustiante que o anterior.
Ele entrou em um beco escuro, buscando escapar da agitação da cidade e da multidão que parecia sufocá-lo. Ali, naquela calmaria sombria, ele esperava encontrar alguma resposta, algum sinal de que estava no caminho certo.
Foi então que uma notificação de Impetus surgiu diante de seus olhos, brilhando em um tom azulado:
[Missão Especial – Você gostaria de aceitar?]
Recompensas:
• Recursos
• Família
• Subidas de nível
— O quê? Só isso? Nem dá detalhes sobre nada! O que diabos é "família"? Que tipo de recursos? — ele murmurou, confuso e desconfiado.
A notificação persistiu, brilhando mais forte:
[Você deseja aceitar?]
Com um rosnado frustrado, Satsu respondeu — Sim.
Imediatamente, uma onda de mana envolveu seu corpo, e um portal se abriu bem na sua frente. Ele olhou para o portal, perplexo.
— Humanos não conseguem passar por portais...
Antes que ele pudesse processar o que estava acontecendo, o portal se moveu em sua direção, engolindo-o em um instante. O portal se fechou atrás dele, deixando o beco vazio e silencioso.
[Entrando em Vhalzaryfh] — Impetus anunciou.
Um estrondo alto ecoou quando Satsu chegou ao novo local. Ele mal teve tempo de se orientar antes que uma pressão avassaladora o atingisse, como se um trator estivesse esmagando seu corpo. Ele caiu no chão, incapaz de respirar, sentindo o peso da densa magia do lugar.
[Alerta: Recalculando zonas menos densas] — Impetus anunciou.
De repente, Satsu foi transportado para outro local dentro de Vhalzaryfh. A pressão diminuiu, e ele conseguiu respirar novamente, ofegante e suando frio.
[Aviso: Impetus direcionará a carga mágica para longe do usuário] — informou o sistema.
Satsu levantou-se lentamente, ainda tremendo, e olhou ao redor. Estava em uma área árida, semelhante a um deserto egípcio, com areia dourada e um céu incrivelmente limpo.
No horizonte, no entanto, havia algo que lhe chamou a atenção: uma torre. Mas não era uma torre comum. Era uma torre invertida, com o pico cravado no chão e a base apontando para o céu.
[Domine a torre] — notificou Impetus.
Satsu riu sarcasticamente, tentando disfarçar o medo que sentia.
— Sério? Você me traz aqui sem explicação e diz ''domine a torre?'' — disse ele, imitando a voz robótica do sistema com desdém.
Olhou para a torre, sentindo-se pequeno e insignificante diante daquela estrutura imponente. Mas então pensou:
— Parece que não tenho escolha...
Satsu entrou na torre, notando que, em vez de subir, começou a descer. Cada degrau que descia era acompanhado por um silêncio pesado, quebrado apenas pelo som metálico de suas manoplas balançando contra the wall.
Ele pegou uma tocha que estava pendurada na parede, e a chama bruxuleante iluminou seu caminho, projetando sombras estranhas nas paredes da torre.
Foi então que ele os viu: Fenarys. Lobos mágicos, conhecidos por sua ferocidade e capacidade de desmembrar qualquer ser humano em segundos.
— Droga! Tem Fenarys aqui! — pensou, escondendo-se rapidamente atrás de um pilar.
Os lobos pareciam estar ocupados comendo algum animal desconhecido. No entanto, um deles levantou o focinho, farejando o ar. Seus olhos brilharam com uma luz ameaçadora, e ele começou a rosnar para Satsu. Os outros dois lobos logo se juntaram, formando um trio mortal.
— Droga, tenho certeza de que sabem que estou aqui. Não tenho escolha... Vou ter que lutar! — Satsu pensou, preparando-se para o confronto inevitável. Seu coração batia rápido, mas ele sabia que não podia recuar. Hana, Yumi, Soraoka... todas dependiam dele. Ele não podia falhar. Não agora.
Satsu fechou os olhos com força, a lembrança de sua infância invadindo sua mente como um clarão de luz em meio ao caos. Ele conseguia se ver, quando criança, vasculhando montanhas de lixo com sua mãe, separando restos sob um sol escaldante.
Em seus intervalos, ele mergulhava em velhas e rasgadas enciclopédias sobre monstros, devorando cada página como se fossem mapas para um mundo além daquele beco imundo.
Agora, aquelas mesmas criaturas das páginas amareladas estavam diante dele, prontas para despedaçá-lo. A nuca.
A fraqueza dos Fenarys. As informações que antes salvaram sua imaginação infantil agora poderiam salvar sua vida. Os lobos avançaram, saliva pingando de suas presas afiadas. Três contra um. Satsu sentiu o suor escorrer pelo rosto, mas sua voz era firme, cheia de fúria contida:
— Ative Dark Step e Catalyst of Ruin.
[Ativando] — Impetus respondeu, enquanto uma aura envolvia seu corpo. Seus pés se moviam como vento, silenciosos e mortais.
Em um instante, ele estava atrás do primeiro lobo, suas mãos tremendo não de medo, mas de ódio, ele queria descontar sua raiva reprimida em algo. Por seus amigos perdidos, por Hana, por cada risada perdida da guilda, por cada noite que ele dormiu no chão do hospital esperando Hana acordar.
O golpe na parte de trás de sua cabeça foi tão brutal que Fenarys se desintegrou em prismas mágicos, como vidro quebrado.
— Isso faz dois.
Com o ataque, o passo sombrio se desfez, revelando sua posição. O segundo lobo atacou antes que ele pudesse respirar. As mandíbulas se fecham em suas mãos com um estelo metálico que ecoou pela torre.
Satsu transmitiu de dor quando o metal se deformou sob seus dedos, instruções sua carne.
[Alerta: Danos estruturais identificados no equipamento] — alertou Impetus, mas ele riu, uma risada sarcástica e desesperada:
— Sério? Foi você quem me colocou aqui!
Com um rugido que saiu de suas entradas, ele preparou seu braço para trás e desferiu um soco que jogou o lobo fortemente contra a parede.
TROOMM — era o som do lobo sendo arremessado.
A criatura uivou, mas Satsu já estava se movendo, suas botas brilhando com magia:
— Impulso de relâmpago!
O mundo ficou turvo. Em um piscar de olhos, ele apareceu atrás da segunda fera, suas mãos prontas para socar. O golpe na nuca foi tão preciso que Fenarys nem viu onde foi atingido, prismas mágicos em todos os lados iluminaram brevemente seu rosto marcado pelo sangue das criaturas.
— Ótimo!
[Aviso: faltam 2 minutos para o fim da habilidade.]
O último lobo não esperou. Seu uivo ecoou como um trovão, e ele liberou uma habilidade que invejoso gelo serpenteando pelas pernas de Satsu, prendendo-o no chão. A dor foi aguda.
— Chega... Vou usar toda a minha força no próximo golpe.
Fenarys saltou, garras estendidas mirando seu peito. Satsu juntou as mãos, entrelaçando os dedos, e com um grito que saiu de sua garganta, ela atingiu os crânios da criatura com toda a sua força restante.
O som de ossos triturando encheu o ar, seguido por um silêncio arrependido.
[Habilidade esgotada.]
Satsu caiu no chão, respirando freneticamente, seu corpo tremendo. O frio do gelo ainda queimava suas pernas, mas ele brilhava, um sorriso torto e amargo.
— Droga... Acho que vou descansar aqui por um tempo...
[Você levantou de nível.]
Ele levantou a mão fracamente, como se pudesse afastar a voz mecânica.
— Ok... Ok... Agora cale a boca e me deixe descansar.
E ele ficou ali, até, até recuperar suas forças.