Chapter 12: The burden of survival
O som das cigarras ecoava ao longe, o vento soprava entre as folhas das árvores, criando um ritmo suave, como palmas distantes em um teatro vazio. Era um lugar de descanso, de paz aparente. Mas para Satsu, aquele silêncio era apenas uma máscara cobrindo as emoções que ferviam em seu peito. Ele acordou de um sono profundo, desorientado, os olhos pesados e a visão turva. A luz do sol filtrando pelas cortinas brancas da enfermaria o atingiu como um golpe, ele piscou várias vezes, tentando se adaptar ao ambiente. A sede da Irmandade. Ele estava de volta. Mas como? E por quê? "O q... o que aconteceu? Onde estou? Quem são vocês?" Sua voz saiu rouca. Um dos enfermeiros, um homem de meia-idade com olhos cansados e um jaleco branco manchado, se aproximou dele. Seu rosto estava sério, mas havia uma centelha de admiração em seu olhar. "Ei, você realmente é um cara de sorte." Ele tinha alguns ferimentos sérios, mas sobreviver a uma missão dessa magnitude... é uma grande conquista. — O enfermeiro cruzou os braços, observando Satsu com respeito.
Satsu não se importava com as palavras do homem. Seu corpo doía, sim, mas era uma dor superficial, quase insignificante comparada ao vazio que sentia no peito. Ele olhou ao redor desesperadamente, como se esperasse encontrar respostas nas paredes verdes da enfermaria.
"O q... onde estão meus amigos?" Sua voz falhou, e ele sentiu um nó se formar na garganta. A pergunta saiu como um gemido, cheia de um medo que ele não queria admitir.
O enfermeiro hesitou, seus olhos se movendo por um momento antes de retornar aos de Satsu.
"Você precisa descansar. Seu corpo ainda está se recuperando." A voz do homem era suave, quase paternal, mas Satsu não queria conforto. Ele queria respostas.
"Como eu cheguei aqui? A caverna... eu... eu estava lá... como..." Satsu tentou se levantar, mas suas pernas cederam, e ele quase caiu da cama. O enfermeiro o segurou firmemente, evitando que ele se machucasse.
"Fique calmo. A Irmandade foi notificada daquela missão..." o enfermeiro fez uma pausa, como se escolhesse as palavras com cuidado, "e enviou uma equipe de elite. Mais de seis S-Rank. Eles resgataram você e..." ele não terminou a frase, mas o silêncio que se seguiu foi mais do que suficiente para qualquer palavra.
Satsu sentiu o chão desaparecer sob seus pés, mesmo estando sentado na cama. Seu coração disparou, e uma onda de frio o atingiu, como se o mundo inteiro tivesse parado por um instante. Seus amigos... Eles estavam lá.
"Meus amigos..." sua voz era um fio, quase inaudível, mas cheia de uma dor tão profunda que parecia rasgar o ar ao seu redor.
O enfermeiro não respondeu. Ele não precisava. A expressão em seu rosto era resposta suficiente.
Satsu sentiu uma onda de raiva e desespero tomar conta dele. Ele bateu no colchão com força, seus punhos cerrados tremendo de desamparo.
— Não... não pode ser... — suas palavras eram um sussurro rouco, mas logo se transformaram em um grito abafado. — Não podem ter...!
Ele se levantou de repente, ignorando a dor que latejava em seu corpo. A enfermeira tentou segurá-lo, mas Satsu o empurrou com força.
— Sai da minha frente! Eu... eu preciso... — sua voz falhou novamente, e ele cambaleou em direção à porta, cada passo uma luta contra a fraqueza que insistia em derrubá-lo.
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Satsu mal conseguiu dar mais dois passos antes que suas pernas cedessem. Ele caiu de joelhos, o mundo girando ao seu redor. Sua visão escureceu, e a última coisa que ouviu foi sua própria voz, fraca e distante, sussurrando uma única palavra antes que a escuridão o engolisse novamente.
— Droga...